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Mensagem: A bela foto é de uma cidade que não quer ser esquecida. <br>Resiste, subsiste, debaixo da outra, empavonada sobre o seu corpo crucificado, para ficar na imagem irresistível do poeta. Porque tem filhos, e os seus filhos lutam por ela, a cidade reluta, espalmando história, passado, costumes e cultura. É uma civilização à parte, limpa, que merece viver e pede para viver, porque soube juntar bravura e ternura num mesmo coração. Mas, até quando ? <br><br>O progresso que visita a cidade, às vezes em trajes enganosos, muita vez não merece o nome, pois arrasta a qualidade de vida do seus filhos para baixo, em forma de violência, de barulho, de desemprego, de má conduta dos políticos, de desigualdade – entre outras coisas, pois a lista é longa.<br><br>Mas a cidade – uma civilização de 250 anos, resiste. <br><br>Como “o ouro e a prata”, prova-se pelo fogo. <br>Certifica-se pela humilhação dos filhos queridos, os que a abraçam, e que com ela seguirão à pira levantada pelos incendiários de sua história.<br><br>Nesta foto, o essencial de Montes Claros ressurge através de um dos seus símbolos. A avenida Coronel Prates. A avenida da Estrela. A Avenida do Jatobá. A avenida da Fábrica – a mais simbólica de todas as avenidas, que acaba de ser mutilada, em nome de certo tipo de progresso, que não olha nos olhos.<br>. <br>O cenário da foto é o comecinho dos anos 60. <br><br>O paralelepípedo está novo em folha. A grama é o relvado inaugural do jardim modelado pelo prefeito Simeão Ribeiro Pires. As tipuanas exibem o viço da primeira juventude. As touceiras de Caetés, “arrebentando em flores, em tão lindas cores, quem as fez assim?”, aguardam os meninos que virão pelo começo da noite falar com elas, e com as estrelas – num tempo em que as crianças, mais felizes, brincavam livremente na porta de suas casas, na rua, na praça, na vida.<br>. <br>O triciclo estacionado, repare, é para levar roupa suja e trazer roupa limpa. A carroça, o jeep (como se escrevia) e, ao fundo, as meninas do Colégio Imaculada com seus uniformes de gola de marinheiro. Uniformes de azul e branco, uniformes de sonho. A mãe de vestido rodado que leva o filho pela mão, no meio da tarde, tudo trabalha na foto ingênua para que a cidade, gentil e suave, suave e modesta, se apresente e se reconheça, enternecida.<br><br> O “progresso”, certo tipo de progresso que em 4 décadas fez a população multiplicar-se por quase 20 vezes , inicialmente pela industrialização e, depois, pela ruína do campo, este tipo de duvidoso “progresso” transportou a doçura da cidade para a lembrança e para a foto. Equívoco que bem pode ser revertido, se todos quiserem.<br>. <br>É inelutável! , dirão os realistas, acima dos pessimistas, mas muito abaixo dos sonhadores.<br><br>Contudo, nenhum tipo de progresso, por avassalador e temerário que seja, reúne forças capazes de invadir as almas e as mentes e nelas extinguir o valor, os valores, que a cidade dos montes claros plantou no coração de seus filhos. Que resistirão, é certo. <br>
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