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Mensagem: Colégio Diocesano<br><br> Tudo que eu não quero perder são as lembranças da juventude. Quantas recordações do meu tempo de estudante! Foram tantos sorrisos, tantas palavras que ficaram na memória... Dos professores, a saudade, da escola, experiências enriquecedoras que se gravaram na fronteira da memória e da alma. <br> O Colégio Diocesano Nossa Senhora Aparecida substituiu o Ginásio Municipal. Apesar de ser da Mitra Diocesana era uma escola considerada muito diferente de suas congêneres. Era uma escola preocupada em formar pessoas para pensar, para sentir, para falar e fazer a diferença na sociedade. <br> Tudo isso vem à tona ao achar uma fotografia em preto e branco que o tempo tornou levemente amarelada, de um parada de 7 de Setembro, onde, usando uniforme de gala – vestido de seda “Patou”, saia pregueada, gola marinheiro, boina azul marinho, sapatos pretos e meia cor da pele – íamos desfilar pelas principais ruas da cidade. Era um momento especial pra paquerar a rapaziada do colégio, que ficava mais bonita em seus uniformes de gala. <br> No dia-a-dia, usávamos o uniforme composto de saia pregueada – que ficava sempre debaixo do colchão para não abrir as pregas – blusa de tricoline com uma gravatinha onde listras azul-marinho indicavam a série que cursávamos. Cinturas apertadas por cintos largos de látex, caras lavadas, só um batonzinho para alegrar, e rabo de cavalo.<br> Por onde andará aquela juventude? Perdida num passado que eu gostaria de reviver. <br> Lembrar das aulas maravilhosas de Pedro Sant’Ana onde apaixonamos pela História Geral, do prof. Belisário, sósia de Castro Alves que levava as alunas a recitarem “O Navio Negreiro” e “Vozes D’ África”; aulas de trabalhos manuais, onde aprendíamos a bordar, economia doméstica onde fazíamos um lindo caderno-roteiro para administrar o lar. As aulas de Geografia com Maria Inês Versiani despertavam vontade de conhecer lugares e correr o mundo, Francês com o Padre Agostinho Beckauser, bravo até não poder mais, que nos deu ótima base da língua francesa; Português com o Pe. Vicente Aguiar, na terrível gramática “FTD”, análises de Camões e redações. As aulas de latim com monsenhor Osmar de Novaes Lima eram encantadoras. Estudamos a vida de Roma na coleção “Ludus Primus”. <br> Mas... a matemática me perseguia com seu mecanismo implacável. Seus teoremas me pareciam armadilhas preparadas com malícia e aqueles problemas das caixas d’água eram de matar qualquer mortal. <br> Apesar da disciplina austera – o colégio era misto – existiam atividades integradas como o Grêmio Lítero-Esportivo, onde os alunos apresentavam números musicais, poesias, discursos, acredito que foi a primeira tribuna de todos nós. Por favlar em austeridade, lembrei-me de um castigo recebido. Faltou um professor. Não tendo substituto, ficamos à vontade. Resolvemos fazer um desfile para ver quem tinha as pernas mais bonitas. A algazarra atraiu o Padre Agostinho exatamente na minha hora. Ele perdeu o controle. E suspendeu toda a classe e deu como castigo escrever quinhentas vezes: “Devo proceder bem na sala de aula”. Foi uma escorregadela da pedagogia, fizemos calo nos dedos, mas valeu a brincadeira! <br> Às 17 horas soava a campainha que nos libertava das quatro aulas, para o jogo de voley. Num campo de terra batida, disputávamos várias partidas com aquela bola de capota branca, que tornava o jogo sensacional. Ou então, íamos ver os rapazes jogarem futebol, onde com um sorriso franco e um jeitinho encantador fazíamos daquele local, espaço para conversar com o colegas e viver ocasionais romances, numa doce intimidade de mãos dadas. <br> Vivíamos enquadradas às normas daqueles tempos, mas de vez em quando, matávamos aulas. Saíamos em grupo, num alarido tão estridente quanto um bando de pássaros, rumo à Praça Dr. Carlos, onde sentadas em seus bancos, comíamos as guloseimas que o mercado sempre oferecia. Ali, entre pipocas, quebra-queixo e roletes de cana, conversávamos sobre nossos projetos, nossos sonhos. Foram momentos bons e bonitos que vivemos irmandadas pela amizade que se consolidava a cada encontro diário, naquele prédio acolhedor. <br> O Colégio Diocesano foi um marco em minha vida, era uma complementação da minha família. Os professores não ficavam só no ensino das disciplinas – iam além – educavam. <br> Hoje, existem jovens em outras roupagens, em outros tons, em outros sonos e em outros visuais. A própria Montes Claros continua jovem, progressista, universitária, efervescente de cultura e palco de outra história, onde os personagens serão sempre os mesmos, só muda as circunstâncias. <br>
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