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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Estatística macabra

Waldyr Senna Batista

Montes Claros está encerrando o ano de 2006 com estatística macabra: mais de cinqüenta homicídios cometidos na cidade, o que corresponde à média de uma morte por semana. Esse levantamento, da editoria de polícia deste jornal, contrasta com números que vêm de ser divulgados por órgãos oficiais do setor, segundo os quais estão em declínio os índices que aferem a criminalidade no Norte de Minas, com redução de 19,08% no que se refere a estupro, tentativa de homicídio, homicídio e lesão corpora. Montes Claros figura em quarto lugar no quadro geral do Estado, no item “crimes violentos”, e desceu para o 42° em criminalidade (era a 25ª em 2005). Os números oficiais devem ser analisados no contexto estadual. Em termos locais, o que se destaca é o dado aterrorizante de um assassinato por semana, grande parte com características de execução sumária e requintes de crueldade. São indícios claros de que esses crimes estão ligados à disputa de espaço em pontos de drogas, tributo que a população montesclarina paga por ser sua cidade ponto de convergência de região que se estende até a Bahia na rota do narcotráfico. No rastro dessa ação criminosa vem a elevada incidência de furtos, roubos, arrombamentos de casas e de veículos e assaltos em via publica. Parte considerável desses delitos revela um componente especial, que é o envolvimento de menores, que agiriam a mando de receptadores, aproveitando a excessiva proteção que esses delinqüentes têm na legislação. Predominam os furtos de televisores, aparelhos de som, grades de bocas-de-lobo e, por incrível que pareça, agora também hidrômetros, por conterem grande quantidade de bronze. Tudo isso é trocado por valores irrisórios, que se destinam à aquisição de drogas. Quando “apreendidos”, após ligeiras declarações nas delegacias, esses criminosos são postos em liberdade e continuam agindo impunemente. A escalada do crime, que as estatísticas oficiais parece não captar na devida conta, tem se acentuado aqui nas duas últimas décadas, ao ponto de haver transformado, para muito pior, a qualidade de vida em Montes Claros. Mudou até a “cara” da cidade, cujas casas ganharam aparência de verdadeiras fortalezas, com grades, muralhas, cercas eletrificadas e sistemas de alarme. E nem assim seus moradores se sentem suficientemente seguros. No entanto, a estrutura policial militar de repressão é expressiva. Compõe-se de comando regional, batalhão, frota de viaturas recentemente renovada, helicóptero em vôos rasantes e até centro de reeducação de menores infratores, além de delegacias especializadas. Cerca de 700 homens dedicam-se ao policiamento da cidade. Esse dispositivo sugere condições adequadas para a manutenção da segurança, mas, na prática, há deficiências que impedem a realização de trabalho mais produtivo. Na área da Policia civil, onde se registram, em média, mais de 200 boletins de ocorrências por mês, o pessoal lotado é insuficiente para o trabalho de inteligência, razão por que praticamente não se dá andamento às denúncias que chegam. A expedição dos BOs tem se transformado em mera formalidade, com os encarregados do serviço queixando-se abertamente de falta de pessoal, mobiliário, combustível, computadores e até de material de expediente. Essa situação de penúria explica, em parte, por que muitas das mais de cinqüenta mortes verificadas neste ano que termina não serão esclarecidas. E o melhor indicador para essa carência de ações é o fato de, apesar do espantoso número de homicídios, ser relativamente reduzida a quantidade de processos que chegam ao tribunal do júri. Se pode servir de consolo, vale ressaltar que o crescimento dos índices de criminalidade é fenômeno que atinge todo o pais, reflexo da deterioração da sociedade chamada moderna. Ele se torna mais preocupante em regiões onde o tráfico e o consumo de drogas são expressivos, como em Montes Claros. Para eliminar essa influência nefasta, infelizmente, ainda não se encontrou fórmula eficiente.

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