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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: À beira do colapso

Waldyr Senna Batista

A área central da cidade encontra-se à beira do colapso. Essa expressão não se relaciona apenas aos buracos e aos remendos malfeitos na pavimentação das ruas. Esse ponto vem tendo o atendimento emergencial possível, a cargo da Esurb, cuja eficiência não pode ser aplaudida sem restrições, já que ela se empenha numa tarefa inglória: quanto mais buracos são tapados, mais buracos vão surgindo. O colapso, no caso, tem de ser entendido de forma literal: esgotamento, falência de função do estado geral. Tal como se viu nos dias que precederam o Natal, em que os engarrafamentos no trânsito alcançaram proporções insuportáveis. Esse excessivo fluxo ocasional apenas amplificou o problema que se tornou corriqueiro, com tendência para se tornar cada vez mais freqüente, devido à inexistência de medidas efetivas e eficientes que eliminem a deterioração em progressão. Ao contrário, o que se evidencia é que a prefeitura não dispõe de qualquer plano que lhe permita minimizar o problema com a urgência que se faz necessária. O pouco que ela tem realizado até agora só fez agravar-se o estado de decomposição. É o caso, por exemplo, da intervenção na avenida Cel. Prates, onde foi feito serviço de qualidade sofrível que ensejou maior fluxo de tráfego sem que fossem criadas alternativas para evitar as retenções. E, o que é pior, com perspectiva de agravamento desses engarrafamentos a partir da entrada em funcionamento de supermercado que está sendo construído naquela área. Os transtornos produzidos até agora com o andamento da obra de construção civil são pequena amostra do que está por vir. Há mais de quinze anos vem se falando em um projeto denominado “viva o centro”, que é pouco mais do que uma ficção. Quando a administração anterior se dispôs a reconstruir a praça Dr. Carlos, imaginou-se que estava atendendo a um item do tal projeto. Mas logo se viu que a suposição não tinha consistência, porque o projeto “viva o centro” não existe. Está em conjectura, ainda na fase de levantamentos para elaboração de diagnóstico que, quando (ou se) concluídos poderão orientar a elaboração de projetos executivos, para só então se pensar na forma e nos recursos para viabilização deles. Valeria a pena resumir aqui, neste espaço, os termos em que o grupo de trabalho designado pela prefeitura se refere à proposta. As nove etapas previstas seriam concluídas até julho do ano passado. Se foi, não se sabe, mas é bom lembrar que, só a partir daí é que poderão ser iniciados os estudos para os projetos cuja execução dependerá de órgãos e empresas concessionárias como Cemig e Copasa, às quais caberá a tarefa de revolver as entranhas de tudo o que existe na área central da cidade para implantação de redes novas. Os recursos para essa mirabolante cirurgia dificilmente estarão garantidos ao final do diagnóstico técnico. Enquanto espera pelos projetos, a Copasa estende a inúmeras ruas do centro sua “operação tatu”. São dezenas de quilômetros de valetas abertas para implantação de nova rede de distribuição de água, a pretexto de melhorar o serviço, pois a tubulação atual tem mais de meio século de idade. O propósito é elogiável, mas os efeitos do serviço têm deixado a marca registrada da Copasa, com a destruição da já precária pavimentação. Os conformados dirão que é preferível a buraqueira, com que a cidade já se acostumou, do que a falta de água. Os visionários sonham com ruas sem buracos e água com fartura nas casas... Mas a população montesclarina não deve perder as esperanças. O prefeito Athos Avelino, para comemorar a entrada do ano novo, anunciou o propósito de levantar recursos junto aos governos estadual e federal a fim de desencadear as obras que irão transformar a paisagem urbana. Não especificou quais serão, mas esbanjou otimismo na esperança de ser atendido pelo presidente e pelo governador, com o sólido argumento de que, na recente campanha eleitoral, os apoiou “abertamente”. O prefeito deve ter motivos bastantes para alicerçar esse otimismo. Porque a liberação de recursos nas esferas federal e estadual costuma ser verdadeira via-crucis, exigindo montanhas de papel e consumindo tempo que já começa a escassear nesta segunda metade do mandato dele.

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