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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024
 

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Mensagem: ANTÔNIO ROBERTO SOARES Antônio Roberto Soares e eu já éramos colegas da Faculdade de Direito da UFMG, eu calouro dele. Em 1966, ganhamos uma bolsa e fomos estudar na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Olha, gente, o que fizemos de maluquices, nas plagas do Tio Sam, não tem no gibi. Em Cambridge, no Leveret House, imenso prédio, que era nossa hospedaria em Harvard, quem passasse pela portaria depois das vinte e três horas era obrigado a assinar o nome num livrão, parecido com aqueles antigos, sebentos e volumosos livros de atas, e era punido com o corte da verba diária, de quatro dólares. Quando retornávamos depois do horário eu assinava o nome Humberto de Alencar Castelo Branco Filho. Antônio Roberto assinava Getúlio Dornelles Vargas Júnior. E não éramos punidos. Como nossa grana era curta, Antônio Roberto resolveu ganhar um extra. Apostou com a turma que entraria no Leveret House montado num americano. Eu casei o dinheiro das apostas. Quase noventa dólares. Ele, então, foi até a piscina e simulou uma contusão numa das pernas, dentro d’água. Um gringão, cordato, logo o socorreu. Antônio Roberto montou nele, de cavalinho, e entrou no imenso pátio, onde todos se encontravam batendo papo. E ainda gritava: – Arralo!!! Arralo!!! estalando a língua no céu da boca, como se faz na roça. Conhecemos uma boate, em Washington, onde uma linda loura fazia um strip-tease ao som de “Garota de Ipanema”. Emocionados, subimos ao palco e começamos a dançar em volta da atriz. Imediatamente dois seguranças, verdadeiros armários, nos arrastaram pra fora. De repente, tudo serenado, Antônio Roberto dá um chute na parte traseira de um veículo que estava estacionado na porta da boate e atravessa a rua. Um guarda o pára, alegando que desrespeitara o semáforo de pedestres. Ele, na maior cara-de-pau, pede desculpas, explica que era “brazilian student” e argumenta que em nosso país os semáforos eram diferentes: – For exemple, in Brasil, red is to go, and green is to stop. E não é que o gringo engoliu? Em Washington, fomos ao Senado e invadimos a sala de Bob Kennedy. Felizmente ele nos viu e Antônio Roberto foi logo gritando: – Brazilian student! O senador, então, fez sinal para os seguranças que tentavam nos impedir de entrar em seu gabinete. Recebeu-nos com o maior carinho, conversou conosco por uns cinco minutos e ainda permitiu que batêssemos fotos abraçados a ele. Algum tempo depois, já quase eleito Presidente da República, seria assassinado. Na Embaixada brasileira, ainda em Washington, Antônio Roberto invadiu o deserto gabinete do embaixador Vasco Leitão da Cunha, sentou-se à cabeceira de sua imensa mesa e pediu-me que ocupasse a primeira cadeira, à sua direita. Depois, solicitou a Arrute, um carioca, estudante de medicina, que sempre andava conosco, que batesse uma foto. Revelada, ela dá a impressão de que Antônio Roberto era o embaixador e eu um brasileiro que estava sendo recebido em audiência. Em Miami, no Manger Hallison Hotel, num calor insuportável de quase quarenta graus, Antônio Roberto e eu pegamos nossos colchões, descemos com eles pelo elevador e fomos dormir à beira do mar. Infelizmente, cerca de uma hora depois, os seguranças do hotel nos impediram de continuar nosso sono tranqüilo, sob o farfalhar das ondas e o frescor da gostosa brisa. Foi Antônio Roberto quem me “ampliou” para as fileiras da AP (Ação Popular). Quando voltamos ao Brasil, demos nossos passaportes à organização para que fossem usados por companheiros perseguidos pela ditadura e que teriam que sair do Brasil. Decorridos pouco mais de quarenta anos, Antônio Roberto, terapeuta do comportamento, com programa de estupenda audiência na televisão e vários livros publicados, elegeu-se deputado federal, com mais de cento e quarenta mil votos. Nossa fraterna amizade se manteve firme e tenho o maior orgulho deste conterrâneo, que nunca deixou de comparecer aos lançamentos de meus livros e que até cita algumas passagens das quais é personagem em suas concorridas palestras pelo país. Podem ter certeza que teremos um grande representante no Congresso Nacional. Inteligência, honradez e capacidade de trabalho nunca lhe faltaram.

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