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Mensagem: CAPELA DO ROSÁRIOHAROLDO LÍVIO... No ano de 1960, aconteceu a derrubada da antiga Capela do Rosário, na Avenida Coronel Prates, que já foi Rua da Fábrica, do Jatobá e da Estrela. Na época, a demolição do templo centenário não causou nenhum trauma coletivo, como pode supor quem apenas conhece a atual campanha de preservação do patrimônio histórico da cidade. Há 47 anos atrás, vivendo em outra realidade, ainda não existia essa mentalidade de poupar da extinção predatória os prédios remanescentes de nosso passado colonial. Em face do que, o desmantelamento daquela relíquia de nossa arquitetura religiosa foi recebido passivamente pela comunidade. Nada de lágrimas e condenações.A imprensa não abriu manchetes denunciando a destruição do prédio. Registre-se, por oportuno, que o bardo João Chaves, que havia dedicado um soneto antológico a uma velha palmeira que tombou na Praça da Matriz, não se manifestou tangendo sua lira. E registre-se, ainda, que o admirável trovador Cândido Canela sequer teceu uma trova de saudade. Poderia ter aproveitado a chance de trovar rimando capela com estrela e rosário com relicário. Eu, como seu leitor, não o perdôo pela falta, porque privou a todos de mais uma jóia literária de sua lavra.Agora, em janeiro de 2007, numa visão retrospectiva do passado, não se pode condenar ninguém por omissão de socorro, neste triste episódio da derrubada da vetusta Capela do Rosário. Consta, nos anais da História, que a licença para demolição foi concedida para facilitar o trânsito de veículos. Acredito que não se limitou a esse pretexto burocrático. Naquele momento decisivo da vida de nossa cidade, predominava um clima cívico de grande empolgação com a política nacional de desenvolvimentismo.Aqui, a Sudene se instalava programando a implantação de um pólo tecnológico e industrial, e a energia de Três Marias estava chegando para a execução de todos os projetos concebidos. Todos sabiam que o futuro já havia chegado. Era a hora de botar abaixo os pardieiros infectos e construir uma nova cidade moderna e confortável. Sobreviveu ao autor uma frase retumbante do ilustrado Dr. Plínio Ribeiro, que define e resume aquele momento de bairrismo e euforia: Montes Claros, para o alto, para a luz, para o dorso altaneiro da cordilheira.Portanto, a hora era de avançar, de seguir em frente, em marcha apoteótica, ao encontro do grande destino que nos esperava. O entusiasmo de renovação era tamanho, que o prefeito da época, engenheiro Simeão Ribeiro Pires, mesmo sendo laureado historiador, não teve como impedir a demolição do patrimônio da Igreja. Se tivesse indeferido, teria sido tachado de retrógrado empedernido, de inimigo do progresso urbano. Lembro-me de que o próprio historiador Hermes de Paula, que era o porta-estandarte do jucapratismo, deixou-se contagiar pela idéia de substituir o antigo pelo novo e aceitou o plano de construção de uma nova capela para os marujos, catopês e caboclinhos da festa de agosto.Eu o vejo, como se fosse agora, no salão de barbeiro de Nélson Dias, mostrando a planta da capela de linha futurista assinada pelo jovem arquiteto Mércio Guimarães. E ele não estava equivocado em seu entusiasmo, estava somente, como todos nós, atraído pelo clarão da alvorada que despontava. Era a Nova Montes Claros que renascia da antiga.
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