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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: TÁBUA DE PIRULITO

Transcorria o ano de 1956, e o saudoso comerciante, o popular Zé Amorim, o mais notável e elegante da estirpe Amorim, resolveu fazer parte da turma de rapazes que aquela época usava possantes e grandes motos importadas.
Da galera de então, Heber Rêgo e o próprio Zé, Carrim e Luiz Benhur, Sargento Moura do TG 87, José Maria Relojoeiro, Júlio e Waldim. Cavaleiros da terra de Figueira que usavam motos BSA, ROYAL, e JAWA,
Zé como era caprichoso, desmontou a sua moto e mandou niquelar as partes metálicas na niquelagem de João. Aproveitou e mandou cromar os puxadores e as esquadrias das janelas da sua casa paterna
Terminada a empreitada e estando tudo nos trinques, encomendou ao Baiano niquelador oxidar o seu Colt Cavalinho 38”, ficando, assim, como rezava a moda masculina da época do Romantismo.
Passado trinta dias e depois de seis idas e vindas à niquelagem de João, o Baiano, entregue ao doce ofício de tomar todas as cachaças Viriatinhas que encontrasse, enrolava o Zé, dizendo: ’ volta amanhã que está pronta e não enche o saco!”
Numa tarde ensolarada de um dia de cão, Zé entrou na niquelagem pisando alto, suando as bicas, com o colarinho ensopado e a jugular prestes a estourar e falou: ´volto amanhã às 16 horas seu gambá. Se o revólver não estiver pronto, você vai se ter comigo´. Após a sentença saiu batendo os pés no assoalho.
“No dia e hora marcados, o Zé entrou e, batendo com a mão no balcão de encomendas disse:” estou aqui caboclo! Cadê meu pau de fogo oxidado!” Baiano que naquele dia havia extrapolado nas doses de cachaça, já com o “pandú” cheio, respondeu: “espera um pouco, seu apressadinho!”
Sem que o Zé o visse, levou as seis balas 38’ no torno, extraiu as cabeças com um alicate, diminuiu consideravelmente a pólvora da munição, apertou a entrada com uma fita, remuniciou a arma e, em seguida saindo ao salão falou, já apontando a arma para o assustado Zé: “toma aqui seu apressadinho desaforado”!
Disparou os seis tiros de festim. O Zé caiu esticado no salão, e enquanto os presentes gritavam: “Baiano matou o Zé Amorim! ’ O Zé só conseguiu balbuciar: “Mamãe”... Mamãe... Me fizeram de tábua de pirulito!”.
Quando viu que ainda não havia morrido, saiu às pressas em direção à sua casa, entrou correndo e à vista da mãe, abriu a camisa teatralmente arrancando os botões de madrepérola e exclamou novamente: “me fizeram de tábua de pirulito mamãe, olhe só a bagaceira!”

Raphael Reys

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