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Mensagem: Mais um mel de coruja<br><br>Waldyr Senna Batista<br><br>Pelo visto, houve excesso de empolgação, com evidente inspiração eleitoreira, na divulgação de informação atribuída ao vice-presidente José Alencar, de que o presidente Lula da Silva determinara a liberação de recursos para a reconstrução da BR-135, trecho de Montes Claros até o trevão de Curvelo. A notícia dava conta de que o vice-presidente telefonara ao presidente, que estava descansando na praia, e transmitiu a ele o apelo para a recuperação da rodovia, tendo recebido a recomendação de levar o assunto ao ministro dos transportes para as devidas providências.<br>A notícia era tão auspiciosa, que a imprensa local não conteve a euforia e estampou a manchete definitiva: “Lula manda liberar recursos para a BR 135”.<br>Era um autêntico presente de natal que chegava nos primeiros dias do ano novo e que, por isso mesmo, deveria ter levantado suspeitas. Para uma região que padece de eterno abandono por parte dos governos, era particularmente surpreendente que, com os gabinetes de Brasília fechados, todo o mundo em férias, decisão tão importante estivesse sendo tomada pelo presidente da República. Que dava para desconfiar, dava, mas ninguém ousou tanto.<br>Louve-se as boas intenções de alguns grupos regionais que, após a eleição, se atribuem poderes de interlocução privilegiada com o presidente reeleito, alegando terem garantido a ele votação só comparável a resultados obtidos em estados nordestinos. Isso, no entendimento de vários políticos norte-mineiros, lhes dá o poder de terem atendidas todas as suas reivindicações. Basta telefonar.<br>Uma conclusão quase ingênua, que basicamente parece ignorar que a eleição de Lula não se deveu a políticos ou a partidos. Ele foi reeleito por ser o mito que é, não havendo a rigor nenhum comprometimento de sua parte com grupos que fazem a política provinciana no país. Ele só não poderia dispensar o concurso dessas facções devido às circunstâncias que diferenciam o Brasil da Venezuela, da Bolívia e do Equador, onde vicejam os aprendizes de ditador. Aqui, o presidente tem de se valer da coalizão partidária para ter respaldo no congresso nacional.<br>Se havia motivos para desconfiar de que não houve a ordem para a recuperação da BR-135, o lançamento do PAC ( plano de aceleração do crescimento), na última segunda-feira, eliminou quaisquer dúvidas. Nele não figura nenhuma rodovia federal existente em Minas Gerais, o que levou o governador Aécio Neves a protestar: “Lamentavelmente, o estado com a maior malha rodoviária federal do país, em estado de calamidade, não tem a previsão de investimentos”. E, entre elas, citou os trechos de Montes Claros a Curvelo; de Montes Claros à Rio-Bahia; e a Br-365, de Patos de Minas a Uberlândia.<br>Assim sendo, cabe a quem, inadvertidamente, anunciou a ordem de liberação de recursos, que não houve, explicar de onde partiu a falsa informação, que põe em xeque a credibilidade do vice-presidente José Alencar. Presidente algum mandaria liberar recursos nesse montante, por telefone, estando em trajes de praia e num momento em que nem se lembrava do seu slogan de campanha que falava em trabalho.<br>Não tendo constado do PAC – que decepcionou pela fragilidade – a BR-135 poderá ganhar, no máximo, mais um mel de coruja com que são disfarçados os buracos. Para isso não seria necessária a intervenção dos grandes eleitores de Lula...
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