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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de dezembro de 2024

Mural

Jornalismo exercido pela própria população

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Mensagem N°56850
De: Henrique Data: Domingo 4/4/2010 08:46:28
Cidade: SP

A foto principal do jornal Folha de S. Paulo, que circula neste domingo, a foto de primeira página, é de um morador de Caraíbas, zona rural de Itacarambi, Norte de Minas. O jornal mostra que, 3 anos depois do terremoto de dezembro de 2007, terremoto que matou uma menina (a primeira morte oficial no Brasil, por tremor de terra), os habitantes de Caraíbas estão voltando para suas antigas propriedades. Os rurícolas alegam que têm saudades da terra, que não se acostumaram a morar na cidade (Itacarambi) e que lá não conseguem se manter. A foto mostra um antigo ocupante da casa onde ocorreu a morte da menina, na janela, olhando o vazio, com a casa semi-destruída, destelhadas e nua. A plasticidade da fotografia, mais do que o assunto, justificou a sua publicação na primeria página deste que é considerado um dos dois maiores jornais do País.

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Mensagem N°56849
De: Márcia Data: Sábado 3/4/2010 22:19:51
Cidade: Montes Claros

(...) Os carros usinas de som estão, neste momento, uma vez mais afrontando a população e ridiculizando as autoridades. (...)

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Mensagem N°56840
De: fagundes Data: Sábado 3/4/2010 17:11:34
Cidade: Montes Claros-mg  País: Brasil

Montes Claros confirmou seu favoritismo diante do Vôlei Futuro e venceu por 3 a 0 (parciais de 27/25, 25/19 e 25/21). (...)

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Mensagem N°56839
De: Hernane Amaral Data: Sábado 3/4/2010 16:25:05
Cidade: Montes Claros/Minas Gerais

Falar em usina de sons, algo tem que ser feito aos alarmes antifurtos nas empresss e entidades pública, esses alarmes disparam, com sua sirene alta, e irritante por toda a noite, sem que a empresa responsável tome qualquer medida, sendo desligado somente pela manhã, e tirar o sono do trabalhador.

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Mensagem N°56833
De: Isabel Maria Rosa Furtado Cabral Gomes da Costa Data: Sábado 3/4/2010 12:57:54
Cidade: Viseu - Portugal  País: Portugal

"LONDRES JÁ NÃO É O QUE ERA"
Recentemente, desloquei-me a Londres com a minha família para uma breve estadia de três dias naquela cidade.
Adoro Londres, capital onde volto sempre que posso. Mas Londres já não é o que era. É cada vez mais um melting-pot de ideias, de culturas, de raças, de credos, que a desvirtuam completamente.
À medida que os anos vão passando, torna-se cada vez mais difícil encontrar um inglês em lugares de contacto directo com o público. Os taxistas, os condutores dos red-buses, os recepcionistas dos hoteis, os donos e os empregados dos restaurantes, os empregados dos museus, das lojas do comércio tradicional, das grandes superfícies ou dos grandes armazéns como o Harrods e o Selfridges, são paquistaneses, indianos, ganeses, tunisinos, espanhois, italianos, macedónios, brasileiros, chineses, japoneses, e já não se ouve falar aquele inglês puro, com pronúncia correcta, tipicamente britânica, só se ouve inglês com sotaque.
Se um marciano aterrasse de repente em Londres, teria dificuldade em identificar a cidade e o país em que se encontrava, tal é a diversidade de povos que pululam na capital.
Recordo-me que, na penúltima vez que estive em Londres, entrei na Victoria Station, que é um mar de gente, ou não fosse ela a major central London railway terminus, para tomar um comboio para Hemel Hempstead, Hertfordshire, pois o meu filho mais velho encontrava-se a passar uns dias em Lockers Park School. Dentro da estação, perguntei a um polícia com sotaque estrangeiro, que identifiquei como não oriundo do Reino Unido, onde podia comprar bilhetes para o comboio e ele informou-me. Mas, como não tivesse encontrado as bilheteiras, voltei junto dele, pedi-lhe desculpa e informei-o que não tinha encontrado o sítio, solicitando-lhe do mesmo passo, que me explicasse novamente onde me deveria dirigir. Ele, então, disse-me para prestar atenção à informação que me ia dar, para não ir lá perguntar-lhe outra vez. Foi nessa ocasião, que comecei a ter saudades dos verdadeiros Ingleses, que, mesmo com a sua fleuma britânica, acolhiam o turista com outra satisfação e amabilidade.
Saudades estas que se adensam de cada vez que volto a Londres.
Onde estarão os verdadeiros Ingleses? Voltem, por favor! Londres, sem vós, já não é o que era.

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Mensagem N°56832
De: Elza Data: Sábado 3/4/2010 12:08:29
Cidade: Moc

M. Claros perdeu uma grande loja de rede. Encerrou suas atividades, no Shopping, a loja da L & C, de material de construção e utensílios domésticos. Desde a semana um aviso na porta avisa do fim. O espaço ocupado, dos maiores do shopping, vai ser dividido para receber lojas menores. Foi o que soube, no local.

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Mensagem N°56827
De: Fabiana Belcci Data: Sábado 3/4/2010 08:44:18
Cidade: Montes Claros

se forem incomodados por causa do som alto gerado pelas boates, carros com as usinas de som, bares, etc., chame a policia, identifique, registre um boletim de ocorrência, não tenha medo de represálias, este abuso acontece não só pela inoperância da secretaria do 1/2 ambiente, mas parte da culpa é nossa por ficarmos de braços cruzados esperando uma ação por parte das autoridades. nós é que devemos iniciar o combate. não somos nós que estamos infringindo as leis. imaginem em um condomínio, se vinte pessoas registrar um bo, será que os barulhentos vão querer fazer algum tipo de represália com todos? os barulhentos se organizaram e se uniram, tanto que eles andam com suas usinas de som em comboio. vamos fazer o mesmo, os vizinhos devem se unir, e juntos chamar a pm e registrar um bo, caso contrario a barulheira vai continuar infernizando o sono e sossego dos justos. (...)

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Mensagem N°56826
De: Salles Data: Sábado 3/4/2010 08:31:25
Cidade: Moc

O dia prossegue nublado em M. Claros. A meteorologia deu meia volta e anuncia: há 90 por cento de chances de chover 20 milímetros, nesta Sábado da Aleluia, em Montes Calros. Tempo "chuvoso durante o dia e a noite". Pela previsão saída ainda há pouco, não chove amanhã e nos dias seguintes.

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Mensagem N°56825
De: César Data: Sábado 3/4/2010 08:02:47
Cidade: montes claros

Fui ontem assistir a primeira sessão do filme sobre Chico Xavier. Fiquei impressionado ao entrar na sala. Havia cerca de 50 pessoas no cinema, mais da metade de crianças de 4 a 12 anos. Temi que não compreendessem o filme e que, por consequência, não mantivessem a atenção necessária a quem - como eu - desejava observar atentamente a história cinematográfica do personagem de Pedro Leopoldo. Ao fim do filme, estava impressionado - não se ouviu um único pio, durante a sessão inteira!! Do lado de fora, havia fila para entrar.

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Mensagem N°56824
De: Helena Data: Sábado 3/4/2010 07:39:00
Cidade: M. Claros

Pela segunda noite consecutiva, foi difícil dormir perto do "triângulo da impunidade". Barulho insuportável - depois da meia-noite - nas duas madrugadas que guarnecem a Sexta-feira da Paixão. (...) Sem falar nos carros usinas de som que fazem daquela região o seu quartel-general de exibições noturnas. A secretaria do 1/2 ambiente continua omissa, o secretário (??) prossegue no cargo, gastando 4 milhões por ano, sem justificar o bom uso do dinheiro público, isto é, do dinheiro que pagamos em forma de impostos. (...) apelamos publicamente para as demais autoridades. Esperamos que este nosso apelo também seja acompanhado, em Belo Horizonte, pelas autoridades superiores - Comando geral da PM, Palácio da Liberdade, chefia do Ministério Público, chefia da Polícia Civil, etc. Deixamos nossa mensagem aqui para tesmunharmos o descumprimento sistemático das leis (...) Reconhecemos que as autoridades locais, que agem sob comandos, estão sendo tolhidas pelos políticos, de maneira geral - como já foi deixado transparecer. Mas, isto precisa cessar. (...)

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Mensagem N°56823
De: Roberto Santiago Data: Sábado 3/4/2010 07:30:09
Cidade: Montes Claros

Noite de inferno na sexta-feira da paixão na Av. Corinto Crisóstomo Freire, Bairro Morada do parque, ao lado do zoológico. Um bando de rapazes e moças resolveram instalar uma boate a céu aberto em um bar clandestino ao lado do condomínio residencial Jardim de Versailles. Foi uma noite barulhenta com som no nível máximo. Os moradores da vizinhaça não tiveram sossego, muito menos os animais do zoológico. Já li muitas reclamações de moradores de diversas regiões de Montes Claros sobre barulho. A prefeitura Municipal está sendo omissa e inoperante para resolver o problema. Acho que está passando da hora do Ministério Público Estadual entrar em ação.

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Mensagem N°56822
De: Bernardo Data: Sexta 2/4/2010 22:17:13
Cidade: Montes Claros - MG

Bem, depois de publicado neste Mural por várias vezes, a última das quais em 21 de março último, e sempre a pedidos, creio que é chegada a hora – também a pedidos – de revelar hoje, Sexta-feira da Paixão, a mão que escreveu o texto belíssimo (abaixo) sobre a Cena do Calvário da tradição espiritualista. A redação é atribuída a Humberto de Campos, num dos seus muitos livros escritos pela mão de Francisco Cândido Xavier, “autor” de mais de 470 livros, embora não reconheça sequer um como seu. “São dos espíritos”, ele repetia sempre, escrevendo sobre tudo. A família de Humberto de Campos moveu um processo contra Chico Xavier, que o Poder Judiciário prudentemente se esquivou de julgar. Ao fim da vida do médium, em forma de abraço público e de declarações também públicas de pelo menos um dos filhos de Humberto de Campos, a família aceitou a autoria dos escritos que vieram após a morte do escritor. Antes, já no termo da vida, a mãe de Humberto Campos, veneranda viúva, recebeu uma carta do filho escritor, morto há anos, escrita também pelas mãos de Francisco Cândido, comovidamente descrito na abertura do texto póstumo. (Chico se apresentava como "carteiro", pois sua missão, dizia, era esta - a de entregar as correspondências). Os dois documentos são impressionantes (o segundo logo abaixo) e os críticos literários mais rigorosos do Brasil, chamados a opinar, disseram, em resumo: não podiam atestar que o escrito fosse de Humberto de Campos, da Academia Brasileira de Letras, pois que não o viram escrever, não testemunharam o ato da redação questionada. Mas, não se furtavam a declarar que o autor escrevia rigorosamente como Humberto de Campos, como reconheceu o severo Agripino Grieco, em mais de uma oportunidade. Hoje, quando se comemora os 100 anos de Chico Xavier, ainda que não se tome parte na discussão interminável, de tudo irrelevante, é sábio e prudente ler os dois textos, apenas como síntese do mistério, muito mais extenso e muito mais profundo, insondável até. Atribuir o texto a este ou aquele nome é menor do que examinar o sumo do que vai dito, respeitosamente, uma vez que - admitem todos, até os céticos - não existe efeito sem causa. Vejamos:

O Anjo Solitário

Enquanto o Mestre agonizava na cruz, rasgou-se o céu em Jerusalém e entidades angélicas, em grupos extensos, desceram sobre o Calvário doloroso.
Na poeira escura do chão, a maldade e a ignorância expeliam trevas demasiadamente compactas para que alguém pudesse divisar as manifestações sublimes.
Fios de claridade indefinível passaram a ligar o madeiro ao firmamento, embora a tempestade se anunciasse a distância.
O Cristo, de alma sedenta e opressa, contemplava a celeste paisagem, aureolado pela glória que lhe bafejava a fronte de herói, e os emissários do Paraíso chegavam, em bandos, a entoarem cânticos de amor e reconhecimento que os tímpanos humanos jamais poderiam perceber.
Os Anjos da Ternura rodearam-lhe o peito ferido, como a lhe insuflarem energias novas.
Os portadores da Consolação ungiram-lhe os pés sangrentos com suave bálsamo.
Os Embaixadores da Harmonia, sobraçando instrumentos delicados, formaram coroa viva, ao redor de sua atribulada cabeça, desferindo comovedoras melodias a se espalharem por bênçãos de perdão sobre a turba amotinada.
Os Emissários da Beleza teceram guirlandas de rosas e lírios sutis, adornando a cruz ingrata.
Os Distribuidores da Justiça, depois de lhe oscularem as mãos quase hirtas, iniciaram a catalogação dos culpados para chamá-los a esclarecimento e reajuste em tempo devido.
Os Doadores de Carinho, em assembleia encantadora, postaram-se à frente dele e acariciavam-lhe os cabelos empastados de sangue.
Os Enviados da Luz acenderam focos brilhantes nas chagas doloridas, fazendo-lhe olvidar o sofrimento.
Trabalhavam os mensageiros do Céu, em torno do Sublime Condutor dos Homens, aliviando-o e exaltando-o, como a lhe prepararem o banquete da ressurreição, quando um anjo aureolado de intraduzível esplendor apareceu, solitário, descendo do império magnificente da Altura.
Não trazia seguidores e, em se abeirando do Senhor, beijou-lhe os pés, entre respeitoso e enternecido. Não se deteve na ociosa contemplação da tarefa que, naturalmente, cabia aos companheiros, mas procurou os olhos de Jesus, dentro de uma ansiedade que não se observara em nenhum dos outros.
Dir-se-ia que o novo representante do Pai Compassivo desejava conhecer a vontade do Mestre, antes de tudo. E, em êxtase, elevou-se do solo em que pousara, aos braços do madeiro afrontoso. Enlaçou o busto do Inesquecível Supliciado, com inexcedível carinho, e colou, por um instante, o ouvido atento em seus lábios que balbuciavam de leve.
Jesus pronunciou algo que os demais não escutaram distintamente.
O mensageiro solitário desprendeu-se, então, do lenho duro, revelando olhos serenos e úmidos e, de imediato, desceu do monte ensolarado para as sombras que começavam a invadir Jerusalém, procurando Judas, a fim de socorrê-lo e ampará-lo.
Se os homens lhe não viram a expressão de grandeza e misericórdia, os querubins em serviço também lhe não notaram a ausência. Mas, suspenso no martírio, Jesus contemplava-o, confiante, acompanhando-lhe a excelsa missão, em silêncio.

Esse, era o anjo divino da Caridade.

***


CARTA A MINHA MÃE

Hoje, mamãe, eu não te escrevo daquele gabinete cheio de livros sábios, onde o teu filho, pobre e enfermo, via passar os espectros dos enigmas humanos, junto da lâmpada que, aos poucos, lhe devorava os olhos, no silêncio da noite.
A mão que me serve de porta-caneta é a mão cansada de um homem paupérrimo, que trabalhou o dia inteiro buscando o pão amargo e cotidiano dos que lutam e sofrem. A minha secretária é uma tripeça tosca à guisa de mesa e as paredes que me rodeiam são nuas e tristes, como aquelas da nossa casa desconfortável em Pedra do Sal. O telhado sem forro deixa passar a ventania lamentosa da noite e desse remanso humilde, onde a pobreza se esconde exausta e desalentada, eu te escrevo sem insônias e sem fadigas, para contar-te que ainda estou vivendo para amar e querer a mais nobre das mães.
Quereria voltar ao mundo que deixei, para ser novamente teu filho, desejando fazer-me um menino, aprendendo a rezar com o teu espírito santificado nos sofrimentos.
A saudade do teu afeto leva-me constantemente a essa Parnaíba das nossas recordações, cujas ruas arenosas, saturadas do vento salitroso do mar, sensibilizam a minha personalidade e, dentro do crepúsculo estrelado da tua velhice cheia de crença e de esperança, vou contigo, em espírito, nos retrospectos prodigiosos da imaginação, aos nossos tempos distantes. Vejo-te com os teus vestidos modestos, em nossa casa de Miritiba, suportando com serenidade e devotamento os caprichos alegres de meu pai. Depois, faço a recapitulação dos teus dias de viuvez dolorosa, junto da máquina de costura e do teu "terço" de orações, sacrificando a mocidade e a saúde pelos filhos, chorando com eles` a orfandade que o destino lhes reservara, e, junto da figura gorda e risonha da Midoca, ajoelho-me aos teus pés e repito:
- "Meu Senhor Jesus-Cristo, se eu não tiver de ter uma boa sorte, levai-me deste mundo, dando-me uma boa morte."
Muitas vezes o destino te fez crer que partirias antes daqueles que havias nutrido com o beijo das tuas carícias, demandando os mundos ermos e frios da Morte. Mas, partimos e tu ficaste. Ficaste no cadinho doloroso da saudade, prolongando a esperança numa vida melhor no seio imenso da Eternidade. E o culto dos filhos é o consolo suave do teu coração. Acariciando os teus netos, guardas com o mesmo desvelo o meu cajueiro, que aí ficou como um símbolo plantado no coração da terra parnaibana, e, carinhosamente, colhes das suas castanhas e das suas folhas fartas e verdes, para que as almas boas conservem uma lembrança do teu filho, arrebatado no turbilhão da Dor e da Morte.
Ao Mirocles, mamãe, que providenciou quanto ao destino desse irmão que aí deixei, enfeitado de flores e passarinhos, estuante de seiva, na carne moça da terra, pedi velasse pelos teus dias de insulamento e velhice, substituindo-me junto do teu coração. Todos os nossos te estendem as suas mãos bondosas e amigas e é assombrada que, hoje, ouves a minha voz, através das mensagens que tenho escrito para quantos me possam compreender. Sensibilizam-me as tuas lágrimas, quando passas os olhos cansados sobre as minhas páginas póstumas e procuro dissipar as dúvidas que torturam o teu coração, combalido nas lutas. Assalta-te o desejo de me encontrares, tocando-me com a generosa ternura de tuas mãos, lamentando as tuas vacilações e os teus escrúpulos, temendo aceitar as verdades (...), em detrimento da fé (..), que te vem sustentando nas provações. Mas, não é preciso, mãe, que me procures nas organizações (...) e, para creres na sobrevivência do teu filho, não é preciso que abandones os princípios da tua fé. Já não há mais tempo para que teu espírito excursione em experiências no caminho vasto das filosofias religiosas.
Numa de suas páginas, dizia Coelho Neto que as religiões são como as linguagens. Cada doutrina envia a Deus, a seu modo, o voto de súplica ou de adoração. Muitas mentalidades entregam-se aí no mundo, aos trabalhos elucidativos da polêmica ou da discussão. Chega, porém, um dia em que o homem acha melhor repousar na fé a que se habituou, nas suas meditações e nas suas lutas. Esse dia, mamãe, é o que estás vivendo, refugiada no conforto triste das lágrimas e das recordações. Ascendendo às culminâncias do teu Calvário de saudade e de angústia, fixas os olhos na celeste expressão do Crucificado e Jesus, que é a providência misericordiosa de todos os desamparados e de todos os tristes, te fala ao coração dos vinhos suaves e doces de Caná, que se metamorfosearam no vinagre amargoso dos martírios, e das palmas verdes de Jerusalém, que se transformaram na pesada coroa de espinhos. A cruz, então, se te afigura mais leve e caminhas. Amigos devotados e carinhosos te enviam de longe o terno consolo dos seus afetos e, prosseguindo no teu culto de amor aos filhos distantes, esperas que o Senhor, com as suas mãos prestigiosas, venha decifrar para os teus olhos os grandes mistérios da Vida.
Esperar e sofrer têm sido os dois grandes motivos, em torno dos quais rodopiaram os teus quase setenta e cinco anos de provações, de viuvez e de orfandade.
E eu, minha mãe, não estou mais aí para afagar-te as mãos trêmulas e os cabelos brancos que as dores santificaram. Não posso prover-te de pão e nem guardar-te da fúria da tempestade, mas, abraçando o teu Espírito, sou a força que adquires na oração, como se absorvesses um vinho misterioso e divino.
Inquirido, certa vez, pelo grande Luiz Gama sobre as necessidades da sua alforria, um jovem escravo lhe observou:
- "Não, meu` senhor!... a liberdade que me oferece me doeria mais que o ferrete da escravidão, porque minha mãe, cansada e decrépita, ficaria sozinha nos misteres do cativeiro."
Se Deus me perguntasse, mamãe, sobre os imperativos da minha emancipação espiritual, eu teria preferido ficar, não obstante a claridade apagada e triste dos meus olhos e a hipertrofia que me transformava num monstro, para levar-te o meu carinho e a minha afeição, até que pudéssemos partir juntos, desse mundo onde tudo sonhamos para nada alcançar.
Mas, se a Morte parte os grilhões frágeis do corpo, é impotente para dissolver as algemas inquebrantáveis do espírito.
Deixa que o teu coração prossiga, oficiando no altar da saudade e da oração; cântaro divino e santificado, Deus colocará dentro dele o mel abençoado da esperança e da crença, e, um dia, no portal ignorado do mundo das Sombras, eu virei, de mãos entrelaçadas com a Midoca, retrocedendo no tempo, para nos transformarmos em tuas crianças bem-amadas. Seremos agasalhados, então, nos teus braços cariciosos, como dois passarinhos minúsculos, ansiosos da doçura quente e suave das asas maternas, e guardaremos as nossas lágrimas nos cofres de Deus, onde elas se cristalizam como as moedas fulgurantes e eternas do erário de todos os infelizes e desafortunados do mundo.
Tuas mãos segurarão ainda o "terço" das preces inesquecidas e nos ensinarás, de joelhos, a implorar, de mãos postas, as bênçãos prestigiosas do Céu. E, enquanto os teus lábios sussurrarem de mansinho - "Salve Rainha ... mãe de misericórdia ... " começaremos juntos a viagem ditosa do Infinito, sob o dossel luminoso das nuvens claras, tênues e alegres, do Amor.
Humberto de Campos

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Mensagem N°56820
De: arnaldo antoniode jesus Data: Sexta 2/4/2010 17:09:16
Cidade: Taiobeiras /MG

Para ajudar ao Alberto Senna em enviar os convites para a "festa de arromba" do "Mais Lido",venho pedir ao mestre Waldir Senna e Oswaldo Antumes permisão, pois fasso parte desta familia,tive o prazer de conviver e aprender nesta conceituada escola que foi O Jornal de Montes Claros, durante 14 anos da minha adolencência e juventude, fiz parte da equipe dos anos 80. Gostaria acrescentar nesta lista do meu irmã Alberto os nomes daqueles que continuaram a fazer nos anos 80 "O Mais Lido" até a última edição, como do rei Falcão (falecido), linotipista vindo de Imperatriz (MA), "que dizia ter ganhado na loteria por duas vezes e gastado tudo em passagem de Avião", Avilmar Gomçalves "Negretinho",grande profisional da maquina de fazer titulos, João Babão,responsável pela impressão na "moderna" impressora, Luis Jaburu, seu auxiliar, João o homem dos "Clichês", Geiza a simpatica recepcionista, sem deixar de mencionar os mones Luis Ribeiro, Pedrão, Girleno Alencar, Edson e dos colegas jornaleiros " O mudo", Cirilo "treme treme", Rosquinha e Joâo Batista de Xavier, hoje advogado.Lembrando que o amigo Zé Branco faleceu. Obrigado Alberto Sena por fazer me voltar aos anos de muita felicidade e a predizagem da minha vida justamente no dia do meu aniversário. Abraços.

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Mensagem N°56813
De: Ana Data: Sexta 2/4/2010 11:00:48
Cidade: Montes Claros  País: Brasil

Mais um vez o céu de Montes Claros mais simplificado no bairro Alto São João é iluminado de balas ontem por volta das 22:00 aconteceu mais um tiroteio dessa vez foi o pior de todos relatos de uma pessoa conta que sunidos de bala passou bem perto dele isso aqui tá uma vergonha até quando as nossas noites vão ser embaladas por barulhos de tiros...

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Mensagem N°56811
De: Alberto Sena Data: Sexta 2/4/2010 08:32:45
Cidade: BH

Identificado o autor do bilhete

Alberto Sena

Deslindado o mistério do autor do bilhete anônimo deixado no alpendre da casa do sargento Leite, na sede do Tiro de Guerra, o TG 87, lá pelas bandas da Vila Ipê, em Montes Claros.

Quem leu o texto intitulado: “Veneno da Madrugada”, publicado aqui neste “montesclaros.com” sabe do que estou falando. É que o atirador Ornelas – Chico Ornelas – depois de ler a crônica, se é que posso chamá-la assim, telefonou-me dando nome ao boi, quer dizer, ao atirador.
Imaginem todos como é que as coisas acontecem. 42 anos depois, o autor do bilhete se revelou em um encontro de atiradores realizado em Montes Claros, no final do ano passado. Fui convidado para o encontro, mas, infelizmente, não pude comparecer.
Dia 29 de março deste ano, à tarde, eis que fui surpreendido pelo telefonema de Ornelas: “li a sua crônica e sei quem escreveu o bilhete”. Ele foi logo dizendo. E disse ainda mais: “participei do encontro e o caso do bilhete, por coincidência, foi um dos assuntos lembrados”.
Ornelas, muito gentilmente, mandou-me todas as fotos tiradas na ocasião e pude ver que a nossa tropa se transformou, 42 anos depois, numa tropa de barrigudos, com algumas poucas exceções. Reconheci todas as caras, mas não me lembrei do nome de todos.
Lembrei-me do nome do atirador Câmara (Roberto), hoje médico; o atirador Nélio, o próprio Ornelas; atirador Narciso (José Regino), irmão de Paulo Narciso; e do “cabo” Souto (ponho aspas em cabo porque tudo não passava de um arranjo dos sargentos; ele era atirador como nós; não tinha feito curso de cabo coisa nenhuma).
Sobre o “cabo” Souto tenho uma historinha particular para contar.
Num belo dia de sol, o sargento Marcos incumbiu o “cabo” de comandar o nosso pelotão. Ele ordenou que marchássemos levantando os pés nas alturas. Eu achei aquilo desnecessário e desobedeci ao comando dele. Ao que Souto veio correndo na minha direção, com toda autoridade de “cabo” e ordenou:
__ Sena, marcha direito!
Não dei ouvidos. Continuei marchando como achava mais sensato, pois não via necessidade nenhuma de levantar as pernas tão alto assim. Meu número de guerra era 10.
Claro que o “cabo” ficou irritado com a minha rebeldia. Como estava no comando do pelotão, acho que ele tinha até razão, mas eu, já no final do exercício, com 58 pontos perdidos (com 60 pontos o atirador era excluído e mandado para a capital), com o saco cheio daquela coisa toda, teimei em continuar marchando diferente dos outros.
Ao que o “cabo” Souto gritou:
__ Sena, marcha direito!
Continuei do mesmo jeito. Ele ficou possesso e gritou lá de trás:
__ Se você não marchar direito vou chutar suas pernas!
Eu disse:
__ Venha chutar.
É claro que ele não foi e me ameaçou:
__ Vou dar uma parte de você ao sargento.
Na sede do TG, ele cumpriu a ameaça e o sargento me chamou num canto para dizer que eu seria excluído porque já havia perdido 58 pontos. E completou:
__ Você só não será excluído se o “cabo” Souto retirar a parte; converse com ele.
Eu já estava para explodir de revolta daquilo tudo. Vivíamos em pleno auge do movimento Beatles e uma coisa que muito me incomodava era ter de cortar os cabelos tipo “príncipe Danilo”. Meus cabelos eram grandes, antes, e ao cortá-los a auto-estima foi lá embaixo.
Ademais, tinha de acordar todo dia às 4h da madrugada, sendo que muitas vezes chegava em casa às 2h, vindo de alguma festa, coisa que naquela época acontecia com a maior freqüência, para me apresentar no TG às 5h em ponto. Ficava o dia inteiro igual zumbi, pingando de sono.
Resultado: não conversei com o “cabo” e deixei o caso rolar. Sei que o atirador Câmara e outros amigos conversaram com o “cabo”, e ao final da instrução, o sargento reuniu o pelotão e perguntou:
__ “Cabo” Souto, como é que fica; vai retirar a parte contra Sena?
Ao que ele respondeu:
__ Sargento, eu bem que podia não retirar, porque ele foi orgulhoso e não veio conversar comigo. Mas em todo caso, vou retirar.
Foi um alívio. Imaginem, depois de tanto sufoco ter de ir para Belo Horizonte e perder mais um ano na vida?
Mas, enfim, retomando o início do texto, pois acabei me divagando, foi deslindado o mistério do bilhete, como eu escreveria, naquela época, no “Mais Lido”, pois já era repórter cobrindo o setor de polícia. O autor foi o atirador 121, Atayde.
E o que estava escrito no bilhete? Perguntei ao Ornelas. E ele me respondeu:
__ Isto o Atayde não quis informar. Disse que nem no pau-de-arara revelaria.

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Mensagem N°56810
De: Ruth Tupinambá Data: Sexta 2/4/2010 08:02:19
Cidade: Montes Claros - MG

Vox populi, vox dei”

Ruth Tupinambá Graça


Abrindo o jornal deparei-me com uma noticia alvissareira que causou-me grande alegria.
O Prefeito Tadeu Leite interrompera o desmatamento da Serra do Sapucaia.
A “ferida” enorme provocada pelos tratores em seus pés, causou uma grande revolta em todos os montes-clarenses e o pior é que este ato absurdo não era ilegal.
A Prefeitura autorizara vendendo 3 lotes à Associação dos Arautos do Evangelho no loteamento do Ibituruna, aprovado em 2/3/2004. Em 2008 a Administração passada declarou a referida Associação como entidade de utilidade pública, o que facilitou o desmatamento que, aos poucos, ia acabar com a beleza dos montes que rodeiam nossa cidade. Em 2009, com posse da certidão emitida pelo Prefeito de Moc, os Arautos começaram o trabalho com tratores.
Mas é certo o ditado: “Vox Populi, Vox Dei”.
(A voz do povo é a voz de Deus)
Surpreendido positivamente, o Prefeito - sensibilizado com o clamor do povo - num ato de magnitude acabou de vez com a “tragédia”, propondo aos “Arautos” uma troca de terreno (o que foi logo aceito), acabando assim o pesadelo que angustiava todos nós.
Mas, acreditem. Enquanto os tratores, impiedosamente, jogavam por terra aquelas árvores centenárias - afugentando os pássaros, atirando longe seus ninhos e seus filhotes... Eu sofria.
Da janela do meu quarto (sétimo andar) eu via aquela cratera e me revoltava. Não me conformava vendo desaparecer toda a beleza daquele morro.
As lembranças logo se afloravam em minha mente ao ver aquela serra tão maldosamente arrasada. Na certa, outros lotes seriam vendidos e os desmatamentos acabariam descaracterizando a nossa cidade, acabando com os montes que lhe deram o nome.
Eu não queria que isto acontecesse. Conservava na mente toda a beleza daquele lugar, quando ali mesmo - onde hoje são os bairros nobres - outrora foi a “Fazenda do Melo”, propriedade do Dr. Santos, aquele grande homem, médico, que foi prefeito da nossa cidade e por ela muito trabalhou.
Ele era muito dinâmico, inteligente, muito evoluído e naquele tempo (anos 20) construiu lá uma grande piscina. Era a única em toda a redondeza da cidade e uma grande novidade que os jovens montes-clarenses aproveitavam. Toda a extensão - onde hoje estão localizados os bairros Melo, São Luiz e Ibituruna - pertencia à sua fazenda. Muitos anos antes pertencera ao meu avô Domingos Garcia Tupinambá que, vindo da Bahia, aqui se estabeleceu com uma fazenda e grandes negócios. Com sua morte, a mesma foi passando para outros proprietários, até chegar ao Dr. Santos.
Quando menina, na época do meu avô (era muito criança), tenho poucas lembranças daquele lugar mas na minha juventude eu me lembro de tudo.Com saudade.
Frequentei muito aquele pé de serra.
Naquela época a nossa cidade era muito pequena, pouca distração, de sorte que a nossa maior alegria era o passeio na piscina do Dr. Santos.
Saia todas as manhãs com as companheiras: Yeda e Yolanda Maurício, Ydoleta Maciel, Mary e Zuleika Bessone, Alaide Amorim, Natália Peixoto, Luíza Guerra, Yris Sarmento, Helena de Paula, Lia Prates e as minhas irmãs Fely e Maria que, embora mais velhas, sempre nos acompanhavam.
Íamos a pé pela Av. cel. Prates até a Santa Casa e, por incrível que pareça, aí terminava a cidade. Daí pra frente seguíamos dentro do mato por uma estrada estreita e poeirenta. Mas íamos felizes pois na juventude não se conhece tristeza e estávamos naquela fase de ilusões, sonhos e esperanças.
Apostávamos que naquelas idas à piscina os exercícios e a natação nos dariam belas formas, fazendo desaparecer a barriguinha e alguma gordurinha indiscreta que tanto nos preocupavam.
Mas não há bem que sempre dure.
A piscina não era como as de hoje, tratada e com muito luxo. A água entrava e saia naturalmente (vinha de algum riacho ou córrego) e era aproveitada para molhar o pomar e a horta.
O Dr. Santos, médico estudioso, descobriu que a piscina era um foco de Xistosomose.
Com grande tristeza interrompemos nosso passeio matutino: a nossa “Academia” estava condenada.
Até hoje eu me lembro, com saudade, daqueles serras e da fazenda tão bonita que desapareceu transformada hoje nos luxuosos Bairros: Melo, São Luiz e Ibituruna. Que Deus tome conta das nossas serras, conservando-as para o embelezamento da nossa cidade.

(N. da Redação: Ruth Tupinambá Graça, de 94 anos, é atualmente a mais importante memorialista de M. Claros. Nasceu aqui, viveu aqui, e conta as histórias da cidade com uma leveza que a distingue de todos, ao mesmo tempo em que é reconhecida pelo rigor e pela qualidade da sua memória. Mantém-se extraordinariamente ativa, viajando por toda parte, cuidando de filhos, netos e bisnetos, sem descuidar dos escritos que invariavelmente contemplam a sua cidade de criança, um burgo de não mais que 3 mil habitantes, no início do século passado. É merecidamente reverenciada por muitos como a Cora Coralina de Montes Claros, pelo alto, limpo e espontâneo lirismo de suas narrativas).

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Mensagem N°56809
De: Samuel Data: Sexta 2/4/2010 08:00:12
Cidade: Moc

É quase sempre assim. Vista à distância, no espaço de uma semana e até menos, a meteorologia sempre encontra alguma chuva no horizonte de Montes Claros. Contudo, chegando o dia, a chuva mixa. Ontem, havia previsão de 12 milímetros para esta Sexta-feira da Paixao. Choveu ontem à tardinha e neblinou durante a noite. Mas a previsão de 12 milímetros mixou para 2 milímetros!! E apenas para 5 milímetros, amanhã. Restaram sol e nuvens - já agora o templo nublado começa a dissipar-se. Os ventos hoje chegarão a 14 milímetros. E árido o sertão.

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Mensagem N°56808
De: Helena Data: Sexta 2/4/2010 07:27:13
Cidade: Montes Claros

Esta noite foi especialmente barulhenta no "triângulo da impunidade". Uma banda começou a tocar já na madrugada da Sexta-Feira da Paixão e prosseguiu até depois do amanhecer. Foi a noite toda, praticamente sem intervalos. Não tivemos sossego. Ouvi o barulho a quarteirões de distância. (...)

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Mensagem N°56801
De: José Prates Data: Quinta 1/4/2010 21:53:39
Cidade: RIO DE JANEIRO RJ

TIRO DE GUERRA

JOSE PRATES

Lendo agora o Montesclarosnoticias, parei na mensagem de Flávio Pinto falando sobre o Tiro de Guerra, porque tem a ver comigo, não como “atirador”, mas, como instrutor auxiliar, no inicio dos anos cinqüenta, primeiro com o Sargento Alaor, depois com o Sargento Menezes e por fim, com o Sargento Benicio. Muitos atiradores daquela época podem não existir mais. São cinqüenta anos passados que, com toda certeza, não fizeram os que ainda existem esquecer os momentos alegres e ás vezes pitorescos na sala de aulas ou nos exercícios de campo que eram feitos ali mesmo, na Praça da Estação, ainda sem pavimentação. Da turma, o único de quem ainda me lembro bem é João Leopoldo.
Os Tiros-de-guerra daquele tempo, como os que ainda existem hoje, têm uma história longa e bonita. É uma experiência brasileira que nasceu, segundo registros, em 7 de setembro de 1902, quando Antônio Carlos Lopes fundou, na cidade de Rio Grande-RS, uma sociedade de tiro ao alvo com finalidades militares e, depois de 1916, foram impulsionados pela pregação patriótica de Olavo Bilac - Patrono do Serviço Militar, originando, então, uma espécie de escola de formação de reservistas de segunda categoria. Isso permitiu evitar o êxodo rural para atender à obrigatoriedade do serviço militar nas capitais, onde estavam as unidades militares do Exército Nacional.
O Tiro de Guerra , enquanto existiu nas cidades interioranas, desempenhou um papel de grande importância na vida do jovem que prestou o Serviço Militar, participando, efetivamente, do esforço de promover a Segurança do País. Durante a prestação do Serviço Militar, matriculado no TG, o jovem passava por um amplo trabalho educativo, calcado em ensinamentos de moral e civismo, mesclado ao espírito de corpo, de sã camaradagem, autoconfiança, disciplina, segurança em suas próprias ações, responsabilidade, sentimento patriótico, etc, além de não impedir o exercício de suas atividades civis que não sofriam solução de continuidade. As instruções militares eram desenvolvidas de forma que permitiam a continuidade dos compromissos profissionais, estudantis e ainda mantinham o jovem no convívio da família. Portanto, suas responsabilidades aumentavam, o que lhe desenvolvia o aprimoramento do caráter e fortalecia a personalidade do cidadão útil e íntegro, pois a segurança da Pátria democrática e a segurança da família se entrosavam e se completavam. As instruções militares propriamente ditas ministradas em campo aberto eram elementares, quase exclusivamente ordem unida, por falta de espaço e condições para outras manobras mais avançadas, tipicamente militares.
A formação do Sargento Instrutor de Tiro de Guerra desde aquele tempo e até hoje, pois, em alguns lugares eles, ainda, existem com a mesma finalidade, passa por cursos de relações humanas e alguns outros que lhe capacite à educação militar e cívica do atirador, porque o Tiro de Guerra não foi e não é, apenas, uma escola estritamente militar, mas, sobretudo uma escola de civismo e cidadania. O TG 87, nosso Tiro de Guerra, teve, por isso, um papel fundamental na formação dos nossos jovens de então, como Nivaldo Maciel, João Leopoldo e muitos como Flavio Pinto que honraram e honram a sociedade montesclarense. Eu sei que o prédio que foi a sede do TG, na Praça da Estação, inicio da Rua Melo Viana, não existe mais, como, também, não existe o velho fuzil ordinário tipo 1908, nem o velho cinto de guarnição usado em serviço e que dava ares de autoridade ao soldado postado como “sentinela” na porta da sede.
Lendo a mensagem de Flavio, eu gritei em pensamento: Tiro de guerra, Sentido! Em continência ao terreno, apresentar armas! Em homenagem aos instrutores e atiradores que já se foram!

(José Prates, 81 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores).

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