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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 26 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Fazendo a história

Manoel Hygino dos Santos - ´Hoje em Dia´

A história só se constrói mediante a reunião das pequenas histórias, nascidas da transmissão oral ou escrita através de sucessivas gerações. Não há povo sem pequenas histórias, daí não existir povo sem História.
O comentário vem a propósito dos numerosos fatos, fatos corriqueiros, do cotidiano, que naturalmente se vão incluindo na História, com h maiúsculo.
Faço esse preâmbulo para chegar ao âmago da questão: um livro de Ruth Tupinambá Graça, editado em 1986, mas que somente agora, por motivos que não convém esmiuçar, tenho o prazer de ler.
A conterrânea autora faz um comentário preliminar, que se casa perfeitamente às ideias das primeiras linhas deste comentário: ´Quando me propus a escrever este livro, não tive a pretensão de ser uma historiadora. Quis apenas contar histórias, obedecendo aos impulsos de um coração saudosista, cheio de recordações.
Histórias que ouvi, momentos vividos intensamente, lembranças que ficaram guardadas (na minha alma e na minha retina), como um filme lindo que vimos na infância, adolescência ou juventude, um filme que nos emocionou muito e do qual nunca nos esquecemos!´
O propósito foi amplamente alcançado. ´Montes Claros era assim...´ é uma bela recriação de um passado que não se perdeu na noite dos tempos, nem sempre sombrio, como imaginado pelas pessimistas. A escritora nos apresenta uma sociedade e uma cidade rica em valores humanos, em costumes assentados, em tradições cultivadas e consolidadas, com respeito e amor.
São cerca de 150 páginas, no belo estilo que caracteriza os textos de uma família privilegiada, que tem apreço e carinho para com a terra em que formou, em que gerou netos, que continuam o caminho. Não é um livro frio, meros relatos de acontecimentos pretéritos em uma cidade singular, de personagens sempre evocadas pelo seu poder ou por sua simplicidade, às vezes pela modéstia de comportamento, todos contribuindo para uma obra que se admira hoje por sua grandeza e importância.
Constitui, como adivinhou e pretendeu a autora, um passeio cheio de saudade, em uma ´terra de gente simples, sem luxo, preocupada apenas em viver, progredir, sem contudo prejudicar alguém - uma comunidade pequena, pouco civilizada, mas alegre como uma só família de mineiros...´
Com belos picos-de-pena de Marcelo Lélis, com fotos de alguns lugares importantes ao desenvolvimento citadino, Ruth Tupinambá Graça propicia um panorama sentimental, tão do agrado dos que conhecem a terra indômita e seu povo alegre, carinhoso, às vezes bravo, quando necessário.
Nada se esqueceu, a partir da matriz de antigamente, conservada presentemente com muito zelo. Jogos que fizeram a ventura de jovens de outras épocas, as escolas infantis, os caixeiros-viajantes, o circo, o mercado, com bruacas e bruaqueiros, o búlgaro que revolucionou a horticultura local, Crhistoff (pai do genial Konstantin, o pintor, e excelente médico), o velho João Maurício e Mauricinho, nosso confrade na Academia Mineira de Letras.
Como em toda cidade do interior, não faltava a euterpe, presente nos momentos de maior vibração cívica, mas também nos instantes de dor com sua marcha fúnebre; Papai Noel e as versões sobre sua existência, os pontos de encontro da mocidade, o ´footing´ da Rua Quinze, a sanfona que esquentava os bailes ou as noites dos homens que vinham vender seus produtos no mercado, os bares mais conceituados, os botecos, os carros de boi, as boiadas, os jornais, inclusive a ´Gazeta do Norte´, onde comecei este itinerário que já se faz longo.
Dona Yvonne de Oliveira Silveira, presidente da Academia Montesclarense de Letras, observa:
´Ruth salva do olvido figuras, fatos e coisas, no espaço em que viveram, e que se vai dissolvendo na inexorável passagem do tempo. E salva-se, também, tornando viva a sua voz, não só como narrador homodiegético, que se identifica como observador, que conheceu pessoalmente as personagens refeitas no seu discurso memorialista´.

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