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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 26 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O CABARÉ DE ZÉ COCO (série MeloViana) Em 1968, a autoridade municipal de Montes Claros desencadeou uma campanha repressiva, social, político e policial, proibindo a presença das damas da noite que há sessenta anos faziam ponto em casas de encontro e dancing no centro comercial da nossa urbe. De 1910, o Marimbondinho de Ana Capivara até 1968 à Roxa, Niama e a elegante Teresinha Bombril. As profissionais da noite foram removidas na marra e levadas em caminhões e caçambas da prefeitura local, como gado bovino, até o conjunto de casas que ficou conhecido como Cabaré de Zé Coco, ocupando parte das ruas Corrêa Machado, Risério Leite, General Carneiro, Bahia e Beco Carijó, no bairro Morrinhos. O point era o galpão conhecido como Cabaré de Zé Coco. Bar, restaurante, salão de dança e quartos alugados para as damas das camélias, que naquele tempo, residiam no local de trabalho. Ao todo, uns cinqüenta imóveis foram locados, acomodando um efetivo de seiscentas profissionais da noite, remanescentes do trotoir do centro da cidade e da sua história de becos românticos, tangos e boleros em pista sintecada. As beldades que mais se destacavam eram a Eliana, a mais bela de todas, a Bilisquete, uma baixinha que dançava os ritmos da moda, a Tarzan e a Sérgia, duas tomba-homem. Encarava qualquer parada e derrubavam o fintão no chão pisando no seu pescoço. A profissional mais requisitada era a Maria Bocaiúva, uma mestra em Kama-sutra tupiniquim e técnicas francesas de alcova. Tinha quarto privativo e em separado do conjunto, dado ao seu status. Morreu no acidente automobilístico que ficou conhecido como A Curva das Raparigas em1970. O conjunto musical que animava a casa maior era composto por Lauzinho da Guitarra, Cí Baixinho na percussão e Piruleta. Som brega ao estilo jovem guarda Wanderley Cardoso, Wanderleia, Roberto Carlos e Wilson Simonal. O malandro mais esperto que circulava no pedaço chamava-se Vivi Peixe Galo, que cegava os otários na hora do golpe. Pelas ruas e becos circulam, a bicicleta de Canão, Eustáquio Perneta, João Sexta Feira e Padeço. Os mais valentes eram os policiais Geraldo da Rapa e Wilson Fróes. Branquinho Sarará, que terminou estrepado numa lâmina fria, e o mecânico Vovô que levou seis besouros sem asa de 38 na caixa torácica e está vivo até hoje. Em 1977, com a liberação dos costumes, o ócio tomou conta do conjunto e a mística do cabaré perdeu status. Chegou ao fim! As damas da noite foram adoecendo por falta de recursos e má alimentação as doenças infecto-contagiosas, venéreas e a tuberculose e a depressão fizeram o resto do serviço. Os responsáveis pelo serviço social do município, espalharam um boato, na pura guerra psicológica, dando conta de uma nova e terrível doença venérea, chamada Cai, Cai, estava grassando no conjunto. Foi o fim do movimento local. Não deram a menor chance para aquelas que dedicaram sua juventude ao prazer de terceiros, acolhendo e aplacando as taras da população masculina. Aplacando a semântica libidinosa do homem da roça. Desumana, arbitrariamente, negaram-lhes quaisquer tipos de socorro ou ajuda e se quer lhes prestaram a menor assistência financeira ou social. Numa atitude preconceituosa e anticristã. Confirmando a terrível e heróica saga da vida de prostituta.

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