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Mensagem: “Vou-me embora prá Pasárgada” “Vou-me embora prá Pasárgada / Vou-me embora prá Pasárgada / Aqui eu não sou feliz / Lá a existência é uma aventura / ... Farei ginástica / andarei de bicicleta / montarei um burro bravo / subirei no pau-de-sebo / tomarei banhos de mar! / E quando estiver cansada / Mando chamar a Mãe d’água / pra me contar as histórias / Que no tempo de menina / Rosa vinha me contar / Vou embora prá Pasárgada”. O noticiário sobre a crise financeira amainou e foi substituído pela tragédia de Santo André, um seqüestro acompanhado de morte que traumatizou o país; sem contar o festival de baixarias na campanha política. Não se apresentam programas de governo e as agressões pessoais permeiam todas as falas. Para conquistar o poder, vale tudo! Ninguém se engana quando consulta o coração, porque ele é sábio, não precisa ficar pensando, elaborando, raciocinando. Em meio a um mundo tão insano, a esse ódio e violência que levam aos grilhões da intolerância me perguntei: Por que não vou prá Pasárgada a procura de paz e tranquilidade? Uma vozinha lá de dentro me respondeu: não se perca em metáforas, põe os pés no chão e encare a realidade do momento em que vive. Não dei confiança, inconformada entrei no túnel do tempo a procura do arco-iris que me levaria prá Pasárgada, aquele mundo mágico onde se vive sem medo, dorme-se sob a luz das estrelas e levanta-se com o azul das manhãs. Escuto o poeta me chamar: - Menina, o que fazes por aqui? Como chegastes? Há tanto tempo ninguém aparece por essas bandas! Respondo que consultei meu coração, e, como não conseguia ter paz num mundo em guerra e não querendo dramatizar a vida mais do que ela já é, lembrei-me de Pasárgada e cá estou. O poeta deu aquele sorriso de cumplicidade e me disse: - Fique a vontade, o tempo que quiser. “Em Pasárgada tem tudo / É outra civilização”. Sento-me em um banco, sob um jasmineiro e o seu perfume transportou-me para outros tempos mais felizes. Recordar é apaziguar. O ato de recordar é saudável, nos acolhe fortalecendo os laços de ternura. Naquele momento de plenitude, lembrei-me que estamos no mês de Outubro, mês que homenageia a Mãe Aparecida e os professores. Vieram à lembrança todos que me educaram e lembrei-me especialmente de D. Lili Madureira que me alfabetizou, D. Rosita Aquino com quem concluí o primário e D. Arlete Macedo minha alegre professora de canto orfeônico. Todas vivas, saudáveis, lúcidas e de bem com a vida. Elas me mostraram as promessas contidas nos livros da infância; ensinaram-me a valorizar a música, a leitura, os valores cívicos, a ética. Elas educaram e não apenas transmitiram conhecimentos. Essas professoras tinham luz própria, magnetizavam os alunos e nos mostraram o amanhã de nossa geração e, por isso, elas moram num lugar bem ensolarado do meu coração. Não sei quanto tempo fiquei em Pasárgada, pois estava além do tempo e do espaço. Tive a sensação de eternidade, de leveza, de que a vida é uma manhã luminosa de Abril. Reciclando sentimentos, reencontrei-me. Despeço-me do poeta mais leve que um vôo de borboleta. Agradeço-lhe por ficar num canto secreto do seu paraíso, passeando entre lagos e jardins floridos. Acalmei minha alma para enfrentar o peso desses dias. Compartilho a dor das famílias de Eloá e Nayara. Eloá já está em sua Pasárgada, e o gesto solidário de sua família em doar seus órgãos, me devolve a fé e a esperança de um mundo melhor! Volto para casa, deixo o sol e o vento entrar e soprar o medo, a angústia, a revolta ante toda violência que veio se acumulando nesses dias de tantas dúvidas e inseguranças. E, novamente, lembrei-me do poeta.”E quando eu estiver mais triste / mais triste de não ter jeito / Vou-me embora prá Pasárgada“!
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