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Mensagem: O NATAL EM JACARACI José Prates Quando chega dezembro, aproxima-se o Natal e nossa lembrança é levada ao passado, nos colocando nas festas natalinas de nossa infância despreocupada no distante sertão baiano, quando, sequer podíamos imaginar o que nos estava reservado neste mundo de incertezas em que hoje vivemos. A pequena Jacaraci que me viu nascer numa casa caiada de branco, com portas azuis, no largo da feira, ficou distante, já desapareceu da memória de muita gente que se foi ainda cedo, na busca de recursos que a cidadezinha não podia oferecer. Mas, as lembranças dos natais daquela cidade menina, a minha memória não perdeu: ficaram adormecidas para serem despertadas a cada ano, amenizando as desilusões que nos traz o ocaso da vida. As lembranças mais agradáveis são das visitas aos presépios, de casa em casa, admirando a arte e a beleza de cada um. Uns, pequenos, no canto da sala, enfeitados com “cascas de pau” apanhadas no cerrado; outros, grandes, tomando conta de meia sala, com enfeites naturais trazidos da mata. Ao lado de Maria e José, atentos ao menino na manjedoura, estavam o carneirinho, a vaca, o cavalo e os pastores. Encimando a gruta, uma grande estrela iluminando a entrada. Aliavam-se arte e religiosidade para mostrarem a humildade exemplar, refletida na manjedoura, o primeiro berço do menino Jesus.Naquele tempo, em Jacaraci, os presépios mais bem feitos e bem enfeitados, eram o de Dona Dedé, esposa de “seu” Mulatinho e o de “Sá” Maria de Albino na Rua de Baixo Eram, então, os mais visitados. O interesse da meninada em visitar os presépios não estava, apenas, na beleza da arte ou na grandeza da historia que contavam, mas, também, nos pasteis e caldo de cana que eram servidos aos visitantes. na maioria dos presépios visitados. A chegada dos “reiseiros” com suas fantasias, tocando gaitas e tambores, cantando musicas natalinas, atraia muita gente que os acompanhava de casa em casa, onde entravam saudando o morador e pedindo para ele a benção do menino-Deus. No dia seis de Janeiro, terminava a “reisada” e uma casa era destinada para a festa de encerramento. Havia, também, as “pastorinhas”, um grupo de adolescentes dividido em duas fileiras, uma vestida de azul significando o manto de N. Senhora e outra de vermelho, significando o manto de Jesus. Conduzindo lanternas coloridas, também, iam de casa em casa com seus canticos alegres, saudando o Senhor recém-nascido, Quanta diferença do que vemos hoje com o desaparecimento da beleza romântica do folk-lore natalino. A agitação da vida, chamada moderna; a volúpia dos negócios num mundo voltado para o comercio, na ânsia capitalista, fizeram desaparecer no povo o interesse pelas manifestações bonitas de religiosidade como “reiseiros”, e “pastorinhas”, Até a Missa do Galo mudou de horário. O passado, porem, está presente em nossa lembrança que a cada ano nos conduz a ele, fazendo-nos revivê-lo, quando voltamos a visitar, cheios de alegria, os presépios de Dona Dédé e Sá Maria de Albino que estão vivos em nós. (José Prates, 81 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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