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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A vida perde sentido Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´ Homem armado faz reféns em ônibus no Rio, em represália pela traição da esposa. Ladrão ataca com faca e humilha vítima. Mãe acusada de matar filhos com serra elétrica apanha na cadeia. Menino com horas de nascido é atirado do 4º andar de prédio. Professora grávida, em véspera de casamento, é morta na frente da filha de 4 anos. Estes são apenas alguns poucos do riquíssimo elenco de crimes e atrocidades que se tornaram comuns no Brasil, tão pródigo como se propaga, tão reduzido em amor ao próximo. Nas cidades do interior e na capital, multiplicam-se crueldades impensáveis para o homem civilizado do século XXI. Em velhos tempos, os filhos ilustres de minha terra se reuniam à tarde na porta da farmácia de Mário Veloso, cidadão conspícuo, observador, bem-humorado, para comentários sobre a vida de um modo geral: os costumes, a evolução científica, os caminhos e descaminhos das pessoas e da política, a beleza morena das moças, a elegância das senhoras, o crescimento urbano... tudo enfim. Filomeno Ribeiro, em terno de linho para melhor suportar a canícula, assentava-se à porta de sua casa, e acompanhava o movimento da rua, gente de todas as idades, pobres e remediados, trabalhadores, que iam ou voltavam do trabalho, e ali quedava na tranquilidade dos justos. Ele, um dos homens mais ricos de todo o Norte de Minas, vivendo a sua paz enquanto se contavam as horas do dia e se despregava a folha com o dia respectivo na folhinha. Pode-se fazer, assim, presentemente, quer se habite a cidade grande ou os pacíficos lugares de nosso imenso interior? Leio a edição de 31 de janeiro deste nosso jornal e constato que cada vez mais violentos ficam os nossos mundos brasileiros e Minas se encontra nele incluída. A repórter Renata Galdino em extensa matéria de página dupla resume o que sabemos, mas que precisa ser exposto em letra de forma. A violência está solta, a despeito das imprescindíveis medidas adotadas pelo poder público. Fere-se e mata-se mais do que em passados tempos. Fere-se por motivo fútil e ou motivo algum, por uma desavença de somenos importância, por um esbarrão na rua ou em estabelecimento comercial, após uma troca de palavras ásperas, por uma simples brincadeira que a alguém não agrada. Simplesmente se mata. Renata conta: um idoso esfaqueou o amigo por causa de uma aposta num jogo de sinuca; um policial assassinou com um tiro o irmão durante uma discussão familiar. O rapaz brigou com a namorada e, rompida a relação, ficou insana dor pelo namoro desfeito. A morte é solução para quem não sabe viver de bem com a vida e que irá passar longa temporada atrás das grades. As drogas contribuem eficazmente para esse estado de coisas, inclusive o álcool, embora outras estejam abarrotando o mercado. A liberalidade dos costumes para quem não é educado desde o berço contribui para esse ambiente de desrespeito ao próximo e de insensibilidade. A vida passou a valer menos ...ou nada. As autoridades têm um grave problema a resolver, um desafio social que muito exigirá de sucessivas gerações. O desconforto nasce principalmente em famílias menos estruturadas, na promiscuidade da casa dos pais, no senso de responsabilidade que, repetidamente, não tiveram e não sabem transmitir aos filhos. Disse Renata Galdino: ´Uma pesquisa divulgada pelo Centro de Estudos de Criminalidade e de Segurança Pública (Crisp) da UFMG, em 2008, apontou que pelo menos sete em cada dez assassinatos e tentativas de homicídio em Belo Horizonte são qualificados por motivo fútil ou torpe´. O estudo analisou uma amostra de 265 denúncias apresentadas pelos promotores do I e II Tribunais do Júri da capital entre 2003 e 2005. ´Os crimes acontecem principalmente depois de brigas, discussões, por vingança e conflitos amorosos.´ Mas o álcool e as drogas ilícitas, sobretudo o crack, são ingredientes presentes nesse casal incontido de violência, que sobrecarrega a Justiça e enche as cadeias e os presídios. Um gravíssimo problema, que não se resolverá apenas com os agentes da lei, indispensáveis, nas ruas. Não será fácil mudar essa tendência, esse temível quadro, que se universalizou entre nós. As soluções estão nos lares, e nas escolas, mas também estes passam por um período de intensa crise. Muitos sofrerão ainda.

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