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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Cem anos do poeta Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´ Cândido Canela, se vivo fosse, completaria cem anos em 22 de agosto de 2010. Evidentemente, sua cidade natal, que é também a minha, deve programar algo para homenageá-lo, porque ele o merece. Repito, como ele iniciou um de seus contos: Abre-se aqui uma janelinha poeirenta do passado, para trazer de nosso burgo da lembrança uma figura das mais extraordinárias deste nosso tempo, que ainda não acabou. Meu avô o chamava de Nozinho e havia liames de família. E Nozinho sabia dos fatos todos, mesmo os supostamente sigilosos, da vida da cidade e de seus habitantes. Levou vida modesta, como de seu feitio e formação, porque não chegado às alegrias fugazes e ao luxo. Era um comedido, fez os cursos primário e secundário na terra natal. Participou das atividades locais, ou regionais, com denodo na hora em que ele se tornava necessário, ingressou na vida pública e foi vereador, porque jamais quis ultrapassar esse limite. Corajoso, foi considerado comunista, quando a classificação se destinava aos que não temiam os poderosos. Foi chefe de escoteiros, porque era então um modo de praticar civismo e solidariedade, qualidades que não lhe faltaram ao longo da existência. Serventuário da Justiça, tinha contato com ricos e pobres, com os segmentos mais humildes da população, a que orientava e servia. Se o cidadão não dispusesse de um dinheirinho para pagar o reconhecimento da firma, não cobrava. Lhano no trato, cavalheiro, era de incrível verve e de fabulosa memória. Sabia de tudo e de todos, sem recorrer a livros e anotações. Quando se instalou uma emissora de rádio na cidade, convenceu-se de que o novo instrumento de comunicação ajudaria os cidadãos na integração. Com malícia e ironia, contava casos na figura de Chico Pitomba, aliado a Mané Juca, ambos já falecidos. Também são cem anos... e não é o sertão muito rico em macróbios. Colaborava para os jornais locais, principalmente com a ´Gazeta do Norte´, em que também comecei a trajetória que caminha ao final. Escreveu vários livros, o primeiro dos quais ´Alma cabocla´, utilizando os temas da terra sertaneja e seu linguajar, que tão bem soube usar. Outros vieram, sempre aureolados pelo sucesso, porque o público se identificava com sua poesia, apreciava sua espontaneidade. Depois, coube-me, em época remota, editar ´Lírica e Humor do Sertão´, que tampouco se encontrará, pois consumido pelos leitores adquirentes e, a esta altura, carcomido por tantas décadas. Poucos, talvez nenhum, soube transmitir os sentimentos, de contentamento e dor, de angústia, de ansiedade e as aspirações de sua gente (minha) como esse filho de Antônio e Luíza Canela, um nome de prestígio e querência. Uma prole, que podia ser comum à época. Os pois tiveram 18 filhos, reduzidos os de Cândido a cinco, do casamento com Laurinda, cujo lar era visita obrigatória durante minhas visitas à cidade. Assentado na rede de uma varanda interna, cercado por árvores, flores que impregnavam de carinho o ambiente doméstico, o proprietário era dono de sua felicidade e sabia bem empregá-la. O historiador Hermes de Paula, cujo centenário recentemente também se festejou com toda justiça, registra que o tronco da família Canela foi o pater Antônio. O apelido recebeu por herança de seu pai, que o ganhou por ter pernas muito finas. Com o correr dos anos, o apelido se transformou em nome de família. O patriarca nascera na fazenda da Raiz, no velho distrito de Contendas, hoje Brasília - de Minas, filho de humildes lavradores naturais da velha propriedade rural. Um berço de trabalho honesto. Aos três meses, morreu-lhe a mãe. Ainda criança, tornou-se menino da ´casa grande´ do coronel Sanção, cursou três meses de escola da roça, sendo essas suas únicas luzes nas letras. A prática da vida e o bom exemplo o fizeram chefe de um clã respeitado, em que incluiu Cândido, agora centenário.

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