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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 19 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Derrubaram hoje, a golpes de trator, a única homenagem de M. Claros a um dos seus filhos mais venerados pela recente história mineira. O sábado foi usado para fazer desaparecer a construção que na Rua Hermenegildo Chaves, ao lado da Matriz, sustentava a placa colocada ali para celebrar - na modestíssima viela que tem o seu nome - as comemorações pelo centenário deste excepcional jornalista. Irmão do poeta e seresteiro João Chaves, com ele co-autor de modinhas inapagáveis. Não tiveram o cuidado de retirar a placa de honra, lançada e recolhida entre os escombros de uma construção centenária, sustentada por aroeiras, quase defronte à velha Escola Normal. E onde nasceu a cidade que Monzeca amou. Exatamente atrás da primeira casa do primordial ajuntamento, a do fundador. Monzeca, era este o seu nome de alma. A notícia instantâneamente chegou a grandes amigos e admiradores na imprensa brasileira, que a receberam compungidos. Um deles, para lembrar um, chamou-se Rubem Braga. O maior cronista do Brasil. Numa de suas páginas, reverenciou Monzeca, ao ter notícias de que o velho mestre e amigo continuava frequentando a Rua Goiás 36, sede do jornal Estado de Minas. Onde, diariamente, tinha o costume de comer bolinhos de feijão. Rubem Braga então registrou em livro: se Monzeca continua lá, Minas existe, e eu confio em Minas. Monzeca, por tempos, asilou a velha alma de Minas. Útil ainda lembrar, na tarde doída: já morto em 1968, foi de Monzeca o editorial de primeira página em toda a então poderosa cadeia dos Diários Associados que anunciou ao Brasil a morte de Assis Chatreaubriand. O velho capitão vinha doente. O editorial permanecia pronto para a emergência do anúncio. O tempo foi passando. Monzeca morreu, Chateaubriand ainda demorou um ano ou mais, e quando o desenlace veio ninguém se apresentou, à altura, para substituir o panegírico já composto nas oficinas. Tinha o título ´Um infortúnio Nacional´. O infortúnio de hoje, o golpe anônimo, e por isso mais doloroso, contra a memória de Montes Claros em torno de um filho venerado na imprensa nacional, mais conhecido e mais celebrado do que na própria terra, o golpe é cava ferida. Que dói, desalenta mais do que revolta, e permanece. Tristemente, ocorre no momento em que M. Claros, por conta de um atentado contra candidato a presidente da República, frequenta desairosamente todas as bocas, num largo murmúrio pátrio. Monzeca é o oposto desta página, melancólica também para nós. Dolorosa. Sempre que se ouviu o seu nome, em qualquer parte, imediatamente a menção faz erguer clima de profundo respeito, e acatamento, em preito devido ao que há de mais alto no humanismo das Minas. É este o sentimento que hoje soluça, contido. Estamos de luto. Monzeca, em vida, foi extremamente modesto, como o são os grandes homens. Certamente, não ligaria. Porém, os que conhecem a expressão do que foi a sua conduta, humana e de sábio, tendo apenas o curso primário, estes, estamos desolados. (Vivo, Monzeca nos faria calar, e obedeceríamos. Morto, é ainda maior do que vivo. Não desce a escombros).

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