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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 6 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Geraldo Martins Santana. Este nome não deve ser esquecido pelos montes-clarenses. Morreu jovem, combatendo os nazistas no norte da Itália. Conheço muita gente que vai a Pisa, na Toscana, visitar a torre inclinada. Mas esquece que, ali perto, 25 mil brasileiros, lutando ao lado do 5º Exército dos EUA, enfrentaram a feroz tropa alemã, fortificada na Linha Gótica, de um lado a outro da costa italiana, na desesperada tentativa de deter o avanço dos aliados que marchavam contra Berlim. Na monumental igreja que antecede a famosa torre de Pisa, quase sempre ignorada, aconteceu um momento de glória da FEB: os expedicionários cantavam o hino brasileiro enquanto a aviação de Hitler despejava bombas. Não interromperam, não arredaram o pé, foram com o Hino Brasileiro até o fim, enquanto bombas caíam. Modestos brasileiros lutando pela liberdade. E isto, este documentário, felizmente hoje pode ser visto, consultado a qualquer momento. É só buscar na internet, e reviver um momento de esperança e alento para o Brasil. Pois bem. Lá, nos Apeninos gelados, morreu o montes-clarense Geraldo Martins Santana, alcançado por uma bala de fuzil entre os olhos. Seu corpo - ao lado de outros 400 e tantos brasileiros - foi sepultado no Cemitério da FEB, em Pistóia. Nos anos 60, todos foram removidos para o Aterro do Flamengo, o memorial que na antiga capital da República, o Rio, celebra os brasileiros que lutaram e morreram na Segunda Guerra Mundial. Menciono o fato, por 2 motivos: encontrei o registro fotográfico do nome nosso conterrâneo no panteão eternamente velado em Pistoia (foto), cercado pelo reconhecimento da população do Norte de Itália, que não se cansa de agradecer aos ´brasilianos´ por sua liberação. Segundo: para mencionar que o Brasil tem patriotas, palavra quase proibida, sempre dispostos a sair das sombras para reconstruir o caminho da Liberdade, pois assim o fez até nos distantes campos da Europa. Geraldo Martins Santana, irmão do lendário professor Pedro Martins de Santana, é um deles. É muito maior, infinitamente maior do que a singela plaquinha de esquina que nos fundos da Matriz assinala rua e casa onde nasceu. E por quais princípios e valores - aprendidos ali - viveu, e morreu. A carta do pai ao filho, ainda nas trincheiras, antes do tiro fatal, é um dos documentos mais venerados pela FEB. Mas, há notícia de que o filho tombou (em 9 de novembro de 1944) antes de ler a carta do pai. Muitos mais leram. A CARTA ´Montes Claros, 28 de outubro de 1944 Querido filho Geraldo: Saudades… Recebi do Quartel-General do Rio de Janeiro comunicação que foste incorporado à Força Expedicionária Brasileira. Não foi pra mim nenhuma surpresa, porque o soldado está sempre sob as ordens dos seus superiores e deve acatar essas ordens com todo o respeito. Foste incorporado porque era necessário que a Pátria insultada respondesse à agressão dos corsários Nazistas que agiram debaixo de espesso nevoeiro, matando nossos irmãos. Aqui, em casa, todos receberam com imenso orgulho essa notícia. Filho, jamais surja em teu cérebro o pensamento de um homem covarde. Seja firme no cumprimento do dever, principalmente quando a nossa Pátria foi traiçoeiramente atacada pelos vilões de além-mar. Não importa que o intenso inverno dificulte a nossa marcha ou que o sol abrasador faça demorar o avanço, o certo é que precisamos chegar até o fim do nosso itinerário ombro a ombro com as FORÇAS ALIADAS. Ainda me recordo daquela bela poesia que diz em uma de suas estrofes: Para a frente que importa a invernada, Temporal, inclemência de sois. Quem for fraco, que fique na estrada, Que a vanguarda é o lugar dos heróis. Pedimos a Deus para conservar tua pessoa ilesa das balas assassinas dos Nazistas; porém, se for do agrado do Altíssimo que o teu corpo tombe no campo de batalha, para que muitos outros vivam, seja feita a vontade de Deus. O ataque deve ser repelido embora sucumbam alguns dos nossos. Que papel faríamos se permanecêssemos de mãos cruzadas quando o inimigo comum tentou ultrajar a nossa soberania? Seremos por ventura alguma estátua onde o sangue não circula? É legal trair nossa tradição? Não, isto não. Dos túmulos de Caxias, do Tenente Antônio João, de Camisão e outros mais, ouviríamos o grito da dor do insultado dizendo-nos: Irmãos, hoje mais do que nunca o Brasil precisa vingar os seus filhos. Levai em resposta à agressão a esses Nazistas o brilho de uma baioneta empunhada para que os nossos sejam vingados. E, assim, acalmarão as ondas tempestuosas do mar furioso, e a bonança reinará para todos os povos do mundo, que foram vítimas dos sutis ataques do Eixo. Portanto, filho, não queiras ter maus pensamentos e jamais haja em tua pessoa o desespero. Seja também calmo. Porque todos nós temos que morrer um dia; logo, é desnecessário e mesmo indecente o desespero. Muitos se enganam com a morte. Ela não causa assombro a ninguém, porém enobrece a muitos. Se for preciso, morre em honra da Pátria e viverás eternamente. A tua lembrança ficará sempre conosco. Um conselho: conserve sempre a tua fé em Deus e jamais a deixe seduzir por outrem. Todos nós estamos indo bem graças a Deus. O que sentimos são saudades tuas, mas esperança de que em breve estarás aqui em Montes Claros conosco. Terminando, pedimos a Deus por tua pessoa e pela honra e glória do Brasil e o cabal êxito da FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA. Queira aceitar a benção de teu pai e os abraços que teus irmãos, tias e cunhados lhe mandam. Teu pai, Antônio Martins de Santana Primo ´

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