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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Hotel São Luiz – Dia dos Viajantes João Carlos Sobreira Não me lembro quando começaram as comemorações do Dia dos Viajantes, anualmente em primeiro de outubro, no Hotel São Luiz (destruído em incêndio na década de 1970. Localizava-se à rua Dr. Santos esquina com a praça Dr. Carlos, onde hoje se encontra o moderno prédio da COPASA, construído para sede da extinta Caixa Econômica Estadual). Tenho a impressão que foi desde sempre. Quando ele foi inaugurado, em 1939, eu tinha apenas dois anos. Na minha lembrança sempre houve, no hotel, a celebração deste dia, até envolvendo, às vezes, vários setores da cidade. É claro que o tamanho e a quantidade dos eventos, dependiam do número e do entusiasmo dos viajantes presentes na cidade. Lembro-me de dia que começava com foguetório na madrugada, seguido de alvorada pela banda da Polícia Militar, mais tarde missa cantada na Catedral (após a morte de papai, a visita ao seu túmulo no cemitério virou um hábito). Aí pelas dez horas uma partida de vôlei e outra de basquete na Praça de Esportes, envolvendo equipes de alguma casa comercial ou empresa industrial versus, naturalmente, equipes de barrigudos viajantes. À tarde, como não podia deixar de ser, uma partida de futebol no velho campo da União (que ficava na rua Dr. Veloso, atrás da atual igreja do Asilo), de novo com barrigudos viajantes se esforçando para correr atrás da bola – alguns até batiam um bolão, como Joãozinho da Souza Cruz - sempre muito divertida. O encerramento começava com um banquete no salão do Hotel São Luiz com a participação de todos os viajantes (hóspedes ou não e os residentes na cidade) e de diversas autoridades, tendo como background algum conjunto musical ou mesmo cantor da cidade. (É interessante notar que àquela época autoridade aqui era delegado, juiz de direito, gerente de banco etc, além de prefeito e bispo). Seu João Cozinheiro caprichava no menu escolhido por mamãe. A bebida era cedida gratuitamente pelas fabricantes através dos seus viajantes (Oswaldo da Brahma e Ataliba da Antárctica) e sempre haviam, no final, calorosos discursos. Mas, nem muitos nem longos, todos restavam ligados no baile de encerramento no Clube dos Bancários. Que sempre terminava pela madrugada, ordeiramente, com todos muito felizes. O mais entusiasmado nessas festividades era meu pai, que quando, na década de 20, conheceu minha mãe, ele era viajante. Quando ele faleceu em 1950, ela manteve a tradição, assumindo a comemoração, talves como uma forma de homenagear o marido morto. A maioria dos viajantes era sempre alegre e divertida. Havia os que, nas horas de folga, gostavam de jogar baralho. Outros de tocar algum instrumento musical, alguns tinham bonita voz. Por falar em bonita voz, havia um que era tenor e vivia cantando árias de óperas, muito bem interpretadas. A maioria mesmo vivia em rodinhas de bate-papo, contando causos e piadas não tão novas, sempre envolvendo algum da roda. Todas essas reminiscências chegaram à minha mente no momento que, pela manhã, abrindo o jornal, me dei conta que hoje é primeiro de outubro, Dia Nacional do Viajante Comercial. Será que ainda tem alguém que sabe disto? Que comemora essa data? Eu, que convivi com essa classe durante quase vinte anos, me sinto no dever de homenageá-la na sua data nacional. Fiz inúmeros amigos verdadeiros e aprendi muito com seu convívio. Todos tratavam D. Zaeth como sua mãe em Montes Claros. Quando meu pai morreu, eu tinha acabado de completar 13 anos. Os viajantes mais freqüentes me adotaram como filho, dando conselhos, orientações e acompanhamento, colaborando, sem que ela soubesse, para que o adolescente não saísse do caminho correto, por causa da perda do pai. Desejo expressar minha gratidão a todos eles, “heróis anônimos”, como diz o seu Hino. Ainda sinto muitas saudades daqueles bons tempos

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