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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 29 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A penitenciária de Neves 01/02/2014 Neves, ou Ribeirão das Neves. É município encravado na Região Metropolitana de Belo Horizonte e o lugarejo nasceu no século 18, em torno da capela de Nossa Senhora das Neves, como conta Wanda Figueiredo, em “Balaio Mineiro”. O livro tinha como primeiro contar a saga da família Souza, na qual Henrique José de Souza ganhou destaque por ser o pai dos celebrados Betinho, Chico Mário e Henfil. A família, de Bocaiuva, foi para Neves, por obra e graça de José Maria de Alkmim, nomeado pelo governador Valadares, diretor da Penitenciária Agrícola de Neves, construída pelo presidente de Minas, Antônio Carlos – mas somente em funcionamento na gestão de Benedito. Como o sistema prisional, por cruel coincidência, está na moda, é bom dizer que a penitenciária de Ribeirão das Neves foi a primeira experiência no Brasil de sistema aberto. Em nível mundial só se comparava sob determinados aspectos à Colônia Correcional de Witzwil, na Suíça. Naquele dia memorável, em 1938, presente o próprio presidente da República, Getúlio Vargas, Alkmim pronunciou um discurso memorável. Declarou, então: “O mundo penitenciário há de constituir uma miniatura do mundo ordinário, de forma que os egressos dele encontrem um universo habitável, onde não se sintam estranhos ou não sejam repelidos. Habituar os detentos ao exercício regular do trabalho agrícola ou industrial, treiná-los para uma carreira em função na sociedade, eis uma das tarefas primordiais das instituições reformatórias. Num país como o nosso, elas podem chegar a definir-se como elementos ponderáveis na organização e distribuição das atividades, transformando energias inaproveitadas ou porque se ignorassem, ou porque tivessem encaminhado a rumos perigosos, em efetivos valores de trabalho”. A penitenciária tinha capacidade para 650 detentos, chegando os primeiros 100 de cadeias de várias cidades e que apresentaram bom comportamento. Foi um êxito à época. Um jornalista espanhol, José Casal, em 1940, afirmou que a melhor impressão que guardou da visita a Belo Horizonte foi da Colônia Penitenciária de Neves. Não encontrou ali o sentimento de tristeza e desconsolo de outros presídios. Destacou o conforto dos detentos em celas individuais, limpas, alegres, alimentação sadia e abundante, modernas instalações sanitárias, cuidados nas enfermidades. “Também se divertem. Dispõem de salão de festas, cinema educativo, organizações líricas e desportivas”. Betinho confessaria que passara ali oito anos de vida. “Eram presos que tinham cometido crimes, às vezes até hediondos, mas eles saíam em grupos de 60, 70, com guardas desarmados. Trabalhavam em fazendas. Era uma prisão modelo”. Não havia rebelião, talvez alguma fuga isolada. Um dia, um dos presos se rebelou. Refugiou-se no campo de futebol, nenhum guarda ousou enfrentá-lo. O franzino Alkmim aproximou-se e argumentou que, se a detenção era de 100 anos, seria paga parceladamente um dia depois do outro. Não seria tão penoso. E determinou: Use o facão para trabalhar. O detento se submeteu. Agora, o sistema parece destinado a transformar-se novamente.

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