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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Vai desaparecer em breve a casa do poeta Cândido Canela, no antigo largo da Santa Casa. A praça era, nos anos 50, o ponto extremo da cidade, naquele rumo. Só depois, por volta de 1965, é que surgiu a avenida Mestra Fininha, em direção ao prédio da Escola Normal, que começava a ser construído. Antes, o que havia era uma sinuosa estradinha que passando exatamente ao lado da capela da Santa Casa levava ao seminário dos Padres de Batina branca, no Melo, transpondo um límpido riacho. Tudo era bucólico, simples, belo. Não havia assaltantes. Havia passarinhos, céu, luar. (Há uma belíssima página de Ciro dos Anjos descrevendo este local, por onde se ia à fazenda do seu pai - coronel Antônio dos Anjos - Antônio, dos anjos, repito. Aquele que, montado a cavalo, ensinou o filho a ler e o levou pela mão à Academia Brasileira de Letras, sempre a cavalo.) Mas, falo aqui da casa de Cândido Canela, que irá ao chão, em breve, para no seu lugar surgir um espigão. Havia lá, há ainda, um caramanchão que fazia de toda noite noites olorosas. Sabem o que é isto - noites olorosas? É saudade; saudade de um tempo tão longínquo, mas tão perto. Os poetas, o que fizeram dos poetas? O sino da capelinha da Santa Casa, levou-o o poeta ao partir? As novenas de outubro, de Nossa Senhora das Mercês, tão medianeira de todos nós, talvez apenas nos céus clamem por todos. E a avenida coronel Prates, a avenida do Jatobá, da Estrela, todas cabendo numa só, o que fizeram delas, com um tiro único, de tocaia? Virou correia de transmissão de um supermercado, levando e trazendo carros, pervertida. Cândido Canela, rogai por nós, vítimas desta violência que é nascer num lugar, ser menino nele mesmo, e a partir daí ter de sair todo dia para tentar inútil achar sua cidade no lugar em que ela real existiu.

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