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Mensagem: “Por cima dos telhados,por baixo dos arvoredos” HAROLDO LÍVIO *Foi bem assim: o menino de 8 anos estava com saudade de casa e arquitetou um plano de fuga infalível. Estava bem tratado em casa de tios queridos, é verdade, porém quisera estar com o pai e a mãe, com os irmãos, à beira de seu rio piscoso, perto do peixe e do martim-pescador, em seu povoado de uma rua só. Rua de uma banda só, pela metade. Aí, então, o menino saudoso achou que se pulasse de um lugar mais alto que o chão poderia decolar, como fazem os pássaros, e voltar voando para casa, “por cima dos telhados, por baixo dos arvoredos”. Lamentavelmente, por motivo óbvio, não conseguiu voar e deu graças a Deus de não se machucar muito na queda inevitável. Foi deste relato autobiográfico que o autor Luiz de Paula retirou o pitoresco título de seu quarto livro, publicado aos noventa anos, em edição artesanal da Editora Millenium, daqui mesmo. Sabe-se que, até recentemente, cobrava-se do autor haver contribuído avaramente para a bibliografia da literatura montes-clarense, rica em obras e da qual é uma das mais expressivas referências. Sempre foi muito conhecido e reconhecido por suas aplaudidas incursões no território da poesia e da prosa, marcando presença, nas folhas locais, com poemas, canções e crônica bissexta. Depois de se aposentar do mister empresarial, e olha que não tem mais a idade de um menino passarinho, ele resolveu colocar suas letras e artes em dia, e o faz caprichosamente, como é de seu feitio, de estudante que sempre foi o primeiro da turma, da escolinha rural de Várzea da Palma até a faculdade no Rio de Janeiro. Numa idade em que os idosos, em geral, julgam estar no limiar do crepúsculo, Luiz de Paula faz de conta que a luzinha distante, no fim do túnel, é o clarão do dia novo que nasce. Enganosamente, não é o pôr-do-sol; é a aurora, é a alvorada que desperta. O menino de 8 anos que desejou voltar para casa, na Palma, partindo de Montes Claros e navegando num céu que só existe no imaginário infantil, conseguiu chegar ao destino. Valeu o sonho do menino exilado do Rio das Velhas, porque ele caiu, levantou e continuou querendo voar. Decolou na vida. O vôo “por cima dos telhados, por baixo dos arvoredos”; este é o sonho do menino que permanece menino, que não envelhece, que não pára de estudar, que não pára de trabalhar, que sempre tem um projeto para construção imediata. Vejo que, repetindo a gentileza de quando publicou o segundo e o terceiro livros, o autor concedeu-me a primazia de ser contemplado com um dos 10 exemplares da edição artesanal, devidamente autografado. Sendo a edição tão escassa, como o livro chegaria ao alcance do grande público? Fiquei sabendo, depois, que a obra está disponível no site eletrônico montesclaros.com . Ainda bem, porque seria um absurdo impedir o acesso dos demais leitores a tão interessante publicação, de autor muito apreciado. Se não estivesse exposta na internet, seria o caso de se sugerir ao Sr. Prefeito seu tombamento como bem do patrimônio cultural montes-clarense, para em seguida decretar a utilidade pública para efeito de desapropriação da obra literária. (Amigável ou judicial!). Seria uma medida coercitiva, realmente, mas uma criação desse jaez jamais poderia ser sonegada ao leitor. Quem leu “Na venda do meu pai” e “Momentos”, e obviamente deliciou-se com a leitura, vai sentir que a festa continua animada, com muito foguete, com muita sanfona. *Do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
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