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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 18 de maio de 2024
 

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Mensagem: Tenho oito ou dez anos Certa feita perguntaram a Galileo Galilei quantos anos ele tinha, e ele respondeu: “Oito ou dez, não sei ao certo”. E completou o sábio italiano: “Tenho na verdade os anos que me restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais, como não tenho mais as moedas que já gastei”. Não sei efetivamente quantos anos eu tenho. Sei apenas que sou possuidor do presente. Mas fiquei até certo ponto satisfeito com uma receita médica. O médico receitou-me tomar dois comprimidos por dia, de um determinado medicamento, pelo resto de minha vida. Tirei disto uma conclusão quase lógica: se eu tomar os comprimidos todos os dias, vou continuar vivendo e viverei enquanto os estiver tomando. Se só tenho o presente, procurou vivê-lo dentro dos princípios filosóficos do existencialismo, respeitando a prioridade da existência sobre a essência, em obediência à lição do filósofo francês Jean-Paul Sartre: ´A existência precede e governa a essência´. O que vale dizer que nós existimos sem que o nosso ser seja pré-definido. Sartre (que recusou receber o Prêmio Nobel de Literatrura) dizia que para o ser humano, “a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma essência posterior à existência”. Nós somos o único ser na face da Terra que tem conhecimento, pelo uso da razão, de que teve um princípio e terá um fim. Com oito ou dez anos de vida, eu existo. Fiz de minha vida o significado de minha própria existência, em presença de minha liberdade de ser. A minha escolha de vida eliminou todas as possibilidades de ser o que não fui, e poderia ter sido. Nasci de certa forma misturado: nem branco, nem preto, nem rico, nem pobre, apenas eu. E o que eu sou definiu os destinos de minha existência. Há os que dizem que se soubessem o que sei e aprendi no curso da existência, seriam ricos, mas não é essa a “essência” de minha existência. O fim da existência é a meta de nossas vidas, mas devemos nos ocupar da vida, como refletia Montaigne, plantando as nossas couves, para que a morte nos encontre sem pensar nela. É por isso que Epícuro pregava a felicidade humana através do exercício do livre arbítrio e afirmava não ter medo da morte, porque, enquanto somos ela não existe e quando ela passar a existir nós deixaremos de ser. Com oito ou dez anos de vida, eu existo. Existo sem angústia, sem buscar enganar a minha própria consciência. Os estudiosos do existencialismo costumam afirmar que: “o peso da liberdade depositado no homem pelos filósofos existencialistas pode parecer excessivamente pessimista, fatalista, de uma solidão extrema no íntimo de nossas decisões”. Não concordo. Não vou ao extremo de pensar como os budistas, que definem a vida ideal através da eliminação dos desejos. Eu os tenho e busco. Também não me alinho ao radicalismo de Epícuro ou de Antístenes. Para Epícuro o prazer era o bem supremo, enquanto Antístenes buscava o encontro da felicidade através do abandono dos prazeres da vida. Como possuidor do presente, do dia que estou vivendo, dentro dos limites da minha “essência”, procuro ser fonte, porto, ponte e estrada.

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