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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 28 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Corria o ano de 1930. O estopim da revolução continuava fumegando com a mesma chama ateada em Montes Claros, na Praça Dr. João Alves. Não discorrerei aqui sobre os lamentáveis acontecimentos havidos naquela noite fatídica de 6 de fevereiro, resumindo-me apenas a transcrever alguns artigos de jornais da época, com referência ao ambiente de simpatia que cercava o famoso médico. Para os leitores da nova geração, que talvez desconheçam o fato, farei um pequeno retrospecto ao ano da revolução, levando-os até o centro da grande cidade sertaneja, de modo que se possam inteirar do ambiente que ali reinava no dia 6 de fevereiro de 1930. A cidade achava-se dividida em duas grandes facções políticas, uma ao lado da “Aliança Liberal” e a outra com a “Concentração Conservadora”, ambas a espera de que o seu candidato saísse vitorioso. No mês de fevereiro, esperava-se na cidade uma caravana política, composta dos homens de proa da “Concentração”, com o fim, diziam, de se oporem ao candidato que sucederia naquele ano ao grande Presidente Antonio Carlos. A caravana desembarcou à noite, tendo sido recebida com grandes manifestações. Da praça da Estação, desceu rumo ao centro da cidade, passando, porém, pela praça Dr. João Alves, cuja residência se achava iluminada e repleta de amigos seus. Ao passar a caravana em frente à residência do ilustre médico, alguém ateou fogo no estopim que incendiaria toda aquela massa humana que se movia ás acotoveladas, atirando uma bomba no Dr. João José Alves. A esse ato impensado, que por certo nunca ocorrera às pessoas de bom senso que dirigiam a política da “Concentração Conservadora”, seguiu-se um tiroteio de conseqüências lamentáveis, nele falecendo correligionários de ambos os lados, não falando naqueles que se tornaram vitimas inocentes da grande tragédia! Como o Governo Central fosse o mentor da oposição que se fazia no Estado ao Governo do Presidente Antonio Carlos, a cidade foi transformada em grande praça de guerra, principalmente com o intuito de coagir as autoridades que formavam o volumoso processo em que se achavam envolvidos o próprio Dr. João Alves e vários dos seus amigos. A imprensa do País, ávida de sensações, dirigida por inimigos da Capital Federal, lançava a peçonha na pessoa de D. Tiburtina, tornando-a desse modo conhecida até no estrangeiro, como o protótipo da mulher cognominada “Paraíba”! A “Folha do Norte”, jornal que se editava em Montes Claros naquela época, lançando-se ao centro da grande arena, aonde se procurava colocar em holocausto o ilustre medico e sua família, escreveu no seu numero de 15 de junho daquele ano de 1930 o seguinte artigo: “O Sr. Dr. João Alves deve estar satisfeito, intimamente satisfeito, com o ambiente de simpatia que se formou em torno de sua pessoa, após os sombrios dias que precederam o 6 de fevereiro deste ano, data fatídica para a nossa cidade, que assistiu estarrecida o desenrolar em suas vias publicas de um conflito sangrento, onde foram ceifadas tantas vidas preciosas e, mais do que isso, inocentes. “A malta de indivíduos famélicos de um falso congresso econômico, exploração política do mais baixo calão, desembarcando nesta terra tradicionalmente hospitaleira e acolhedora, provocou a carnificina que tanto deu que falar ao mundo civilizado. “Desse ajuntamento fatídico, local e adventício, entretanto, ninguém pagou o crime nefando, saindo todos os culpados ilesos, quando pessoas simples, ignorantes do perigo, foram sacrificadas em holocausto à sanha de um Carvalho Brito e asseclas. “A cidade sentiu-se horrorizada e cada um de seus habitantes procurou isolar-se o mais que pode da hecatombe. “Os partidários do britismo, entretanto, menos humanos, ao invés de lastimar o ocorrido com o sentimento e dignidade, começaram a explora-lo, dirigindo-se a carga de sua metralha contra um homem que era preciso exterminar, por constituir o maior obstáculo local à consumação de suas idéias dissolventes. “Foi o Dr. João Alves, que se viu por uma ironia, envolvido no conflito, justamente ele que, como ponderou o nosso iminente prelado, Bispo de Montes Claros, tem tanto zelado a vida alheia, com o sacrifício da sua própria. “Mas a metralha adversária, em tiroteio cerrado, fez dele seu alvo, empregando cartuchame carregado de indignidade, mas sempre de festim, por não produzir os efeitos desejados. “Figura única sobre quem recaiam os ódios, responsável argüido para o acontecimento, de que calculadamente fugiram os seus provocadores, num ambiente de sobressaltos pelo acumpliciamento do governo federal, o Dr. João Alves manteve-se firme na posição de quem estava tranqüilo com a sua consciência, não fraquejando um só instante, fortalecido por um predicado que nunca o abandonou: a virtude. “Hoje, serenado o ambiente, afastada a ameaça que a quase todos atemorizou, a ponto de alguns terem desertado momentaneamente do convívio do velho companheiro, a sua figura aparece ainda maior, cercada de veneração pública, que nele vê não um ferrabrás sanguinolento, mas um espírito aureolado pelas qualidades que sempre o distinguiram, de virtude pública e privada. “O protesto coletivo que inserimos noutra página é uma confirmação disso e vale por uma consagração significativa da individualidade que já nos deu tanto e de quem ainda esperamos muito”. Breve, na medida do possível darei seqüência a historia de vida desse grande Brasileiro, que nasceu e viveu com grande galhardia no norte das Minas Gerais e que tanto fez por Montes Claros, Francisco Sá e toda região. Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.

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