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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: AS EMOÇÔES DO PASSADO

JOSÉ PRATES

Existe um processo de ordem psíquica, não sei bem como explicar, que ao relembrar cenas e atos do passado distante, passamos a revivê-los com a mesma intensidade que o vivemos no passado, inclusive causando-nos as mesmas emoções de tristeza ou alegria.
Não sei explicar isto dentro da psicologia, mas suponho que o subconsciente recebe a recordação como coisa atual e produz todos os efeitos que tiveram na ocasião. Daí a sensação de estarmos vivendo agora, aqueles momentos de alegria ou de tristeza que aconteceram no passado. Hoje, lendo o e-mail que me veio de Kátia Figueiredo que, infelizmente, não conheço pessoalmente, mas que já se incorporou à minha pobre vida, senti essa sensação. Antes, é bom dizer quem é Kátia. Uma montesclarense, professora de nível superior, casada e residente em Jacaraci, minha terra natal. Pois foram cenas de minha infância, vividas naquela Jacaraci pequenina, sem os treze mil habitantes de hoje, que eu revivi com toda intensidade, quando ela fala de Date,seu sogro. Eu o vi atrás do balcão no Bazar David, de propriedade de seu pai, “seu” Chiquinho. Não foi ontem, foi agora. A tela do monitor desaparece, as letras somem e a imagem sai do recôndito da memória e projeta no consciente, fazendo-nos reviver tudo. Naquele instante, pelo milagre da mente, tenho dez anos. Ouço as vozes e reconheço o sotaque sertanejo. Estou na rua, descalço e sem camisa, montado num cavalo de pau, correndo pelo beco de Ti Tone, até chegar ao rio. Amanhã tem escola. Vou levantar cedo, vestir o uniforme, tomar garapa com cuscus e correr aula. Chegamos e ficamos no pátio. Não tarda, D. Julieta aparece saindo de casa. Elegante, vem ela ao nosso encontro. Grande mestra. Formada, com diploma e tudo. Era professora dos meninos. A professora das meninas era nova, veio da Bahia, quer dizer, Salvador. A gente chamava Salvador de Bahia, não sei se ainda é assim. Essas reminiscências quem me trouxe foi a Kátia Figueiredo e eu as vivo agora.
Não sei explicar porque isto acontece, mas é interessante. Parece um mecanismo que nos transporta para o passado, produzindo todos os efeitos emocionais daqueles momentos. É um sonho nítido, real. Quem me explica isto?

(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal, percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a família. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente adido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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