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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Mural

Jornalismo exercido pela própria população

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Mensagem N°10202
De: Oswaldo Antunes Data: Quinta 19/1/2006 11:34:02
Cidade: Montes Claros

A VINGANÇA ATUALIZADA

Oswaldo Antunes

Depois de caracterizar-se como desforra, a criminologia pretendeu dar ao castigo prisional o sentido de reeducação e reparação da tranqüilidade social. O crime suscita medo de repetir-se quando não há intimidação. E a sociedade, apesar de sua omissão ou egoísmo procura defender-se. Na verdade, reeducação do delinqüente nunca existiu, a não ser em casos particularíssimos. Ao contrário, as cadeias sempre funcionaram como escolas de graduação criminal. Enquanto tudo evolui, o modo de corrigir delitos permanece na forma antiquada das desigualdades sociais. Com o aumento do procedimento delituoso, cresce também a revolta coletiva. E sem poder punir a organização criminosa, a agressividade geral volta-se contra a pessoa do criminoso. E acontece o linchamento legalizado que se vê nas prisões, outra espécie de crime. Do modo como é executada, a pena passou a ser vingança. Vingança lenta, ineficaz e prejudicial aos cofres públicos. O leitor possivelmente nunca viu de perto o suplicio, tortura e promiscuidade existentes nos presídios superlotados. A falta de espaço para movimentar-se, e até para respirar, em milhares de celas por esse País afora, é crime hediondo, maior por estar muito ligado à exclusão social. Pena de morte que difere da convencional somente pela crueldade que transforma em sadismo o que devia ser aplicação da Justiça. Segundo Gustavo Barroso, entre os colonos que vieram para o Brasil com Mem de Sá, estava Ana Roiz, mulher do rabino Heitor Antunes que, por insistir, aqui, na pratica de sua crença religiosa, a Inquisição levou para Portugal e condenou. Morreu durante o processo mas, para cumprimento da pena, teve os restos mortais desenterrados e queimados. Esse tipo de punição vingativa criou raízes. Se fizermos a comparação com fatos passados, nos carandirús de hoje a diferença está na legalização da tortura que a televisão mostra diariamente. Antes, por ignorância, se punia a religiosidade. Hoje, o individuo paga por quinhentos anos de hipocrisia social. E não somente aqui. Um americano cego, surdo e doente, ao 76 anos foi executado 23 anos após a condenação. Sofreu parada cardíaca e foi ressuscitado para morrer legalmente no cumprimento da sentença. Em nossas prisões, o corredor da morte é substituído pela tortura moral e física, vícios, sodomia e enfermidades, tudo passivamente aceito como forma de cumprimento da lei.

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Mensagem N°10146
De: Web Outros Data: Terça 17/1/2006 09:38:06
Cidade: Belo Horizonte/MG

As águas passadas

Manoel Hygino dos Santos (Jornal Hoje em Dia, 17/01/2006)

No último dia 5, comentei aqui o Lua Nova, bar no edifício Maletta, que foi por muitos anos ponto de encontro de jornalistas, escritores, artistas, professores, em Belo Horizonte. Agora, saiu um livro sobre aquela gente que fez da capital mineira um núcleo intelectual importante.
Para Luiz de Paula Ferreira, advogado, escritor e empresário em Montes Claros, o café ou boteco pode ser considerado uma instituição nacional e indispensável à comunidade, como sobre o Lua Nova se expressaram várias personalidades. Ao da capital ocorria, por exemplo, o médico e hoje pintor consagrado Konstantin Christoff, como conta o volume recém-editado.
Mas Luiz de Paula recorda um estabelecimento de seu tempo em nossa cidade. Revolvendo velhos papéis, motivado pela minha crônica, encontrou anotações sobre o Bar do Norte, o Bar de `seu` Tito, por sinal irmão de Cyro dos Anjos, autor de livros inesquecíveis e cujo centenário de nascimento se comemora neste 2006.
Quantos passaram pela esquina da Rua Governador Valadares com Simeão Ribeiro, na noite de 18 de setembro de 1966, depois das 20 horas e até alta madrugada, se surpreenderam com uma inusitada aglomeração.
Vou simplesmente repetir o que diz Luiz de Paula: Escrevia-se naquele dia e naquela hora uma página da história de Montes Claros. Fechava-se o bar de `seu` Tito, depois de a casa, tradicional e amiga, cumprir destino igual ao que, um dia, cumpriu no Rio de Janeiro o Café Nice, tradicional ponto de reunião da intelectualidade e da boemia da terra carioca.
Ali pontificaram Olavo Bilac, Raul Pederneiras, Emílio de Menezes, José do Patrocínio e muitos outros. Ali tão notáveis brasileiros marcavam encontros e ali deixavam recados. Ali também florescia a poesia do Brasil, antes que os modernistas em 1922 viessem revolucionar o legado de gerações.
Ao Bar do Norte afluía a geração da mais sadia boemia da cidade, gente de vária formação e profissões, movidos pelo mesmo interesse de devanear, conversar, espairecer, desligar-se dos cotidianos problemas ou sobre eles esmiuçar.
Era mescla de pensamento e doce contemplar das cousas. Nunca faltou platéia. Que páginas, que segredos, que presença de vida em cada noite daquele bar. Benjamim dos Anjos, José Luís Barbosa, Nélson Versiani, Antônio de `seu` Basílio, João de Paula, Vírgilio Pereira, João Botelho, Joaquim Abreu, Domingos Lopes, Olímpio Abreu, Luiz de Paula, João Mió, João Estrelinha, Juquinha Catinga Limpa, Isidório das Vertentes, Augusto-Cadê-a-Chuva, Abdias Marceneiro, Dr. Olegário dos Anjos, Dr. Henrique Chaves, o poeta Geraldo Freire, João Capivara, José de Chico Doce, Domingos de Timóteo, Benedito Maciel, José Paraíso, Augusto Guimarães, Juca Barbosa, Telé Guimarães, Dr. Alfredo Coutinho, Demerval Pena, Ernesto Moles, Hermes Pimenta, Paraguayto, Odilon da Força e Luz, Quinca Malveira, Vavá Alfaiate e tantos e tantos outros.
Com tantos bares, cafés, confeitarias, botecos do Brasil, viu encerrada a carreira, descendo inexoravelmente as portas sobre um tempo que não volta mais; sobre gente que sabia e precisava passar sobranceiramente os dias, aproveitando a cálida presença dos amigos.
Assim como inúmeros estabelecimentos de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, de cidades espalhadas pelo imenso território, o Bar de seu Tito, depois de participar da vida de sua comunidade, pagou tributo à transitoriedade dos homens e de suas cousas. Cessou ali o ambiente propício ao debate franco das idéias da busca abstrata das soluções. Os que sobrevivem àquela época sabem-no perfeitamente.
Divido com Luiz de Paula as reminiscências deste escrito, tão marcado pelo calor humano. Sic transit gloria mundi.

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Mensagem N°10141
De: Waldyr Senna Data: Segunda 16/1/2006 21:03:52
Cidade: Montes Claros

Tema para Reivaldo Canela

Waldyr Senna Batista

Rubens França de Sá, cidadão prestimoso, está estabelecido na avenida Sanitária com pequena indústria de serralheria. Ali ele ganha o sustento de sua família, mas também dedica boa parte do tempo a atender os amigos em trabalhos comunitários e de natureza pessoal. Sente prazer em ser prestativo, o que faz dele uma das pessoas mais ativas do Rotary Clube.
Um dia, há sete anos, assaltou-o a idéia de arborizar o canal do rio Vieira, em frente ao seu estabelecimento. Adquiriu mudas de oitis, que multiplicou nos fundos de sua indústria. Plantou algumas, entregou outras a vizinhos, e logo o canal poluído do córrego adquiriu visual novo, no trecho que começa na ponte da avenida João XXIII e vai até a confluência da avenida Sidney Chaves, no ponto popularmente conhecido como conjunto das castanheiras (que curiosamente não tem castanheiras...).As mudas por ele plantadas prosperaram mais do que as que ele confiou aos vizinhos, porque ele as regou assiduamente com água da torneira.
Seu exemplo foi seguido por alguns habitantes das imediações, como Édson Soares e um seu vizinho, que fizeram a arborização a partir das “castanheiras” até o final da avenida Sidney Chaves usando mudas de árvores frutíferas ( manga, caju, acerola e outras ), molhadas com água de cisterna transportada em regadores. Elas estão uma beleza.
A prefeitura, na administração passada, ao que se informa compelida por decisão judicial, também fez o plantio de dezenas de árvores, a montante do riacho, até a antiga ponte da Vila Brasília. E, mais recentemente, a empresa Monvep, de consórcio de veículos, ao “adotar” o trecho da avenida, realizou plantio, daquele ponto, até a ponte em frente ao restaurante Lumas. Somando tudo, são quase quatrocentas árvores em franco desenvolvimento, a maior parte como resultado do trabalho de Rubens França de Sá, que se orgulha de haver inspirado essa obra de cunho comunitário. Um tema de que melhor cuidaria o nosso amigo Reivaldo Canela, ecologista por devoção.
Pois, na semana passada, quando se dirigia a sua oficina, Rubens foi tomado de estupefação, ao deparar-se com operários da prefeitura roçando o mato que vem tomando conta dos aterros (“gabiões”) da avenida Sanitária e, ao mesmo tempo, foice em punho, decepando árvores. Não se conteve: aos gritos, protestou, ordenou que cessassem a destruição e, como não foi obedecido, quis saber de quem partira a ordem absurda. Os assustados operários citaram o nome de Carmino Silveira, chefe da divisão de parques e jardins da prefeitura, esclarecendo mais que a derrubada se estenderia a todo o canal, até as proximidades do distrito industrial. Nesse percurso, e em outros pontos da cidade, serão plantadas palmeiras, disseram eles. Àquela altura, já haviam sido ceifadas umas trinta árvores.
O barulhento e obstinado Rubens, ali mesmo, disparou telefonemas para o prefeito Athos Avelino, para o secretário Paulo Ribeiro ( meio ambiente ) e para o chefe de divisão autor da ordem destruidora, mas não conseguiu falar com nenhum deles. Apelou então para o Ministério Público, onde estava o promotor Daniel Batista Mendes, que conseguiu sustar o corte até que o alto comando da administração retorne à cidade. Mas, mesmo assim,o indignado Rubens continuou agindo: falou em reunião de alguns clubes rotários, apelou a órgãos da imprensa e se diz disposto a tudo para preservar as árvores. Contesta o argumento de que elas teriam de ser substituídas para preservar o canal cimentado do rio, pois ele está cinco ou seis metros abaixo das raízes.
O episódio é ilustrativo (no pior sentido) do que constantemente ocorre quando da mudança de administração, nos três níveis: quem assume imagina que a história só começa a partir de sua chegada. Alguns precisam se afirmar e mostrar serviço, o que os leva a cometer absurdos como esse crime ecológico de que estamos falando. Nada recomenda a substituição de oitis e frutíferas por palmeiras, até porque estas podem não vingar, enquanto as outras têm até sete anos de idade. E quem garante que, com as alternâncias futuras, não surgirá outro administrador munido de motosserra deitando abaixo as palmeiras?
O exemplo de Rubens França de Sá, em vez de desmerecido, precisa ser apoiado e recomendado. Principalmente no momento em que se festeja a criação do parque da Lapa grande, que visa, exatamente, a preservação da natureza. Uma contradição.

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Mensagem N°10133
De: Oswaldo Antunes Data: Segunda 16/1/2006 11:37:03
Cidade: Montes Claros

A PALAVRA NO SILENCIO

Oswaldo Antunes

É de Jacques Maritain a afirmação surpreendente: o amor possui uma só palavra e, dizendo-a sempre, nunca a repete. Pode-se imaginar não ser essa palavra, a comum expressão gramatical e sim a manifestação intuitiva do silencio que fecunda. A comunicação pelos sons, que nasceu com no tempo e a evolução silenciosa, fez-se necessária, mas não necessariamente indispensável. Por ser arranjo verbal, costuma deturpar a essência do pensamento e seu efeito simbólico pode ser esquecido ou deletado. Só a comunicação feita dentro do silencio com a fonte da criação se preserva além dos limites do tempo. Em parte dependemos da emissão dos sons para transmitir imagens mentais e nos alegramos ou entristecemos com seus efeitos. Mas quem vive e trabalha na formulação das palavras, sabe que elas nem sempre são a essência dos sentimentos. Cecília Meireles se referia ao temor humano pela incapacidade de mostrar que nos acabamos todos os dias na tristeza, na dúvida, até no amor; assim como nos renovamos nos sentimentos. Para ser outro, somos sempre o mesmo e morremos por idades imensas, até perder o medo de morrer. As verdades imutáveis, as que independem de vocábulos, causam medo. Embora o ser humano se aproxime pela voz, é no silencio que se doa e é sempre verdadeiro. Na passagem em que Pilatos perguntou a Cristo o que é a Verdade, Ele permaneceu calado mostrando a inutilidade do que poderia ser dito. Assim também, na criação do mundo, o principio se confundiu com o nada, só o espírito pairou sobre as águas onde o verbo silencioso criou. Imaginemos então que assim tudo pode ter sido feito e assim poderá vir a ser com tudo e cada. E veremos que vale a intuição do que existe e não pode ser dito na mudez das coisas. Na predição silenciosa em que as flores se perpetuam e não se repetem. No movimento das águas, rios que sobem e nuvens que descem para os rios. Na mudez das pedras que permanecem enquanto as palavras passam. Muitas vezes nos vexamos por conversar quando estamos sós. Quando ouvimos o inaudível e dialogamos com o inconsciente. E nos incomodamos porque uma palavra inexata deu a essa manifestação do silencio um significado patológico. Mas foi dialogando assim consigo mesmo, intuitivamente, que Albert Einstein descobriu as leis elementares que mudaram o mundo. Para chegar ao imensurável a palavra não é necessária.

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Mensagem N°10106
De: Flavio Pinto Data: Sexta 13/1/2006 21:00:15
Cidade: Belo Horizonte-MG

PORCOS E PRATOS VERDES



Um prato que sempre gostei - aliás todo mineiro que se preze e não tenha problemas com colesterol e estas coisitas à toa que levam o cidadão, devagarzinho, ao
cemitério, gosta – é um leitãozinho à pururuca.
Prato obrigatório no Natal , mas que nós, mineiros adoramos comer e repetir o ano inteiro.
Mas, vocês me desculpem a franqueza, porco verde eu não como não, e nunca comerei, já vou adiantando para o pessoal de Taiwan.
Até que comprar um relógio baratinho à prova d’água - que não agüenta nem cheiro de neblina - posso, até. Mas é só.
Embora confesse, deixando na trilha da imaginação a veia culinária me levar, me passasse levemente pela cabeça que uma leitoa verde com arroz branco e pequi poderia até ser um belo de um prato patriótico, digno de reis e presidentes estrangeiros em Brasília.
E o azul ? Perguntarão logo os mais afoitos, e eu lhes direi : o pequi é lá de Campo Azul !
E está morta Inês.
Eu vi no Mural um alerta sobre essa modificação genética, que parece estar em moda por este mundo afora onde o povo não tem mais o que inventar.
Mutatis, mutandis, lembro de já ter me ocorrido vontades e necessidades de promover eventuais mutações genéticas, como a querer consertar certas coisas para a felicidade do bem comum.
Na política também, onde existe o vermelho vergonha de trair o voto recebido e o amarelo burro fugido de não cumprir as promessas feitas antes da eleição.
Mas isso é outra coisa...
Das que eu, pseudocientista de fundo de quintal, já pensara em mudar a original coloração, tentando fazer parte desta modernidade pré-apocalíptica, uma, com toda a certeza, seria passar o abacate para outra cor que não fosse o verde. Inclusive a própria casca.
Mas não passou da simples idéia.
E explico : meus filhos, quando pequenos, nunca o comiam porque não gostavam de nada verde, aí incluído todo e qualquer tipo de verdura ou legumes levemente esverdeados.
Era quando eu, preocupado e antiquado pai, lhes apresentava, então, com ares de vitória, cenouras e beterrabas e, do mesmo jeito, sem nenhuma alegação plausível, eles também os rejeitavam, apesar do colorido diferente.
Acho que foi aí que minha carreira de futuro cientista louco transformador genético se encerrou.
Quanto ao abacate, anos mais tarde vim prová-lo com sal e temperos, o famoso “guacamole” item obrigatório do cardápio da comida típica mexicana e não detestei de todo, desde que acompanhado de alguma carne, permanecendo a verde coloração com sucesso.
Desde que você o prepare e sirva logo, senão escurece.
O petisco mexicano, não o céu.

Abraços a todos.

Flavio Pinto

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Mensagem N°10026
De: Oswaldo Antunes Data: Terça 10/1/2006 11:48:25
Cidade: Montes Claros

O POVO CONTRA O POVO

Oswaldo Antunes

Somos um país com desigualdade social e racial gritante, injusta e antiga, mas aceita e tida como inevitável. Pretos, pardos, mulatos, índios e pobres, na vida pratica, não são iguais aos outros. Essa desigualdade é explorada nas campanhas eleitorais, quando se busca o poder, não para mudar, mas para mantê-la. Brancos e ricos podem usar Caixa 2; mestiços e pobres, não. O Presidente do Superior Tribunal Eleitoral está confirmando a impossibilidade de acabar com o Caixa 2, que sempre existiu nas eleições. A desigualdade de tratamento é um tipo de violência que não usa força física, vale-se de uma convenção falsa de liberdade. Suas vitimas não reclamam, chegam até a formar opinião a favor do opressor. Mas quem está fora do País, vê. O filosofo italiano Antonio Negri, 72,professor titular da Universidade de Pádua e professor de filosofia do Colégio Internacional de Paris, escreveu recentemente: "Há vários meses, com doses a cada vez renovadas de hipocrisia e cinismo, o governo Lula está sendo praticamente linchado por toda a grande imprensa nacional. Em um país como o Brasil, a "criminalização" de apenas "dois anos" do único governo não oriundo elites, seria hilária se não fosse trágica. Apenas o preconceito de classe e até racial pode explicar tão leviana adesão a uma "verdade do poder" que - no Brasil - tem a mesma cara e a mesma violência da desigualdade social e racial da qual ela é uma triste representação." Já dissemos que a onda formada pela imprensa partidária está impedindo nossa primeira administração popular, que, aprendendo, acerta em muitos setores e erra muito politicamente. Essa onda, puramente eleitoral, prejudica, inclusive, a atuação dos bons jornalistas. Há poucos dias o jornalista Waldir Senna Batista, com imparcialidade e competência, criticou o modo darecepção ao Presidente em Montes Claros e disse que ele fez aqui campanha política. Quando há reeleição, como agora, o mal é esse: o que se faz em um período é tido como propaganda para o outro. E gera radicalização: da oposição e dos que defendem o governo. Sair hoje em defesa de um governo popular é ato de coragem. Porque a imprensa orienta a opinião púbica a negar o que está acontecendo de bom. Na economia, por exemplo. O projeto de criação de uma renda universal como a bolsa família, que o mundo vê com otimismo, o radicalismo classifica de demagogia. O aumento constatado da renda rural não interessa. Os recordes da balança comercial, a queda da inflação, o aumento do emprego formal, o menor risco Brasil de todos os tempos, tudo é esquecido. Lembra-se apenas, há quase dois anos, o deprimente episódio Delúbio-Marcus Valério. Cadê os confiscos do Plano Cruzado, a engabelação dos fiscais de Sarney com a hipócrita congelação de preços que acabou no dia seguinte à eleição? E as privatizações sub valorizadas do governo passado, o dinheiro publico para banqueiros, a compra da reeleição de FhC? Nada disso parece ter sido errado, simplesmente porque foi bem feito pela elite. A radicalização, até certo ponto, é necessária como conseqüência. Os que entendem que a imprensa já não é guardiã da verdade e alardeia o falso, não vêem outro caminho, senão o gueto ou a trincheira, para guardar o que é verdadeiro. E somente uma minoria, hoje, está vendo a tisuname da hipocrisia jogar o povo contra o povo.

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Mensagem N°10011
De: Waldyr Senna Data: Segunda 9/1/2006 16:29:46
Cidade: Montes Claros

Mais uma operação tapa-buracos

Waldyr Senna Batista

O que Lula falou aqui sobre estradas não foi exatamente o que, em Brasília, ele já havia mandado executar. Aqui, ele fez apenas o anúncio das medidas, dizendo que iria mandar recuperar a rodovia que liga Montes Claros a Curvelo. Mas quem ouviu entendeu, por conveniência própria, que o presidente estava atendendo o pedido que lhe foi entregue naquele momento e que ele não lera ainda, para a reconstrução da estrada. Rigorosamente, o que ele informava é que seria executada mais uma operação tapa-buracos, das quase uma dezena realizadas no trecho e que a cada ano, sistematicamente, foram levadas pelas enxurradas. É que o anseio dos ouvintes, de solução do problema, era tão grande, que houve recepção inadequada da mensagem. Na verdade, o chefe do governo nem se referia ao trecho crítico que tanto prejudica e preocupa a região, mas, sim, falava da operação emergencial constante de medida provisória, que já assinara e que abrange 26,1 mil quilômetros de estradas em 25 estados ao custo de R$ 440 milhões. Uma migalha em relação ao volume do estrago que transformou quase toda a malha rodoviária do país em imenso pesadelo, que o presidente precisou de exatos três anos de mandato para perceber. E ainda bem que percebeu. Mas como o pessoal havia preparado os ouvidos para a melhor notícia, acabou entendendo mal, ao ponto de alguns políticos, inclusive deputados paraquedistas, cuidarem de assumir a paternidade da criança, quando na realidade tratava-se de repetição da velha fórmula, que nada mais é do que desperdiçar dinheiro público. Com a agravante de que, desta vez, na maior parte da área conflagrada, as chuvas vão continuar intensas, o que impedirá a realização das obras no tempo de sangria desatada que o presidente deseja e precisa. Mas ninguém iria querer desapontá-lo, recusando o presente, mesmo sabendo que a buraqueira vai reaparecer em curto espaço de tempo. E Lula tem pressa, pois a campanha eleitoral já está na rua e ele não quer dar a entender que está mandando executar o serviço em praticamente todo o território nacional só porque vai ser candidato à reeleição. Todo o mundo está convencido de que ele ainda não decidiu ser candidato, e até torce para que venha a ser, pois, se sem ser ele é capaz de tanta generosidade, imagine se vier a entrar na disputa, aí então é que será aquela maravilha. De forma que aquele discurso de Lula anunciando asfalto e criticando os governadores que desviaram para outra finalidade os recursos federais enviados especificamente para o conserto das estradas, não foi assim tão de improviso. Ele falou de caso pensado. O palanque foi adrede armado para isso, embora muita gente tenha considerado que o presidente exagerou ao incluir na visita inauguração de farmácia sem medicamentos e de restaurante popular sem comida. É verdade que entregou quatro ambulâncias para o programa denominado de SAMU e que já haviam sido trazidas pelo ministro da saúde, Saraiva Felipe. Bastaria limitar sua fala às estradas e à definição da instalação na cidade da usina de produção de biodiesel, o que não é pouca coisa. O ministro é que acabou sendo o grande beneficiado pela vinda do presidente, em termos eleitorais, aproveitando bem sua meteórica passagem pelo ministério, pois consta que já estaria limpando as gavetas para entrar na campanha para sua própria reeleição. O que não se pode negar é que a vinda de Lula à cidade foi benéfica e vai marcar época, noves fora os contratempos protocolares e de excesso de segurança, o que é mais do que natural nos dias que vivemos, e a decepção dos eternos aproveitadores, que aí estão tentando demonstrar, sem acanhamento,que fizerem e aconteceram e que, por isso, merecem ter seus mandatos renovados. O povo sabe, o povo decidirá.

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Mensagem N°9999
De: Flavio Pinto Data: Segunda 9/1/2006 10:49:31
Cidade: Belo Horizonte

PRAGA DE NORTE-MINEIRO

Para todos aqueles que nos proporcionaram e contribuíram para a sublime
desventura e vergonha de chegarmos a este ponto, de ter que nos sujeitarmos
ao pagamento de um espúrio pedágio para ir além dessa placa , nesta outrora
linda estrada asfaltada (que já foi nosso orgulho) conseguida a duras penas
e pedida até em versos pela nossa fina flor musical...

...Para todos esses que esconderam e desviaram as verbas de
manutenção/conservação da nossa estrada, agindo tal e como desequilibradas -
e foras de moda - primas donas , em longas e particulares saias-justas de
prejuízo completo ao bem público de nossa comunidade norte- mineira...

...Para todos eles, que o povo sabe muito bem quem são : eu, modesto
escrevinhador deste Mural, vendo impedido - não pelos ínfimos dez contos em
si, mas pela simbologia histórica que representa - o meu livre caminhar, o
meu ir e vir normal de toda a vida para a minha terra, para o meu sagrado
canto no mundo, que eu tanto amo;

Para aqueles, para esses e para eles, eu dedico estas palavras de Dante
Alighieri ( e o lugar também ), da sua imortal obra "A Divina Comédia":

"CANTO XXI -Vala dos corruptos - Malebranche (demônios)

De cima de outra ponte paramos para ver a próxima fissura de Malebolge, que
era incrivelmente escura. Lá embaixo um grosso breu fervia. Eu olhava mas
nada via a não ser as bolhas de piche que a fervura levantava. Enquanto meus
olhos procuravam alguma coisa naquela escuridão, meu guia gritou:
- Cuidado, cuidado! - e logo me arrancou do lugar de onde eu estava.
Voltei-me e vi logo atrás um diabo preto que corria em nossa direção. Ai,
mas como ele tinha um aspecto feroz! Com suas asas abertas ele corria
ligeiro com os pés. Levava um pecador no seu ombro pontiagudo, que pelos
tendões dos pés tinha seguro. Parou diante da pez fervente, e gritou:
- Ó Malebranche, aqui está mais um daqueles anciões devotos de Santa Zita.
Cuida dele pois eu vou buscar outros. Quase todos naquela terra são
corruptos, exceto, é claro, Bonturo! Lá, com dinheiro, qualquer não vira um
sim.
Depois que falou, soltou o pecador das alturas, que submergiu no líquido
espesso. O diabo voltou correndo pelos recifes e sumiu na escuridão. O
pecador ainda tentou ressurgir na superfície, mas vários demônios que
estavam sob a ponte saíram e o perfuraram com mais de cem garfos, levando-o
a outra vez submergir".


Abraços a todos, menos estes ...

Flavio Pinto

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Mensagem N°9893
De: Oswaldo Antunes Data: Quarta 4/1/2006 11:28:16
Cidade: Montes Claros

A VIDA LEVE
Oswaldo Antunes

No ultimo dia do ano, o amigo, sobrevivente como eu, Konstantin Christoff, telefonou direto para a mesa em que escrevo. Insiste em que devo escrever crônicas mais leves. Usar isopor em vez de martelo. Depois, mandou-me um livro de Millôr Fernandes que ironiza outros dois: o empolado "Dependência e Desenvolvimento da América Latina", de Fernando Henrique Cardoso, e o intrincado "Brejal dos Javas", de José Sarney. Competir com Millôr ou imita-lo não convém. Culto e inteligente, ele escreve para quem tem o mínimo de entendimento do que seja a ironia, o elogio com segundo sentido. Mas o jornalista tem obrigação de se fazer entender por todos. Concordo que a crônica deve ser agradável e não estressante. Não obrigatoriamente humorística. Fazer a abordagem do cotidiano com um mínimo de poesia é bom caminho para o entendimento geral, porque poesia de verdade quem não entende sente. O que faz lembrar duas mulheres especiais: Cecília Meireles, que parece mediária entre o divino e o humano, e Cora Coralina, a poetisa da simplicidade. Conhecida pelo pseudônimo, Cora se chamava Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas. Viveu no anonimato, e, já idosa, Carlos Drummond de Andrade leu suas crônicas e publicou esse recado: "Cora Coralina. Não tendo o seu endereço, lanço estas palavras ao vento, na esperança de que ele as deposite em suas mãos. Admiro e amo você como a alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais". Bastou essa fala simples do poeta federal para colocar na visão do Brasil todo a mulher que era tantas outras ao transformar em beleza o cotidiano. Moça, ela conheceu um advogado divorciado, fugiu, casou e teve seis filhos de sangue. Os outros filhos, seus livros, pouca gente conhece. Como desconhece o sensível e imaginário "Flor de Poemas" de Cecília. Reencontrei "Estórias da Casa Velha da Ponte", de Cora, em um sebo, na véspera do Natal. Tem o carimbo da biblioteca da Escola Estadual Dom Aristides Porto, mas foi parar na pechincha, a custo de vintém. Ao reler, revivi a emoção de Drummond: "Minha querida amiga Cora Coralina: ... sua poesia é das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida!" A vida fica mais leve se, para começar o ano, o leitor sentir na própria experiência, nos momentos discordantes de tristeza e alegria, a poesia que ajuda a cavalgar até a origem do Mistério. Se toda gente cantar, porque o instante existe e a vida está completa. Se irmão das coisas fugidias, não ser alegre nem triste, ser poeta. Aceitar as noites, os dias, o vento. Cantar antes que venha o sono.

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