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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Patão, o brucutu

(Hélio de Castro Guedes – 1948/2008)

3 de julho de 2008: feriado municipal e luto, infelizmente. Montes Claros, a Cidade da Arte e da Cultura, sopra as 151 velas de seu bolo de aniversário e, em lugar de ser presenteada, foi atingida, em seu coração de mãe, pela perda de um filho amado. Hélio de Castro Guedes, na verdade, era apenas um nome para constar no documento de identidade, para ser conhecido apenas pelos familiares e amigos mais chegados. Dos tais que ele guardava, no lado esquerdo do peito, como na canção. E que eram muitos. Sempre achei o superlativo. Patão inadequado para uma criatura tão delicada e amorosa. E achava esquisito que ele fosse chamado de ex-brucutu, que era o nome da banda de rock em que tocava guitarra. Esse conjunto de beatlemaníacos marcou época, na vida social de nossa cidade e na vida de Patão.
Ele vinha padecendo, há vários meses, de implacável reincidência de um tumor maligno cerebral, porém, não se deu por vencido e nutria alguma esperança de cura. O poeta Patão amava a vida, como amou as mulheres, e queria continuar vivendo, e bem merecia, porque tinha projetos pessoais de grande importância para serem realizados. Primeiro, pretendia colocar novamente no ar o “site” jornaldocafegalo.com, por ele fundado e no qual tive a subida honra de ser colaborador. O jornal eletrônico estivera em franco crescimento, quando adoeceu pela primeira vez e não pôde prosseguir no empreendimento. Depois, reagiu bem ao tratamento, obteve alta e retornou ao trabalho. Estava arrumando a casa para o evento que marcaria sua obra de artista, no momento em que veio a recaída que acabou lhe roubando o bem supremo da vida.
Desde o ano passado, vinha anunciando aos amigos sua dedicação exclusiva, neste ano de 2008, à comemoração festiva do centenário de nascimento de Godofredo Guedes. Segundo o compositor Tico Lopes, seu companheiro de noitadas homéricas, Patão tinha DNA de artista. Sendo filho de Godô, nasceu com a inclinação natural pelas artes. Os três filhos homens de Godofredo Guedes são todos artistas, saíram puxando o velho. Zeca, meu velho amigo, é pintor como o pai, pinta paisagens, retratos, sendo mais conhecido, entretanto, como pintor de publicidade. Beto Guedes é um dos maiores ídolos da MPB. A primogênita, Teresinha, pinta e expõe suas telas, aqui, em Belo Horizonte e alhures. As outras moças, Dolores, Estela e Lúcia devem ter algum dom artístico, pois têm o mesmo DNA.
Dona Júlia reinava absoluta, na família, e esmerava no preparo da moqueca de surubim à baiana, pra baiano nenhum botar defeito. Salve a Bahia! O espírito da Boa Terra deve morar entre as paredes daquela casa hospitaleira da Rua Ruy Barbosa. Patão era um artista de sete instrumentos. Pintava, desenhava, tocava violão, cantava e compunha como Godô, fazendo a letra e a melodia. Era um artista muito respeitado e citado onde se falasse de cores e notas musicais. Com profunda tristeza, o acompanhamos em sua ida para o campo santo. Seu corpo desceu ao túmulo, ao lusco-fusco, no Dia da Cidade, debaixo de aplausos e ao som mavioso do violino de Gabriel Guedes, seu sobrinho. Mui merecidamente, já tinha sido velado na Galeria Godofredo Guedes do Centro Cultural. Decididamente, não pode haver homenagem maior para o grande artista montes-clarense.

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