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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 19 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A fazenda arruinada

Manoel Hygino (Jornal ´Hoje em Dia´)

Era mais do que uma fazenda. O escritor Cyro dos Anjos, que chegou ao cume da carreira como membro da Academia Brasileira de Letras, descia do cavalo para, sob a copa de alguma árvores, devotar-se à leitura. O pai o vigiava de perto.
Quando em Montes Claros, Darcy Ribeiro buscava energia na fazenda, ele que também alcançara, por todos os méritos, a Academia. A cidade em que ambos nasceram ganhava a projeção de dois de seus filhos conquistarem a glória de duas cadeiras no sodalício maior das letras brasileiras.
Mais do que uma propriedade rural, a Fazenda das Quebradas se tornou um sítio histórico, descrito com saudade por quantos o focalizaram. Acontece que aquele lugar, conhecido em extensa região mineira, certamente com a melhor das intenções, foi objeto do decreto, de número 44.204, de 10 de janeiro de 2006, criando o Parque Estadual da Lapa Grande, com o que o prédio da Fazenda foi condenado ao abandono.
O Parque compreende aproximadamente 7 mil hectares de área, destinada à Unidade de Conservação de Proteção Integral, conforme descrito no texto original. Ficou claro: ‘O Parque Estadual da Lapa Grande objetiva proteger e conservar o complexo de grutas e abrigos de Lapa Grande, os principais mananciais de fornecimento de água para as comunidades de Montes Claros e dos municípios vizinhos, suas adjacências, bem como a flora e fauna locais‘.
O artigo terceiro define que compete ao Instituto Estadual de Florestas e à Copasa administrar o Parque, adotando as medidas necessárias à sua efetiva proteção e implantação e, no prazo de 360 dias após a publicação do decreto, elaborar o plano de manejo e constituir o seu Conselho Consultivo.
Outras medidas foram preconizada, como a Ação Discriminatória competente relativa à área do Parque, bem como a materialização de seus limites, nos termos de lei federal. Também foi autorizada a contratação, para esta Unidade de Conservação, do pessoal necessário à sua administração e conservação, observada a legislação aplicável.
Depreende-se a importância da iniciativa governamental visando à proteção de uma das mais belas e ricas áreas do norte-mineiro, que as populações cuidaram de mantê-las para uso de todas as gerações. Ademais, no Parque se encontram, como diz o decreto, encontram-se importantes mananciais de água, sobretudo se levar em conta que ali é sertão, sobremaneira sujeito às inclemências climáticas.
Não se sabe se o plano de manejo, a que alude o decreto, foi concluído, após esgotado o prazo estabelecido. Há natural descontentamento pela falta de notícias oficiais sobre a evolução do projeto, enquanto se sabe que a sede da histórica fazenda foi arruinada, entregue ao abandono.
Os que conheceram o velho prédio se sentem compungidos, diante da situação em que presentemente se encontra. Não é o que desejam as gentes da região, e evidentemente o que imaginara com o decreto.
Um conhecedor da situação se expressou sobre o fato, dizendo que sente como uma punhalada o que fazem com os donos dos imóveis, entregues a mãos estranhas e a outras vontades, enquanto as determinações do decreto, pelo menos ao que se conhece, seguem desobedecidas ou ignoradas.
Um dos problemas da administração pública brasileira reside exatamente na falta de cumprimento das ordens exaradas. O próprio presidente da República, falando em Belo Horizonte, na inauguração do Centro de Especialidades Médicas, o disse. Anos após expedir determinação para construção de uma unidade de saúde em Queimados, Estado do Rio, verificou que a obra sequer se iniciara. É tempo de mudar.

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