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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: DOUTOR MÚCIO Mal cheguei de Uberlândia, aonde fora comemorar os dez anos de minha neta Anna Laura, fiquei sabendo, pelo Mural, que Adão Múcio de Resende Prates havia nos deixado. Ele já estava bastante doente e nós já esperávamos sua partida a qualquer momento. Tornei-me seu amigo quando advogava em Montes Claros e ele exercia sua magistratura em Francisco Sá, sendo promotor de justiça o inesquecível Leontino de Mello Chaves. Conheci-os através de Henrique Chaves. Daí, nasceu uma amizade que perdurou e só se aprofundou através dos tempos. Os três, a esta hora, já devem ter-se encontrado em alguma estrela divina destinada aos homens de bem. Doutor Múcio e Leontino devem estar tomando uma cervejinha bem gelada e Henrique um “claime”, nome pelo qual ele batizou aquela dose de uísque sem qualquer acompanhamento, que nós chamamos de “uísque caubói”. Nunca me esquecerei da alegria de Doutor Múcio no dia de sua posse como juiz de Montes Claros, terra que ele amava, tanto quanto sua querida e saborosa Coração de Jesus, onde nasceu. Tive o prazer de servir a Doutor Múcio no Tribunal do Júri, como defensor dativo de vários réus e como jurado. Quando assumi a direção da Faculdade de Direito do Norte de Minas tratei logo de convidá-lo para lecionar Direito Penal – que ele sabia como ninguém e transmitiu seu conhecimento, por longos anos, aos jovens estudantes, sedentos do saber. Em 1982, quando resolvi fazer concurso para tornar-me seu colega, Doutor Múcio se preocupou comigo. Além de dar-me várias dicas, emprestou-me um livro de Direito Comercial, escrito por um seu parente, o imortal Lincoln Prates. Na prova oral o examinador, que se tornaria, depois, meu amigo e colega de magistério na UFMG, Willy Duarte Costa, pediu-me a definição de falência e eu citei a de Lincoln Prates. Ele, então, se emocionou e perguntou-me onde eu havia encontrado tal preciosidade. Respondi que Doutor Múcio, juiz e parente do autor, havia me emprestado o livro para que eu me preparasse para o concurso. Assumi a magistratura e Doutor Múcio, em nossas sinceras conversas, sempre me orientava, me abria os olhos sobre a maneira como eu deveria me comportar e me relacionar com pessoas perigosas, bajuladoras e falsas. Segui todos os seus conselhos e me dei muito bem. Doutor Múcio deixou uma família maravilhosa a quem, nesta hora triste, abraço fraternalmente. Mas não posso deixar de ressaltar sua companheira de todas as horas, a meeira de sua vida, nossa querida Filó, que é a confirmação mais inconteste daquele velho adágio: “por trás de todo grande homem há sempre uma grande mulher”. Daqui, desse meu cantinho, tristonho, quase às lágrimas, mando-lhe um beijo, minha querida amiga, na certeza de que você continuará, conosco, a cultuar memória do grande homem que foi seu marido. Afinal, Filó, um dia estaremos, todos nós, com ele, Leontino e Henrique. Só espero que felizes, com esse nosso jeitão sertanejo de gostar da vida que nunca morre. Meus caros leitores, vocês devem ter notado que escrevi a palavra doutor sete vezes neste texto, sem abreviá-la. Foi de propósito. Adão Múcio de Resende Prates foi realmente um doutor. Tinha a humildade dos sábios e a bondade dos justos. Por isso é que todos nós o tratávamos e sempre o trataremos, carinhosamente, de Doutor Múcio.

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