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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 22 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A Boneca de Leonel

Meu Deus parece que foi ontem, eu ali criança com meu pai no centro da cidade “ajudando” a bagunçar a Andréa Calçados, criança levada, tinha muitos irmãos, meu pai Ruy Pinto, levava- me para ajudá-lo na loja, numa tentativa de que minha mãe pudesse ter algum sossego, com tantos filhos, para cuidar dos afazeres domésticos, e ensinar dever de casa a um e outro filho, a Andréa calçados era um ponto de encontro de grandes amigos de meu pai, por lá passavam o Lazinho Pimenta, cruzeirense doente, indignado com o resultado do jogo do domingo, Geraldo cabacinha, Dr. Aderbal, Renato Pereira, Nadson (fotógrafo), Willian (falecido recentemente), Reinine Canela, e tantos outros bons amigos de meu pai. Eu como qualquer criança de 06 ou 07 anos, ou até menos do que isso, tinha a curiosidade do mundo inteiro, me metia nas conversas, ouvia o que todos falavam, adorava aquele movimento. Entre um freguês e outro, corria para a porta para ver o movimento.
Em um desses exercícios de curiosidade, num dia de abril, no dia 11, data do meu aniversário, Morria em um acidente de carro o Deputado Edgard Santos, cujo corpo foi levado para o hospital São Lucas, que era bem ali, próximo a loja do meu pai, era um hospital pequeno, a rua Dr. Santos foi tomada pela população, ninguém conseguia passar no local de tanta gente que se concentrou na porta do hospital, tinha até militares para conter a população tomada de surpresa pela trajédia.
Eu de mansinho fui driblando aquelas pessoas enormes, que pareciam me emparedar, diante do meu pequenino tamanho, consegui passar pelos guardas e entrei no hospital, tinha uma curiosidade incontida, e por uma salinha olhei no buraco da fechadura e fiquei assistindo os enfermeiros arrumando o deputado num terno preto, onde jazia em um maca, e onde quase ninguém tinha acesso, acho que eram por volta das 11;00 hs da manhã, saí de lá com uma curiosidade complacente, quando encarei toda aquela quantidade de gente, querendo ver o que eu já havia visto, a cidade estava comovida e tudo parou, diante da notícia.
Contudo, além desse fato, nada me impressionou tanto quando criança, ali o parceiro fiel de Ruy Pinto na Andréa calçados, a passagem de alguma coisa que até hoje aparece nos meus sonhos: A Boneca de LEONEL, nossa, demorei a entender que era contratada para fazer propagandas para determinados estabelecimentos comerciais. A primeira vez que a vi, foi num horário das 03 (três) da tarde, quando meu pai mandava a mim e a meu irmão Alexandre para que tomássemos um café gordo, como ele mesmo denominava, eu e meu irmão descíamos para a praça Dr. Carlos, ali havia uma torre quadrada com os lados preenchidos por propagandas que se situava em um cercadinho com água e peixes, foi nesse dia, que presenciamos, aquela boneca altíssima, com um turbante de chitão, argolas bem grandes nas orelhas, e um vestido de chita bem encarnado, enorme, se balançando ao som de uma bandinha que a acompanhava, Meu Deus, fui tomado repentinamente, por um misto de medo, quase pavor mas de uma gigantesca fascinação, meus pés não se moviam, eu não conseguia dar um passo sequer, foi quando ela
chegou bem junto de nós e abaixou a cabeça, enquanto isso meu coração subia pela boca, a molecada vinha toda atrás acompanhando, era um transporte e um convite para a magia, enquanto meu corpo tremia, o eco gritante daquela imagem, invadia as minhas fantasias de forma definitiva, sem querer, contudo desejando esse novo instrumento lúdico.
Estava numa hipnose, e ai me perdi de meu irmão e segui àquela estranha mulher mambembe pelas ruas da cidade, o mundo se agigantava diante dos meus olhos e tomava forma para além das montanhas que permamentemente me cercava a visão, a boneca abria a cerca para o paraíso de minhas visões daquele momento, e hoje sei que também para visões futuras, nesse percurso, fui parar próximo do parque de exposições, lugar que nunca havia ido sozinho, me senti um convidado por aquele ser, ela era viva, para encontrar destinos do meu imaginário. Hoje, aos 44 anos, quando vou a MOC, revejo no meio de tantas transformações, através da imaginação o desfile encantado daquela boneca pelas ruas conturbadas de tanta gente e de tantos carros, a boneca morreu, foi se encontrar com Leonel beirão, clareando o céu dessa cidade, mas continua intensamente viva dentro dos sonhos que gosto de sonhar. “Viva a boneca de Leonel”!

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