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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: O fato novo que faltava
Waldyr Senna Batista
Ao abrir seu programa de televisão falando sobre o golpe que aplicou no Banco do Brasil em 1987, devido ao qual foi julgado, condenado e cumpriu pena, o candidato a prefeito Rui Muniz deve ter calculado que assim neutralizaria seus concorrentes, que fatalmente se ocupariam do assunto.
Mas versão por ele apresentada, vinculando o caso à luta contra a ditadura militar, não se encaixa no calendário histórico, já que, àquela altura, o autoritarismo já fora abolido pela emenda constitucional nº 11, de outubro de 1977, que revogou as medidas de exceção derivadas do AI-5 e o país, havia dez anos, desfrutava da abertura democrática.
Não obstante, no arsenal dos adversários havia munição de maior potência, cuja fonte deve ter sido produzida pela procuradoria da Prefeitura no processo em que ela contestou a legalidade de filantropia da entidade “holding” responsável pela vertiginosa expansão do império empresarial do agora candidato, ligado ao setor educacional. Há também o site “Conheça Rui Muniz”, que há tempos tem sido aqui um dos mais visitados na internet. Nele é exposta a trajetória do empresário, com fotos e fac-similes de documentação. A autoria desse minucioso trabalho constitui mistério insondável. As intenções são óbvias.
Diante desse manancial ao alcance de qualquer pessoa, o que foi publicado pelo jornal “O Tempo” de Belo Horizonte não constitui novidade. A explicação para o extraordinário impacto agora produzido pelas reportagens está em que o empresário é candidato a prefeito de uma das principais cidades do Estado, além do fato de, em todo o país, travar-se debate sobre a participação de candidatos “ficha suja” na disputa.
A primeira impressão produzida pelas publicações foi a de que se tratava de campanha orquestrada. A quem interessaria os efeitos produzidos pelas reportagens ? O programa televisivo de Rui Muniz tentou incriminar o concorrente do PMDB, insinuando que teria contratado motoboys para distribuição dos jornais que trouxeram as matérias. Flagrantes apresentados como tendo sido colhidos por câmara escondida reforçariam a suspeita. Mas os pemedebistas contestam e apontam na direção de figuras notórias da prefeitura, enquanto a direção dos jornais nega qualquer vínculo com grupos políticos, garantindo tratar-se de material jornalístico. Na manhã de segunda-feira, na sala de embarque do aeroporto local, pessoa de destaque teria sido interpelada por Rui Muniz, neste sentido, seguindo-se forte altercação. “A baixaria já começou, não é?” – teria dito o deputado, dedo em riste.
Em meio ao tiroteio, o dispositivo de comunicação dele tem atuado de forma atabalhoada, conseguindo no máximo amplificar o ruído, sem levar em conta a reduzida influência dos jornais em Montes Claros. A grande maioria dos eleitores está fora do alcance deles. Mas é inegável que este pode ter sido o fato novo que faltava para injetar entusiasmo na modorrenta campanha em Montes Claros. Ela acaba de ganhar nova feição, obrigando os três candidatos a se reposicionar.
Rui Muniz, que ainda não conseguiu impor-se como candidato nos dois principais partidos que homologaram seu nome, passou a ter novo complicador. Mas pode tirar proveito da situação, assumindo a condição de vítima, o que depende da competência de marqueteiros eleitorais.
O candidato do PMDB, Luiz Tadeu, recebeu respingos que podem comprometer sua proposta inicial de atuar na base do “lulinha paz e amor”. Ele certamente não teve participação no que está acontecendo, mas não foram esquecidas campanhas anteriores em que seu grupo se especializava em produzir factóides e explorar episódios desgastantes.
Quanto ao prefeito Athos Avelino, cabe-lhe apurar insinuações que envolvem alguns aloprados do seu esquema, ligados ao PT, que estariam agindo à sombra e à margem da campanha.
Uma coisa é certa: a triangulação em curso vai ditar a composição de forças para participação no segundo turno da eleição de outubro.

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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