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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: DÍZIMO, CONTRIBUIÇÃO RELIGIOSA
José Prates
A crônica de Mouden Carvalho, publicada neste mural, falando sobre o dízimo, dá a esse procedimento religioso um carater de economia pessoal, aconselhando a reservar dez por cento de sua renda, como pagamento a si mesmo. Não resta dúvida que visando o dízimo como questão pessoal, é uma sugestão válida. Mas, o dízimo não é propriamente isto. É uam contribuição expontanea à Igreja,que vem desde os primordios da religião no mundo. Na religião Abraâmica foi instituido pela lei de Moisés, por determinação do Senhor, como consta em Levitico capitulo 27 verso 30 que determina um imposto de 10 por cento (dízimas) dos animais e colheitas recolhidos uma vez ao ano. “No tocante às dízimas do rebanho e do gado, de tudo que passar debaixo da vara do pastor, o dízimo será santo ao Senhor” Há também um aspecto mais abrangente desse imposto, relatado em Deuteronômios 14, onde percebem-se alguns aspectos que não foram explicitados em Levítico, como: razão de culto, interação familiar e auxílio a classe sacerdotal. Também está registrado no contexto, que a cada três anos, esses dízimos deveriam ser instrumentos de auxílio social, notadamente para os levitas (sacerdotes), estrangeiros, órfãos e viúvas, estipulado para manter os sacerdotes e a tribo de Levi, que mantinham o Tabernáculo e depois o Tempo, já que eles não podiam possuir bens materiais, como acontecia com as outras tribos. No Livro de Gênese, capítulo 14 verso 20, diz que Abraão devolveu a Melquisedec o dízimo de todos o bens e foi por ele abençoado. Também, naquele tempo, já havia o desinteresse nas contribuições e, possivelmente sonegações, tanto que Malaquias no capitulo 3 verso 10 de seu livro, fala em nome do Senhor, conclamando o seu povo a trazer “ todos os dízimos à casa do Tesouro para que haja mantimentos na minha casa; provai-me disso, diz o Senhor dos Exércitos”. O dízimo não era usado, apenas, na manutenção dos sacerdotes, mas, também, para assistir os órfãos, viuvas e desvalidos, sujeitos à fome e às intemperies. Era uma espécie de distribuição de dez –por cento de tudo que se produzia para manter o Templo e aliviar o sofrimento dos desvalidos. Isso permaneceu por muitos anos, sendo diminuido quando na seita judaica foi introduzida a venda de animais destinados ao sacrificio, procedimento que rendia aos cofres do Templo o suficiente para manutenção do Tabernáculo, procedimento esse que Jesus foi contra, explusando os vendilhões do Templo. Depois do ano 70 DC quando o templo foi destruido, desmantelando a classe sacerdotal e terminado os sacrificios, os rabinos passaram a recomendar que os judeus contribuissem em obras caritativas, vindo em seguida, o restabelecimento do dízimo que permanece até hoje.
As igrejas protestantes tradicionais (reformadas, luteranas, anabatistas) utilizam-se várias formas para a manutenção, como subscrições, ofertas voluntária e em alguns casos fundos estatais. Mas mesmo assim a prática do dízimo é empregada hoje por várias denominações pentecostais ou neo-pentecostais, principalmente na América Latina. O Dízimo não é uma obrigação do fiél, mas, um dever religioso. Entretanto, pessoas contribuem, muitas das vezes, enxergando o ato como obrigação e sofrendo às vezes, privações para tal, o que não é correto.
Desde a sua fundação oficial, no ano 340 DC, a Igreja Católica não usou o dízimo para sua manutenção, preferindo taxar os sacramentos, o que foi um dos objetos do protesto de Martin Lutero, no ano 1517, originando a criação das Igrejas Protestantes, hoje chamadas de Evangélicas. Somente agora, 1969, quando o sistema de pagamento de taxas pelos serviços prestados pela Igreja Ctólica haviam sido consideradas ´pastoralmente inadequadas´, o dízimo voltou a ser implantado no Brasil pela CNBB. Por essa sugestão, os dízimos não tinham sentido meramente monetário, mas centravam-se em atender às necessidades das dimensões social, religiosa e missionária assumidas pela Igreja. Embora fosse considerado “o dízimo”, não se estipulava a porcentagem da renda do fiel, aceitando a contribuição que lhe fosse possivel dentro do seu orçamento familiar.
Agora, em 2005, o Papa Bento XVI extinguiu o termo “dízimos” do quinto mandamento da Igreja que dizia “Pagar dízimos conforme o costume”, passou a ser assim: “Atender às necessidades materiais da Igreja, cada qual segundo as próprias possibilidades”. Isto foi republicado pela CNBB em junho de 2005. Aliás, o Santo Padre, apenas confirmou que Dízimos, efetivamente nunca existiram na Igreja Católica.
Então o que nos propusemos a mostrar que “dízimo” nunca foi o porposito de uma economia pessoal como sugeriu Moudem Carvalho, mas uma contribuição religiosa.

(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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