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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Belos versos, Mercês. E bem a propósito. São seus? E aqui está meu penúltimo artigo sobre os carnavais. Velhos Carnavais (4) “Tanto riso, ó quanta alegria, mais de mil palhaços no salão...”(Zé Kéti) Aqui estou perguntando: Por que, a partir de 65, ninguém mais brincou nas ruas? Só posso “chutar” razões. Vamos lá. Endereço do Clube Montes Claros: esquina da Rua Dr. Veloso com Presidente Vargas, rua do “footing” da cidade durante anos. Mesmo quando debandaram para a Praça Cel Ribeiro, sempre voltavam para o mesmo local tanto no carnaval quanto no Natal. Além disso, o clube tinha vizinhos que colaboravam para a animação: bares, lanchonetes, restaurantes e lojas com suas vitrines ornamentadas e iluminadas. Já o Automóvel clube, construído numa praça sem tradição de “footing”, tinha casas de famílias e um grupo escolar, como vizinhos. Nada convidativo. Os foliões passam a ir ao baile em seus carros que os deixam já na entrada do clube. Nada de gente esperando desde cedo. Nada de blocos brincando nas ruas à espera do início do baile. Lamentável. Mas, tudo é alegria dentro do AC, que reina absoluto por anos a fio. Parou por que? Ao que parece, seus sócios descobrem que viajar no carnaval é mais interessante. O clube, porém, continua majestoso, até mais do que quando inaugurado, sendo um orgulho para a cidade. E o Montes Claros? Pois não é que deu a volta por cima? Em 1970 seus diretores alugam os salões para o DCE que promove bailes de carnaval tão animados quanto os do passado. Pouco depois é “transmutado” em Conservatório Lorenzo Fernandes, saindo assim de cena, como clube, da forma mais elegante possível. O AC, após o início em 65, segue com seus frenéticos bailes. Bato o ponto por cerca de dez anos, achando ótimo, apesar do excesso de vigilância. Houve um tempo que dançávamos sob os olhares de policiais uniformizados em volta da pista. Nesse tempo, a filosofia do “vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval...” não valia dentro das paredes do clube. Mas, que importa? Todos querem mesmo é sambar e não há restrições para a alegria. O clube está bem ornamentado, a multidão alegre, e temos uma rainha do carnaval, Nice David. Ela dança por entre as mesas, acenando, jogando beijos, como uma verdadeira rainha no seu castelo. Para brincar, costumo incrementar um pouco meu visual. Em 67, vou de bermudas e camiseta com o desenho de Madame Mim, feito por um querido amigo, especialmente para a ocasião. Nas costas, a frase de John Lennon “ Turn off your mind, relax and float downstream…” De outra feita improviso um Dominó, usando uma túnica e máscara negra....na testa. Ano seguinte escolho o mais surrado dos jeans e camiseta branca. “Esta é minha fantasia de guerrilheira”, aviso aos amigos. Em 74 faço diferente. Vestido de gala, maquiagem pesada e cabelo de salão. “E isso é fantasia?” pergunta uma amiga. Explico: “ Estou de Glamour Girl, uai.” Nem sempre sinto-me feliz. Tinha perdido a sabedoria de criança, quando apenas o brilho em minha volta era motivo de felicidade. Tinha passado para terceiros a responsabilidade de fazer-me feliz. Assim, não havendo uma pessoa especial com quem dançar, vinha a “fossa”. Em 71, eu e uma amiga estamos de luz baixa, no restaurante. De que adianta o traje de marinheira, com âncora no peito? Estou jogada às traças. A amiga lamenta: “Já é terça feira e nada de bom aconteceu.” De repente, fico otimista. Digo que aquele jovem adorável, o mais paquerado da cidade, chegaria para levar-nos à boite. Ah, a boite do AC... Nosso sonho. Mas, moças só entram se acompanhadas por um moço. Minha amiga dá uma gargalhada com meu “delírio”. Logo quem... ”Ele não olha para nós”, comenta. Vejo que ele surge na porta. Vem na nossa direção! Pára em frente à nossa mesa e... convida-nos para a boite. Vamos flutuando. Relembro a fumaça, nós três na pista, alguém dizendo que dançávamos o verdadeiro “bilisquete”. Vem do nosso belo par, um som em francês... “C`est une poupée qui fait non non non .” Ali, as músicas de carnaval passam longe. Já em casa, a amiga pergunta: “ Como você conseguiu aquilo?” Apenas balbucio que “ a fé remove montanhas.” E teve aquele ano...Eu, toda vestida bonitinha, de cigana, saia de lenços coloridos e bustiê preto, e sem ninguém com quem dançar. Cadê os amigos? Nenhum à vista. Tinham debandado para outras paragens. Passo a noite, jururu. Na saída, quase levo um tombo ao descer a escada. Percebo os olhares conservadores na minha direção. Recomponho-me com ajuda da prima Fátima. O jeito é cantar: “ Foi numa casca de banana que pisei, pisei, escorreguei, quase caí. Mas a turma lá de trás gritou, xiii, tem nego bebo aí...” Descemos para à padaria Globo já com saudades do tempo que ali ficávamos rodeados de amigos. Naquela manhã, apenas nós duas. Mesmo assim, vamos embora cantando: “ Bandeira branca, amor. Não posso mais...” Chegando em casa, informo: “ De agora em diante, passo o carnaval no portão da minha casa.” Dito e feito.

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