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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 20 de abril de 2024
 

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Mensagem: Os preparos para uma visita a Moc José Prates Em 1945, aos dezoito anos, saindo da adolescência, fui admitido radiotelegrafista da Comissão de Construção da Linha férrea Montes Claros a Monte Azul, chegava em Montes Claros, para morar. Hospedeime-me numa Pensão da Praça da Estação, para assumir meu primeiro emprego. Admirei o tamanho da cidade com as ruas cheias de carros, com o que não estava acostumado. O tempo foi passando e, me incorporado à cidade, não senti o seu desenvolvimento. Em 1948 fui efetivado na Estrada de Ferro Central do Brasil e em 1951 casei-me com uma montesclarense que me deu quatro filhos. Em 1958 fui removido para o Rio de Janeiro onde resido com a família. Nunca, porem, eu deixei de viver Montes Claros, tomando conhecimento do que ali acontece. Nos nossos dias, então, a Internet nos deixa presentes na vida do lugar. Nesses 54 anos, fui lá quatro vezes e, agora, em janeiro, devo retornar para uma visita e sei que não existe mais a Montes Claros menina, sertaneja inocente. Nós mudamos. Eu mudei. Não sou o jovem jornalista, feito na redação do O Jornal de Montes Claros. Sou o velho J.Prates cansado, cheio de problemas de saúde, mas, que ainda sonha com a Montes Claros que conheci e que me abriu as portas para a vida o que me fez lhe amar como terra mãe, sem desprezar, obviamente, a legitima, interessando-me como filho, pela sua história que é de luta e sacrifícios. Até 1926 quando chegaram os trilhos e inaugurou a ferrovia, Montes Claros só conhecia o transporte a cavalo para pessoas e carros de boi e carroças puxadas a burro para o transporte de mercadorias Com a ferrovia em funcionamento, inaugurando o transporte ferroviário tanto de passageiros como de mercadorias, o progresso foi alavancado fazendo a cidade crescer rápido com aumento do comercio e da população com a chegada, mesmo em transito para São Paulo de centenas de nordestinos que fizeram aumentar o consumo, Mesmo com a estrada de ferro, o sacrifício do nordestino ainda era grande. Uma viagem a São Paulo, partindo do sertão baiano, segundo contavam, demorava, no mínimo, um mês e meio. Em muitos casos, era uma ida sem vinda e, por isso, talvez. o “sãopauleiro” na véspera de “botar o pé na estrada” ia à missa, confessava e comungava e despedia-se de todo mundo. Daí pra cá Montes Claros caminhou célere na estrada do desenvolvimento. Em 18 de dezembro de 1939, o governador Benedito Valadares inaugurou o Aeródromo Governador Valadares, hoje, merecidamente, chamado Mario Ribeiro, nascendo, então, o aeroclube de Montes Claros com um avião monomotor tipo Piper usado nas aulas de pilotagem. A primeira empresa aérea a operar comercialmente, foi a Panair do Brasil, em 1942, ligando Montes Claros (MOC) a Belo Horizonte, Salvador e Recife. Ainda em 1942 iniciaram os serviços do correio aéreo. Em 1948, a Nacional Serviços Aéreos inaugurou sua atividade com vôos diários no percurso de Montes Claros (MOC) a Belo Horizonte nos aviões DC-3 com capacidade para 24 passageiros. Em 1957, a Nacional foi incorporada à Real Serviços Aéreos. Montes Claros, hoje, nem pode se comparar com a velha cidade daquele tempo. Tudo mudou. Estou preparando-me para ir a Montes Claros, em final de janeiro próximo e nessa preparação está o lado psicológico para receber e aceitar as modificações que a cidade sofreu ao longo desses cinqüenta e poucos anos depois que a deixei. Com certeza, não irei encontrar a mesma cidade pacata, tranqüila, de ruas estreitas, calçadas a paralelepípedos e pouco movimentadas, como eram na metade do século passado, sem o burburinho dos ônibus e carros de passeio. Hoje, pelo que eu leio e ouço falar, muita coisa mudou acompanhando o desenvolvimento econômico, cultural e social, próprios de cidade grande. “No meu tempo”, como a gente diz, Montes Claros não era tão pequena como muita gente imagina. Naquela época, Já era considerada grande, com um comércio líder no norte do Estado e com larga influência no sudoeste baiano que, em muita coisa, dependia de Montes Claros, principalmente na área de saúde. Na educação, era referência e recebia alunos de toda região para os cursos ginasial e colegial que eram mantidos nos três Colégios existentes, sendo as mulheres, em sua maioria, alunas das duas Escolas Normais: uma Estadual e outra Diocesana, esta, administrada por Irmãs de Caridade. Na área de comunicações, havia na cidade uma emissora de rádio, a ZYD-7 Rádio Sociedade Norte de Minas, criada em 1940 e dois jornais que circulavam três vezes por semana: Gazeta do Norte fundada em 1918 e mantida até 1962 e O Jornal de Montes Claros fundado em 1951 que viveu até 1990. Em 1940 quando chegou a ZYD-7 a população montesclarense era de sessenta um mil habitantes que se viu envolvida pela emissora, criando, então, novos hábitos em muitos lares. Em cada casa, por mais humilde que fosse a residência, um aparelho de radio, estava sobre a mesa da sala de visitas, ligado na ZYD7 ou na Rádio Nacional campeã de novelas como o “O Direito de Nascer” que fazia a cidade parar para ouvi-la às 20 horas. Os programas humorísticos com artistas locais como Candido Canela, por exemplo, deliciavam os ouvintes. O noticiário dos acontecimentos locais e do país chegava às casas na hora do acontecido e “o que rádio falou” era comentado na vizinhança. Jornal impresso O Jornal de Montes Claros chegou trazendo novidade: jornaleiro na rua, logo cedo, gritando a manchete para atrair comprador. Cedinho, já eram vistas pessoas de jornal na mão, lendo as notícias. O movimento na banca de jornais de “seu” Ducho, a única existente, diminuiu muito o que lhe forçou a pegar o JMC e colocá-lo, também, à venda, em sua banca. O que eu disse é o passado histórico dessa Montes Claros que está em nós. Em janeiro irei revê-la pessoalmente, andar pelas ruas parar em algum ponto e perguntar a alguém “o que era este lugar?”. (José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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