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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: GALÃ CURRALEIRO
Dilo Barbeiro, mui digno e saudoso profissional da arte, no dizer do baiano: aparume de cabelo e feitume de barba, vindo das barrancas do rio São Francisco, exatamente da cidade de São Romão, durante longos e terríveis cinqüenta anos foi o profissionalmente mais requisitado pela sociedade montes-clarense.
Fazia a barba e aparava o cabelo dos mais distintos políticos, empresários e comerciantes e como atendia também em domicílio, tinha agenda cativa e sempre cheia.
Alto, boa pinta, moreno chocolate, cabelo na brilhantina Glostora, bigode à Clark Gable, um canastrão na força explícita da palavra. Sempre bem vestido, metido em uma calça de Tusô, ou mesmo um linho S120 branco, sapato esporte branco e de boa qualidade, camisa mangas compridas em seda ou mesmo voil. Um dândi tropical!
Sempre recendendo à perfume francês, cinto de couro alemão, um ar blasé de quem tem savoir faire e está de bem com a vida. Caminhar calmo, enxuto e ondulante. Sorriso matreiro na face, um mestre cabotino. Virou lenda nesses Montes Claros! Com sua verve tupiniquim tinha lábia afiada para os rabos de saia.
Don Juan por opção, balançava corações suburbanos das mal casadas e das solteiras mal amadas. Era um verdadeiro bicho do mato! Usando saias ele não perdoava nada, traçava na hora! Mulher sorriu para o lado dele, era peixe na rede! Fez história e se transformou em ícone. Uma lenda dos lençóis...
Ao partir para o andar de cima a chamado do Criador, que resolveu dar um basta na libertinagem luxurienta do barbeiro, deixou muita suburbana às lágrimas! Nos anos 60, enquanto a Dita Dura Militar endurecia com o povo, Dilo em Montes Claros endurecia pra outras bandas mais festivas e gozosas...
Numa tarde quente de agosto, uma sua vizinha se abriu toda para ele. Como o maridão estava viajando, ele soltou a lábia, pulou o muro e foi festejar a conjugal ausência nos lençóis. No bem bom, o marido e titular da perseguida, como já estava desconfiado da esposa voltou de repente e esmurrou a porta de entrada, surpreendendo Dilo e sua amada em plenos trabalhos. Dilo manjou pelo buraco da fechadura o homem de arma em punho, e babando de ódio.
Serelepe, pulou o muro de volta ao seu quintal e o chifrudo entrou pelo fundo berrando: se eu pegar o F de P meto bala! Dilo, o famoso Pé de Anjo, já sorrateiramente instalado do seu lado retrucou, aplicando assim um Agamenon no testa enfeitada: Se ele pular para cá, meto bala nele!
Diz a sabedoria popular que: a galinha é poedeira e o galo é teatral! Dilo tinha medo de almas e de assombrações. Por isso comprou um rádio rabo quente, daqueles que levavam quinze segundos para esquentar as bobinas e sintonizar a estação escolhida, para só então funcionar.
Como tinha o hábito de desligar a chave geral ao sair de casa no dia em que comprou o radio RCA VICTOR capa de baquelita quando escutava a novela O Direito de Nascer, foi chamado à porta. Um cliente solicitava a sua presença em domicílio e ele, como hábito, desligou a chave geral e foi atender ao chamado.
De volta, aberta a porta e já dentro da casa sem desligar o rádio o rádio voltou, naturalmente, a funcionar. Dilo, assustado, arrepiou até raiz dos cabelos e saiu em desabalada carreira. Chamou a polícia, supondo que as vozes fossem de meliantes no interior da sua residência. Veio o capitão Coelho e todo o efetivo policial da época: um cabo e cinco soldados!
Com a casa cercada os homens da lei a invadiram de mosquetão em riste e só se depararam no seu interior com a conversa que saía do RCA VICTOR, rabo quente que, sintonizado no programa O Sombra, que falava com voz cavernosa: Ninguém sabe o mal que se esconde nos corações humanos! O Sombra sabe! Rá,rá,rá...! Com a saída da autoridade policial e a bronca que levou do capitão, o Don Juan irritado pelo mico cometido, explodiu.
Apanhou uma marreta de cinco quilos e reduziu o inocente rádio que pagou o pato a fragmentos ínfimos! O homem não tinha medo de bala dos maridos por ele traídos mas se assombrava com de almas do outro mundo.
Cada qual com o seu problema...

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