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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: O Prêmio Nobel de Literatura, josé Saramago, acaba de lançar-se no que chamou de ´mar infinito da internet´. Passou a publicar um blog.
O que pôs ele, na internet, em primeiro lugar? Republicou artigo chamado - Palavras para uma cidade. Que termina assim, e serve muito para nós, nesta hora, dolorosa, em que Montes Claros não quer ser...Montes Claros, mas algo inconsistente cujo possível nome não podemos saber qual seja. Onde, neste texto, estiver a palavra Lisboa, substituam-na por M. Claros, e terão um canto de amor.

´Em nome da modernização levantam-se muros de betão sobre as pedras antigas, transtornam-se os perfis das colinas, alteram-se os panoramas, modificam-se os ângulos de visão. Mas o espírito de Lisboa sobrevive, e é o espírito que faz eternas as cidades. Arrebatado por aquele louco amor e aquele divino entusiasmo que moram nos poetas, Camões escreveu um dia, falando de Lisboa: “…cidade que facilmente das outras é princesa”. Perdoemos-lhe o exagero. Basta que Lisboa seja simplesmente o que deve ser: culta, moderna, limpa, organizada – sem perder nada da sua alma. E se todas estas bondades acabarem por fazer dela uma rainha, pois que o seja. Na república que nós somos serão sempre bem-vindas rainhas assim.´

(Montes Claros, ´a que ocupa as regiões mais altas do espírito´, resista; não se deixe matar.)

E já que é para ter saudades, leia o que por sua vez, muito antes, o poeta CDA escreveu para Belo Horizonte. Comparem.
É apenas a primeira parte.
Saio, para ver se acho a seguinte.
Um dia a trarei.

“Amava em ti a graça das conciliações; eras frugal e fantasista, burocrata e boêmia; tua igreja metodista, pequenininha, enfrentava sem prosápia a lauta matriz de São José; o caminho era um só, escolhia-se a porta que agradasse. E a Praça da Liberdade, com seu Itacolomi de cimento para matar saudades de ouro-pretanos, era metade do Governo, metade dos namorados, em conspiração com as rosas.

Belo Horizonte subitamente trágica na matança dos guardas-civis e no crime do Parque; cidade de mulheres que viravam homem, de homens que viravam mulher; de fenômenos que vinham pelo telégrafo divertir a malícia do carioca, tecidos pela malícia maior do mineiro.

O melhor ponto para completar-te será o terraço de um desses edifícios da Avenida Afonso Pena? A Praça do Cruzeiro, o alto da Serra do Curral? Prefiro o arco modesto do viaduto, miradouro da memória, de cujo cimo tentei às vezes restaurar o romantismo, para consumo próprio e desprazer da polícia.

Costumava haver desencontro entre nossa juventude e nossa cidade. Culpamos as ruas pelo que nos acontece interiormente. Clamei contra ti, Belo Horizonte, em instantes de fúria triste. Destruí tuas placas, queimei tuas casas, teus bondes; ao despertar dessa angústia, vi que o amor escolhe caminhos difíceis para chegar a seu destino. Davas-me lições de paz, que eu interpretava como picadas de tédio.”

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