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Mensagem: Que a Fazenda das Quebradas é histórica para a cultura de Montes Claros, já há cerca de 200 anos, isto foi dito aqui – neste Mural. É importante como núcleo produtivo campestre nos século 19 e 20, talvez um pouco antes. É importante pelos acontecimentos (e lendas) que lá ocorreram – como o velho Cruzeiro, no mais alto da serra, perseguido por pedras a esmo levantadas contra o símbolo do Cordeiro, no Gólgota, “coisa do romaõzinho”. É importante como sala de visitas da Montes Claros romântica, fidalga, roceira, meiga, doce. E aonde veio asilar-se, numa tarde, o ex-presidente JK, que deixou na parede a relíquia de sua assinatura, no momento em que era rudemente perseguido pelo regime que o condenou a degredo.(Um jovem chegado a leituras, coisa em desuso, até identificou nos escritos de Bernardo Guimarães a reprodução de sede igual, senão ela, do casario das Quebradas - na abertura de “O Seminarista´).Ontem, na tarde enfarruscada e bela, cheia de presságios, abriu-se na Fazenda das Quebradas uma caixa de fotos. A caixa libertou as fotos acima. E todo o lirismo que delas escapa: Irmãs de caridade, de amor, portanto, severamente vestidas; as primeiras que chegaram da Bélgica para Montes Claros, no dealbar do século 20.Casal, ele de gravatinha borboleta, lenço no paletó, nimbado pela aragem romântica de outros tempos.Crianças em velhos velocípedes. O elegante dobre de joelhos, no terno impecável, do menino antigo, que remete a outros meninos antigos.A elegância do chapéu acima dos óculos redondos. E a dedicatória à madrinha, feita por homem reverente (como não se usa mais).A pose na cadeira, de 1938; de Elze, Benedicto e Dias, para D. Luiza, na “pequena lembrança”, perene. A “chapa” das duas moças, de coque, custodiando crianças de colo. A “amiga Mainha”, de 1927; e suas duas linhas de “uma recordação” que valem por páginas, letra rendilhada a pena de nanquim, num 1º de Janeiro, daqueles que se perderam. Tem ainda o bacharel em vestes de colação, de 1927.Para tudo coroar, surge a foto da dona da casa. Elegante, de óculos, bolsa, investida (sempre) na qualidade de ser a grande dama, uma delas, de nossa civilização. Absorta, na leitura e no sonho, de que a Fazenda das Quebradas é a nossa guardiã. As fotos, singelas, içam da história esta fazenda das Quebradas. Parte essencial de Montes Claros, a de ontem, a de hoje, a de sempre.“Patriazinha”, acrescenta João Guimarães Rosa - um Joãozito, como o da foto, de pernas cruzadas.
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