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Mensagem: Aos poucos, autoridades, entidades civis e órgãos da imprensa começam a despertar o interesse em discutir uma epidemia chamada crack. Demorou, já que tal doença já se espalhou de forma tão acentuada, que medidas urgentes precisam ser tomadas a fim de, no mínimo, conter o avanço desenfreado a que assistimos hoje. Não se trata de uma droga “simples”. Derivada da mistura da cocaína com bicarbonato de sódio, a substância é consumida, geralmente, fumada. Seu nome lembra o som produzido pela sua queima, quando no ato do consumo. O sistema nervoso central é alcançado pela da droga em cerca de 10 segundos, ficando de 3 a 10 minutos sob efeito da droga. Durante esse período, o consumidor fica intensamente eufórico. Logo depois, cessado o efeito, vem a depressão, o que causa a necessidade de novo consumo, a fim de compensar o dessabor da ausência da droga. Aí está a dependência, que se acentua a cada novo uso da droga. Estudos mostram que bastam 3 ou 4 doses (muitas vezes apenas uma), para que o indivíduo se veja completamente dependente do narcótico. Até aí, parece que se trata de mais uma das inúmeras drogas que se vê nas ruas. Mas não. Aqui está a droga que vêm, a cada dia mais, destruindo famílias. Pelo seu poder de rapidamente viciar uma pessoa, associada ao fator econômico (é mais barato que a concaína), dá ao usuário a sensação de que, com o crack, ele conseguirá manter seu vício. Daí nasce outro problema: O efeito dele, como acima exposto, é mais intenso. Entretanto, o espaço de tempo desse efeito é menos duradouro que as demais drogas do gênero, exigindo do usuário o consumo de várias pedras por dia para manter-se saciado. Não raro, os dependentes chegam a vender tudo o que têm, ficando apenas com a roupa do corpo, tudo para saciar o vício. A prostituição se torna uma saída. A dependência deixa o indivíduo violento consigo e com as demais pessoas que o rodeiam. Quando não têm mais recursos econômicos para conseguir a droga, começam a buscar outros meios, buscando no patrimônio de terceiros tais recursos. Daí surge a pessoa do criminoso, que rouba de irmãos, pais e cônjuges dentro de casa, e de qualquer um fora do lar. De problema de saúde pública, passa-se a assistir a problemas de segurança pública. Basta observar os dados estatísticos disponibilizados a cada dia pelos diversos órgãos policiais do país para se perceber o quanto os mais variados tipos de crimes estão, direta ou indiretamente, associados à questão do consumo de drogas, principalmente crimes contra o patrimônio e contra a pessoa. Furtos, roubos, seqüestros, homicídios tentados ou consumados e tantos outros delitos são, em sua maioria, fruto dos efeitos da droga na sociedade atual. E esses fatos não são mais exclusividade das grandes e médias cidades. As pequenas cidades e, atarantem, povoados rurais desses municípios se vêem, a cada dia mais, recuados com a ação de traficantes e dependentes químicos do crack. Ações paleativas, que visem única e exclusivamente atacar o traficante, já se mostraram ineficazes. Não se pode mais tratar a questão da droga, especialmente a do crack, como mais um problema a ser resolvido. Não. Está-se diante do problema social que pode ser o divisor de águas para as gerações futuras. Trabalhar o assunto em salas de aula já é um bom início. É preciso que as crianças saibam os efeitos das drogas e o seu poder de destruição quando consumido por um ser humano. O debate em família, mais uma vez, também é fundamental. Os pais precisam acompanhar a vida dos filhos desde o início, mostrando-lhes as estradas que a vida oferecerá. A escolha, logicamente, cabe aos filhos, mas saberão escolher se forem munidos de argumentos sobre as conseqüências dessa escolha. Aliada a isso, cobra-se do governo ações paralelas que visem ao tratamento dos viciados. Esses, vale frisar, são quem financiam o trafico. Se não houver consumidor, não haverá para quem vender e, consequentemente, não haverá quem vender. A lógica, apesar de parecer simples, ao contrário, é bastante complexa. Primeiro pelo fato de o Estado carecer de recursos suficientes para construção e manutenção de clínicas de reabilitação. Segundo, por falta de interesse político. Terceiro, porque, não raro, ouve-se falar sobre o envolvimento de autoridades com o crime organizado, especialmente com o tráfico de drogas. O crime paga agentes do estado para que estes se omitam. E quarto, porque a própria sociedade prefere se fechar em condomínios, se trancafiarem em apartamentos com altos investimentos em segurança privada, a se unir e enfrentar o problema como tal precisa. Tratar a questão das drogas, especialmente o crack, como mais um problema (exclusivamente) de segurança pública é fechar os olhos para os resultados nefastos que essa falsa percepção pode trazer (e deve trazer) daqui para frente. As Polícias atuam. Ministério Público e Judiciário fazem, da melhor forma, a sua parte. Mas, até aí, está-se diante de ações paleativas. O problema vai continuar e o crack, mais cedo ou mais tarde, vai chegar a sua casa. Não adianta pensar que o problema não acontece (ou não acontecerá com você). Ele vem quando você menos perceber e, quando o faz, já pode ser tarde. Quando seu ente querido for reconhecido como usuário é porque ele já cometeu algum ato de anormal, e aí o vício já pode ser difícil de ser curado. Que todos assumam a sua parte. Estado, Entidades Civis Organizadas, Iniciativa Privada e sociedade em geral precisam se unir, a fim de alcançarem os resultados que todos poderão comemorar. Ou se acaba com o crack, ou o crack acaba com o ser humano. Andrey Soares de Oliveira É graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES Pós-graduado em Análise da Criminalidade, Violência e Segurança Pública, também pela UNIMONTES. É também Agente da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais.
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