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Mensagem: PEGANDO CARONA NESSE TREM (das histórias do Flávio Pinto - mensagem : 58 325) Andei muito de Trem. Desde quando sua chegada era anunciada por apitos agudos e badalos felizes de sinos, até o som grave e inconfundível do apito da locomotiva a óleo. Acompanhada em diferentes gerações por pais, tios, irmãos e filhos curti chegadas e partidas pelas Estações Ferroviárias. Hoje, pegando carona com o Flávio Pinto, nesse Trem de lembranças, amei reencontrar Seu Matias Peixoto. Na minha saudade ouço sua voz possante, inconfundível, chamando alguém pela rua ou fazendo algum comentário com meu pai, Cypriano, em alta voz. Ele descia sempre pela Rua General Carneiro com a sua charrete e passava na frente da minha casa, que ficava na esquina com a Rua João Pinheiro, indo em direção à Rua Mangabeira, onde morava. Quando ouvia o som de sua voz perguntando para o meu pai: _“Cadê a menina?”, assim como quem não sabia de nada, eu aparecia na porta de casa e algumas vezes, ganhava carona ao seu lado na boleia da charrete, até a primeira esquina já no final da rua. ( a Rua General Carneiro terminava na antiga Mangabeira, atual Rua Coração de Jesus ). Ele ia alegre, barulhento, tocando o cavalo e ao seu lado eu ficava quase a estourar de importância e felicidade, enquanto de longe o olhar do meu pai nos acompanhava e esperava a minha volta! E como se não bastasse a distinção de poder passear na sua ” charrete com pneus de sedan”, um dia levou para mim de presente, um disco de 78 rotações. De um lado a atriz, acordeonista e cantora da Rádio Nacional Adelaide Chiozzo, cantava uma alegre música sobre uma garota levada e do outro lado Paulo Molem, cantor que nos anos 50 também fez sucesso na Rádio Nacional, aos 12, 13 anos , cantava a dolente canção “O pequeno Jornaleiro”. Entregou-me o presente dizendo que muitas vezes me ouvia cantar junto com as amigas nas brincadeiras de rua à noitinha, e pediu que eu aprendesse também aquelas canções que ele achava lindas. Aprendi. Cantei muitas e muitas vezes nas nossas brincadeiras em noites de céu estrelado. Se ele ouviu, não sei. Mas até hoje, quando vem aquela saudade que não se sabe de onde, do fundo do coração uma música ganha força e vem à tona: _” Olha a Noite!!! Olha a Noite!! Eu sou um pobre jornaleiro...”, com ela vem a alegria e o carinho do inesquecível amigo Seu Matias e sua possante voz, gritando na minha saudade. Um grande abraço para o Flavio Pinto, que me possibilitou essa deliciosa viagem ao meu tempo de menina e o reencontro com essa figura inesquecível que foi o Seu Matias Peixoto. Geralda Magela de Sena Almeida e Sousa maio de 2010
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