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Mensagem: MONTESCLAREADAS XI Hoje ainda falaremos dos valentões da terra de Figueira, um verdadeiro ninho de cobras. No centro comercial e como amostragem da raça curraleira, havia quatro chapas de caminhão (carregadores) que bagunçavam o coreto. Mão de Onça e Leonel Estrelinha eram os cabeceiras. Era só tomar umas e outras e o pau cantava na casa de Noca! O terceiro e ainda vivo é o nosso Brigadeiro. Impunha medo pelo seu físico avantajado e sua cara de mau. O Tiaozão era o quarto exemplar dessa amostragem e para se divertir metia o bofete em contendores ou em quem mais fosse, bastando não ir com a cara da “vítima”. Já Leopoldo Cozinheiro, o primeiro gay assumido da cidade e falecido recentemente aos noventa e três anos de idade, era filho de santo em Umbanda. Quando estava “atuado” vestia roupa de Pomba Gira e rodava a baiana. Consta que chegou a enfrentar na mão limpa o efetivo de quatro viaturas policiais! Para animar festas populares em bairro contratava-se o Fôfo. Emérito tocador de pandeiro, olhos esbugalhados, topete de galã. A festa sempre terminava em pancadaria. Já o “bookmaker” João Pena andava trabucado e para compensar aplicação de malandros na jogatina, volta e meia metia o Smith Wesson na boca de algum vagabundo. No futebol de várzea também havia quatro valentões afamados. Efigênio Preto, treinador do Vasquinho que incentivava os seus pupilos gritando “baixa o pau”. Júlio Rabada, que por qualquer questãozinha metia o murrão da roça e o Godofredo, defesa do Tiradentes, que dava cabeçada dentro e fora do campo. O último bravo da várzea era o Ronaldo Troção. Dêma Côco jogava baralho e freqüentava a rinha de galo de Zé Côco. Quando estava bronqueado botava fogo no circo. Benjamim do Otani era um gigante de tamanho e de presepadas. Vivia trocando lingüiça Maria Rosa por pinga. Puxava o dono do boteco pela gola da camisa e o obrigava a fazer a barganha, na marra! Dentre os militares que atuavam no policiamento ostensivo, que ficou conhecido como SWAT, havia o Geraldo do Rapa, Wilson Fróes e o Luiz Batom. Não despachavam para o bispo e resolviam tudo na bordoada. Dentre os brabos de antanho, destacavam-se os Mió, os mecânicos Vovô e Pau de Sebo e os gêmeos Sarará dos Morrinhos. Gavião e Nilo Carioca toda vez que se encontravam saiam na tapa, para deleite da galera de aficionados. Diz a sabedoria popular que todo homem, na vida, tem direito pelo menos a quinze minutos de fama. Leonel Estrelinha acordou tocado pelo glamour do Romãozinho e resolvido a provocar um incidente que o colocasse em definitivo na história da valentia montes-clarense. De pronto e por sorte do mau destino encontrou o Coronel Georgino, na lanchonete do Zimbolão. Oportunidade melhor não havia! Entrou na cara dura no recinto e cutucou a Fera falando grosso ao pé do seu ouvido: “Tem fogo aí, Negão!” Para sua sorte, ou azar da sua fama, emboramente um homem destemido e conhecido também pela sua incomum coragem, que jamais levou desaforo para casa.O nosso herói da revolução de 64 nesse dia não reagiu, pois se encontrava em estado de graça, saboreava uma caçarola italiana, feita por Duca e Nazareth Prates e sorvia um suco de laranja curraleira. Certamente o que deve ter acontecido uma única vez na sua vida. Provocado, o valente militar, com britânica fleuma, apenas respondeu com um sorriso: “Desculpe, mas eu não fumo, cavalheiro!” Depois de escrita a história vira História com “agá” maiúsculo e se torna universal. Relato, portanto, este conhecido incidente, que, no seu bojo, encerra o sonho de todo valente de Montes Claros de antanho.
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