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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 5 de maio de 2024
 

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Mensagem: Centenário de Jader Figueiredo   HAROLDO LÍVIO   Há precisamente oitenta anos atrás, no ano de 1932, um jovem montes- clarense de vinte anos, quase adolescente, alistou-se para combater os paulistas na Revolução Constitucionalista. Pena que ele tenha escolhido a bandeira errada, porque os sediciosos de São Paulo estavam lutando por um ideal democrático, porém o espírito da mineiridade falou mais alto e o fez envergar o uniforme da Força Pública de Minas Gerais. Por seu grau de instrução de ex-aluno do célebre Gymnazio Leopoldinense, recebeu a patente provisória de 2º Tenente e partiu para a frente de combate comandando um pelotão. Participou de escaramuças, no teatro de operações, até que veio a celebração do armistício, com a rendição dos bravos paulistas que clamavam pela convocação de uma constituinte. Após o cessar-fogo, o tenente Jader foi designado governador militar da cidade de Leme, então ocupada por tropas mineiras. Ocupou a prefeitura e passou a administrar o município, sem contar com o apoio da população, que o rejeitava. No começo da interventoria, mal podia sair à rua, pois os moradores, humilhados com a presença do inimigo, batiam as janelas à passagem do governador militar que, habilmente, encontrou meios para aproximá-lo dos cidadãos lemenses. Tomou gosto pela administração municipal e deixou marcos de sua passagem pelo governo, ao fim do qual conseguiu efetivar diversos melhoramentos urbanos. Conquistou, finalmente, a simpatia da cidade inteira, tanto que ao encerrar seu período deixou Leme debaixo dos aplausos da cidadania agradecida, que compareceu maciçamente ao seu embarque de volta para casa. Quem praticou esta proeza política foi um garoto de vinte anos, mal despertado para a vida. Jader Dias de Figueiredo, o tenente de que falamos, faleceu há dez anos e nasceu há cem anos, no dia 15 de março de 1912. Poucos montes-clarenses amaram o seu berço com a mesma intensidade que ele o amou. Ele era apaixonado por sua terra natal, sendo capaz até de violência para beneficiá-la, como o fez quando obteve de JK, seu grande amigo e confidente, a transferência da diretoria da Comissão do Vale do São Francisco (hoje Codevasf) de Pirapora, na beira do rio, para Montes Claros, no seco. Por estas e outras, sempre que surgia uma empreitada difícil, tipo missão impossível, lembravam-se de confiá-la ao comando de Jader Figueiredo, tido como o  homem providencial e capaz de operar milagres em situações aflitivas. Por ocasião do rumoroso crime passional do Hotel Trampolim, no Rio de Janeiro, em 1953, envolvendo o pecuarista João Alencar Athayde em duplo homicídio, Jader comandou uma força-tarefa de homens destemidos dispostos a correr perigo em defesa do amigo em apuros, ferido e exposto à sanha dos colegas das vítimas, dois policiais civis.. Não só garantiu a integridade física do pecuarista, com seus fiéis escudeiros, como também teve participação primordial na coordenação da defesa do réu em juízo, sendo um dos artífices da estruturação da tese de legítima defesa, que foi admitida na sentença de impronúncia que dispensou o júri popular, isentando-o de culpa. O criminalista Sobral Pinto, patrono da causa, tornou-se grande admirador da inteligência e da habilidade diplomática do montes-clarense, lamentando que não fosse advogado. Engano do mestre, pois o nosso personagem já tivera experiência de advogado criminal, em tempos idos, na comarca de Coração de Jesus, quando o juiz o nomeava defensor dativo do réu pobre que não dispusesse de recursos para contratar advogado. E diplomata, representando o Brasil, ele o foi também em 1956, chefiando a delegação brasileira em um congresso iberoamericano de municípios, em Madri. Esteve em Roma e foi recebido pelo Papa Pio XII, em audiência especial na residência de verão de Castel Gandolfo. Voltou de lá com a bênção apostólica do sumo pontífice, mas não mudou nada por este motivo. Continuou vivendo como gostava de viver e achava que valia a pena viver. Foi vereador, foi deputado, foi nomeado secretário de administração pelo governador  Bias Fortes e não quis tomar posse. Passou bom período morando só em uma ilha fluvial, observando a natureza e refletindo. Quem poderia entender o que passava por sua cabeça de elevado QI. Contudo, foi o norte-mineiro mais bem relacionado na vida pública nacional, depois do ministro Francisco Sá, não resta a menor dúvida. Esteve bem próximo de Juscelino, de Jango, de Santiago Dantas, de Tancredo Neves, mas nada pleiteou para si desfrutando da intimidade dos poderosos. Gostava da tranqüilidade, do pôquer com os amigos, de recordar os bons tempos do cassino da Pampulha, onde deslizava pelos salões ao som caribenho da orquestra Lecuona Cuban Boys, quando o jogo era livre; das partidas no Clube Montes Claros e no Automóvel Clube de Belo Horizonte. Na Capital, ele e Hermenegildo Chaves, o Monzeca, depois de fechado o clube e já nos primeiros albores da manhã, iam para o Mercado Central comer feijoada e matar saudades de Montes Claros. Jader não envelheceu esquecido num canto, embora quase não saísse. Tinha a casa sempre cheia de amigos e recebia o afeto da família, que não lhe faltou. Sua cidade, por projeto da vereadora Fátima Pereira, destinou seu nome à rua situada na lateral esquerda da Codevasf, em agradecimento pelos serviços prestados, faltando apenas colocar a placa. Solenemente, com fogos e banda de música, como manda o figurino.

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