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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: HISTÓRIAS DE SAUDADES QUE FAZEM UMA HOMENAGEM ´Fique calma que eu vou virar esta criança... Ela sentou!...´ Grávida pela primeira vez, ouvi assustada aquela frase... Dr. Aroldo tinha a paciência, a ternura e a experiência que qualquer grávida, de primeira ou de muitas viagens, sonha e busca. Ele me examinava no consultório contíguo à sua casa, lugar que eu, naquela época sua nora, frequentava com liberdade. ´Como assim, virar a criança?´ perguntava ansiosa. Ele, com aquele humor fino e discreto, ria, e dizia ´é rapidinho´. E foi! Senti suas mãos fazendo uma coreografia na minha barriga, desenhando uma ciranda que provocava ondas que me reviravam por dentro. Não doía. Ele me apalpava e estranhos movimentos aconteciam, até que uma forte sensação de encaixe me apaziguou. Ele voltou a rir: ´Tá no lugar... Espero que ela não sente novamente´. Pouco tempo depois a criança voltou a sentar e Dr. Aroldo, fazendo graça, novamente a colocou no lugar. Doce, meigo, preciso, ele compartilhava comigo a apreensão. Naquele tempo, saber se era menino ou menina não fazia parte da gravidez. A surpresa preenchia a espera. Finalmente, nasceu Marina, fruto de uma cesárea que ele tentou evitar, sem solução. Ela obedeceu as mãos do médico, ficou na posição que ele moldou, mas resistiu ao parto normal. Anos mais tarde, vivendo nos Estados Unidos, contei a história para meu novo ginecologista. Tive uma dimensão ampliada da importância do procedimento que apenas uma vida dedicada à profissão - como foi a de Dr. Aroldo - podia oferecer. E mais: o novo ginecologista custava a acreditar que eu tinha feito uma cesariana. Exclamava, com admiração: ´Isso é trabalho de cirurgião plástico... Só muita competência para chegar a um resultado assim!´ Encantada, eu me orgulhava, revia as cenas que antecederam o parto, lembrava do carinho imenso que recebi durante aquele período e me emocionava. Até hoje, escrevo e não consigo - nem sei se quero - evitar esta emoção. Ainda se fazem médicos como antigamente??? Possivelmente, sim. Porém, Dr. Aroldo agregava à responsabilidade e ao compromisso profissional um profundo sentido humano que marcava e atravessava seus afazeres de médico, de amigo, de sogro (posso dizer...), de pai. Celebrar seus 100 anos é, para mim, motivo de intensa alegria, de reconhecimento pela sua justa e inabalável conduta. Se ele estiver acompanhando, que receba meu abraço e meu beijo carinhoso e agradecido (e de Marininha também!).

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