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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 22 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Um adendo ao livro de Genival, político e advogado Carlos Lindenberg - Jornal Tudo O ex-deputado Genival Tourinho, sertanejo do Norte do estado, condição de que se orgulha quase ao ponto de se identificar como natural de Montes Claros, “modéstia à parte”, põe em circulação, no dia 7 de maio, o seu livro de “quase memória”, com licença de Cony, em que conta episódios de sua longa trajetória, desde menino, nas terras de Tiburtina, até os dias de hoje, ora como parlamentar ora como advogado, mas sempre como militante político. Numa narrativa, às vezes, na primeira pessoa, em outras, no testemunhal de um amigo, Genival vai desfiando casos ora engraçados ora severos, em que não deixa de realçar as suas relações de amizade com duas das maiores estrelas políticas de Minas – Juscelino Kubistchek e Tancredo, dois ex-governadores, dois ex-presidentes da República. > De carreira combativa contra a ditadura dos generais, Genival narra no livro –“Baioneta Calada/Baioneta Falada” – como por pouco não foi cassado pelo presidente Ernesto Geisel, que teria se enfurecido pela maneira como foi tratado pelo então deputado do MDB numa entrevista. Conto aqui, para surpresa do autor, alguns pontos desse episódio, de cujo desenrolar acabei participando, como jornalista, mas de certa forma > também como coadjuvante. > Era uma quinta ou sexta-feira, do ano da graça de 1976, e nesses dias, provavelmente sexta, almoçava no velho restaurante da Assembleia Legislativa, aonde ia sempre à busca de notícias, à época abundantes, quando Genival parou e sentou para dois dedos de prosa.E > foi logo falando, loquaz como sempre, sobre o presidente Ernesto Geisel o que pensava. Que era um brasileiro de primeira geração, de família luterana, que fora alfabetizado primeiro em alemão e que não tinha nada do sentimento de brasilidade. Para culminar, fazendo referência à formação religiosa do presidente: - é um pastor-alemão. > Senti um frio na coluna. Genival acabou de fazer o discurso e desceu para a Sala de Imprensa da Assembleia, aonde iam todos os políticos que queriam ser ouvidos pela crônica política – a sala era a sede do Centro de Cronistas Políticos e Parlamentares de Minas Gerais, a vitrine política do estado. Acabei de almoçar e desci. Para meu espanto, Genival estava repetindo para os colegas a mesma conversa que tivera comigo minutos antes. No dia seguinte, os jornais abriram na primeira página: Deputado chama Geisel de pastor-alemão ou coisa parecida. > Noite de sexta feira, o diretor-adjunto da Veja em São Paulo, Elio Gaspari, me liga em casa, perguntando pelo deputado Genival Tourinho, se o conhecia, se conversava bem com ele, coisas que tais. Eu sabia que Genival, após a entrevista, iria para Pirapora, onde pescaria no Rio São Francisco, sem saber que longe dali o mar não estava para peixe. Fui atrás dele. Liguei para a casa do então deputado Jorge Vargas, da Arena, > vice-líder do governo, à procura de Genival. Jorge Vargas confirmou que ele estava na pescaria e eu, sem adiantar o assunto, disse que precisava falar com ele, com urgência. O assunto, passado Gaspari, era direto: o ato de cassação do mandato do deputado Genival Tourinho está > sobre a mesa do general Hugo Abreu, chefe do Gabinete Militar de Geisel e secretário do Conselho de Segurança Nacional, por onde transitavam todos os atos desse tipo. > Meia-noite e nada de Genival. Jorge Vargas informava que não o encontrara. Manhã de sábado, Genival me liga em casa, querendo saber por que o procurava tanto. Dei a notícia: o ato de cassação do seu mandato está na mesa de Hugo Abreu para ser assinado pelo presidente. Corre, porque não saiu ainda. Genival, meio atônito, quem sabe pelo mau resultado da pescaria, disse que se dava bem com o general Abreu – mineiro, de Juiz de Fora – e que iria a Brasília se inteirar do assunto. Em suma, por interveniência de Jorge Vargas, vice-líder do governo, por compreensão do general Hugo Abreu, por não se sabe o quê, Genival não foi cassado por ter chamado o presidente da República, o general Ernesto Geisel, de “pastor-alemão”. Posteriormente, ele foi considerado inelegível, por um outro motivo, e abandonou a política. Mas isso está no livro. Um bom livro, diga-se.

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