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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: DE GAMELEIRA A JANAUBA

José Prates

Às vezes, uma palavra, uma pequena frase ou até mesmo um pequeno objeto nos traz à mente lugares em que vivemos ou nos relembram acontecimentos em que tenhamos sido envolvidos, nos fazendo voltar ao passado. Agora mesmo, aqui no Mural, a mensagem 16362 de Bruno Stinkie, despertou-nos a lembrança fazendo-nos regressar no tempo, e buscar Janaúba no seu começo de vida, quando era, simplesmente, Gameleira banhada pelo rio Gorutuba, lugar pequeno com vontade de crescer. Pois cresceu e graças à estrada de ferro que chegou a seu solo, mudou de nome e virou Janaúba, como foi escolhido pelo Dr. Rocchert, o Engenheiro Chefe da Comissão de Construção da Estrada de Ferro. Hoje, Dr. Roquert é o nome da principal praça da cidade, homenagem, aliás, justa. Pois, bem. Em 1943 quando a ponta de trilhos chegou e inaugurou a estação ferroviária, Gameleira em toda sua extensão, passou a chamar-se Janaúba porque a estação foi assim balizada com a esperança de ser grande porque essa disposição nasceu com ela, naturalmente, graças aos primeiros habitantes que lutaram bravamente pelo seu progresso. Obviamente, nasceu pequena, humilde, engatinhando nos dormentes da estrada, cheia de vontade de crescer. Hoje, está aí a cidade que ninguém do passado acreditava que chegasse aonde chegou: a segunda mais importante do Norte de Minas. Benza-te Deus!..
A história do município e de seu desenvolvimento está intrinsecamente ligada a duas forças propulsoras que se fazem sempre presentes: a privilegiada localização geográfica, o pioneirismo e a capacidade empreendedora de seus habitantes ao longo de sucessivas gerações. Os primeiros habitantes, um povo cafuzo ou caboré, mescla de índios tapuias e quilombos, de negros que fugindo do cativeiro se estabeleceram no Vale do Gorutuba, tornando-se conhecidos como Gorutubanos. Em 1940, a “picada” aberta no traçado da estrada de ferro ligando o país de norte a sul, estava chegando àquele pequeno povoado que já possuía uma igrejinha dedicada ao Bom Jesus, erguida por iniciativa de Catulé, em 1939. Em 1941 com o progresso da construção da estrada de ferro, na chamada “esplanada” onde seria edificada a estação, começou a construção de casas humildes, tipo popular, e o escritório da Comissão de Construção, onde passou a trabalhar o pessoal encarregado da burocracia do grande empreendimento. Essa “esplanada” ficava a quase meio quilometro da pequena praça que veio a denominar-se Praça Doutor Roquert. O povoado Gameleira começou a crescer desde a chegada dos trilhos, graças ao movimento que lhe trouxe as obras de construção da estrada de ferro com a chegada de trabalhadores bem pagos, vindos de muitos lugares como, também, pelo trabalho dos habitantes antigos como Antonino Catulé, Américo Soares, Jacinto Mendes, Santos Mendes e Mozart Mendes Martins, que muito contribuíram para a formação e o progresso do povoado, estabelecendo-se nas imediações. Quando foi inaugurada a estação, o comércio abriu suas portas com a chegada de Moisés Bento Lacerda seguido por outros como Virgilio, Veraldino Conrado da Silva negociando e exportando algodão e milho; lojas de tecidos,etc foram sendo abertas e não demorou a transformação da praça num verdadeiro shoppimg. No dia primeiro de janeiro de 1949, reunidos no salão do Clube Esportivo, na Praça da Matriz, hoje Praça Dr Roquert, os habitantes mais importantes e mais o Intendente Municipal nomeado pelo Governador e os Deputados Federal José Esteves Rodrigues e Estadual Antonio Pimenta, lavraram e assinaram a ata de instalação do Município de Janaúba, desmembrado de Francisco Sá. Finda a cerimônia, lá fora, uma salva de 21 tiros saudou o novo município.

Orgulha-se a cidade de filhos e habitantes ilustres do passado a quem ela muito deve, como: Francisco Barbosa que por volta de 1872 chegava à região com esposa e filhos, fundando fazenda na terra de Caatinga Velha, levantando casa ao lado de frondosa gameleira, que deu nome à povoação. Mais tarde vieram Antunino Antunes da Silva (Antônio Catulé), Américo Soares de Oliveira, Santos Mendes, Jacinto Mendes, Mauricio Azevedo, Moisés Bento Lacerda, Veraldino Conrado da Silva, Odeton B. Cavalcante, Pericles de Oliveira, Antonio Brito.

(José Prates, 87 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Atualmente, é um dos diretores do Sindicato da Classe)

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