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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 12 de maio de 2024
 

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Mensagem: A preocupação de Toninho era Humberto Não precisava ser nenhum futurólogo para prever que as eleições de 1982 seriam extremamente difíceis para os candidatos do partido do governo, o PDS. Com o movimento nacional em favor das eleições diretas para presidente, o PMDB de Ulisses e Tancredo se fortalecera demais. E com o fim do AI-5 e a Lei da Anistia, o governo militar do presidente Figueiredo praticamente agonizava. O movimento das Diretas Já levaria milhões às ruas das grandes capitais no ano seguinte e dava para sentir no ar a vontade do eleitorado de sepultar definitivamente o regime dos generais. O prefeito Antônio Lafetá Rebello não condenava o regime militar. Tendo sido prefeito por duas vezes durante o período em que o país havia sido comandado pelos generais, não podia se queixar do governo federal, de quem sempre tivera o apoio para a implementação de obras fundamentais ao município de Montes Claros. Em seu segundo mandato, de 1977 a 1982,mudara completamente o aspecto da cidade com o Programa Cidades de Porte Médio, criado pelo governo federal, e que destinava recursos a fundo perdido, através do Banco Mundial, para cidades médias consideradas estratégicas para o desenvolvimento do país. Montes Claros era uma delas. Sem os recursos a fundo perdido do Programa Cidades de porte Médio a prefeitura nunca teria conseguido construir a Avenida Deputado Esteves Rodrigues, de uma importância vital para o desenvolvimento da cidade. A avenida tinha várias finalidades, entre elas o saneamento do córrego Vieira, esgoto a céu aberto que cortava praticamente toda a cidade. Quando se projetava a construção da avenida, até os próprios projetistas - Círiaco, Machado, e outros - a consideravam um sonho. Mas um sonho que podia ser sonhado, pois havia os recursos, financeiros e técnicos, para sua construção. Toninho se debruçava nas pranchetas junto com os técnicos e imaginava o que seria Montes Claros depois de pronta a obra. Ele sabia que seria a maior obra dos últimos cem anos de história de Montes Claros. Mas Toninho Rebello era um homem muito pragmático. Não se deixava levar por ilusões. Ainda que não tivesse alma de político, conhecia bem o sentimento do povo. E sentia, nas eleições de 1982, que o partido que representava o governo militar, o PDS, seria irremediavelmente derrotado. Sabia que as muitas obras que realizara - e a Avenida Sanitária era a maior delas e praticamente já concluída - não seriam suficientes para ajudar na eleição de Crisantino Borém, seu vice-prefeito e candidato à sua sucessão. Com a vinculação dos votos promovida pelo governo, o tiro iria sair pela culatra. A medida, que visava favorecer os candidatos governistas, tinha sido na verdade um tiro no pé. Em Minas, com Tancredo Neves candidato pela oposição ao governo do estado, estava escrito nas estrelas o terremoto que engoliria os candidatos do PDS. A preocupação de Toninho era com o deputado federal Humberto Souto, a quem dedicava uma especial amizade e afeição. Humberto tivera participação fundamental no sucesso de sua administração, na liberação sempre constante dos recursos em Brasília. No pensamento de Toninho, a Humberto ele teria que dedicar todos os seus esforços para ajudá-lo em sua reeleição. Com este pensamento, sem que Humberto soubesse, Toninho reuniu alguns amigos em sua casa, para pedir a todos especial empenho na busca de votos para a reeleição de Humberto. Lembro-me bem que nesta reunião estavam Júlio Pereira, José Gomes, Geraldo Gomes, Aristóteles Ruas (que era candidato a deputado estadual), Ciríaco, Waltinho, Machado, entre outros. No dia seguinte, eu e Júlio Pereira resolvemos ir à Fábrica de Cimento pedir uma ajuda a João Bosco, diretor da Matsulfur, para a campanha de Humberto, que até o momento se mostrava de uma pobreza homérica. Bosco, que gostava muito de Humberto, se dispôs imediatamente a ajudar. Disse-nos que mandássemos confeccionar camisas, bonés, chaveiros, o que fosse preciso para a campanha, e depois enviássemos a conta para a Matsulfur. Saímos da fábrica numa alegria só, para a reeleição de Humberto. Resolvemos ir até a casa do deputado para lhe dar a boa notícia. Foi quando quebramos literalmente a cara. Ao darmos a notícia para Humberto, recebemos a seguinte admoestação: -Por acaso eu autorizei vocês a pedirem alguma coisa em meu nome? Voltem ao João Bosco e digam a ele que agradeço muito a boa vontade, mas que dispenso a ajuda. Pensem bem se posso aceitar isso? E se depois de reeleito Matsulfur vier me fazer algum pedido, como farei para recusar caso eu não me sinta à vontade para não atender? Vocês não têm juízo. São dois irresponsáveis. Querem acabar comigo. Pensem bem se vou ficar nas mãos de empresários? Este era o deputado Humberto Souto. E era exatamente por ele ser assim que Toninho estava preocupadíssimo com sua reeleição. Toninho o conhecia muito bem e sabia que Humberto poderia até perder as eleições, mas não abriria mão nunca de seus princípios. Humberto acabou se reelegendo. Na rabeira do PDS, mas chegou lá. Em Montes Claros, Tadeu ganhou a eleição, derrotando Crisantino. Tancredo se elegeria governador, preparando o caminho para a presidência. O que se daria dois anos depois, na última eleição indireta para o maior cargo da República. (Extraído do livro ´Toninho Rebello, o Homem e o Político´, de Ivana Rebello e Jorge Silveira, lançado em Montes Claros na noite de 25 de fevereiro)

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