Fim do acordo decidido pela Rússia pode impor a fome a 400 milhões, especialmente na África e no Oriente Médio, mas favorecer países produtores de alimentos. Brasil também vai ser afetado
Terça 18/07/23 - 7h00
A Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de girassol, milho, trigo e cevada.
Após o anúncio do fim do acordo, os preços desses produtos já aumentaram.
O pacto anterior permitia que navios de carga ucranianos utilizassem os portos de Odesa, Chornomorsk e Yuzhny/Pivdennyi no Mar Negro, resultando em mais de 32 milhões de toneladas de alimentos ucranianos chegando aos mercados mundiais.
Agora, a Ucrânia precisará encontrar rotas alternativas para suas exportações.
Isso lembra o bloqueio ocorrido em fevereiro de 2022, quando cerca de 20 milhões de toneladas de grãos ficaram presas nos portos do Mar Negro devido à guerra.
A baixa oferta e a alta demanda fizeram com que os preços mundiais dos alimentos subissem.
Quando o acordo foi assinado novamente e os embarques de grãos foram retomados, os preços mundiais dos alimentos caíram cerca de 20%, conforme relatado pela FAO, agência da ONU para Agricultura e Alimentação.
O fim do acordo também pode levar à escassez de alimentos em países africanos e do Oriente Médio, que dependem da importação de grãos ucranianos.
A região da África Oriental, que já enfrenta desafios com a seca e as inundações, perdeu grandes quantidades de colheitas e agora vê cerca de 80% dos grãos exportados da Rússia e da Ucrânia.
Como resultado, mais de 50 milhões de pessoas estão enfrentando fome e os preços dos alimentos aumentaram em quase 40% neste ano.
A Rússia alega que o acordo chegou ao fim "de fato" devido a supostas violações, incluindo o não cumprimento de condições relacionadas à exportação de alimentos e fertilizantes russos e ao fornecimento de grãos ucranianos a países mais pobres.
O país também acusa sanções ocidentais de restringirem suas próprias exportações agrícolas e ameaçou retirar-se do acordo em várias ocasiões.
Embora haja discordâncias entre as partes envolvidas, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acredita que o presidente russo, Vladimir Putin, deseja continuar o acordo e planeja discutir a renovação pessoalmente em um encontro futuro.
A Turquia e a ONU estiveram envolvidas nas negociações do acordo.
BRASIL
É previsível um aumento de preços os alimentos em escala global.
Deve afetar também o Brasil, que depende de importações de trigo e fertilizantes e é exportador de soja e milho.