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Jornalismo exercido pela própria população
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De: Waldyr Senna | Data: Sexta 8/12/2006 13:01:25 | ||||||||
Cidade: Montes Claros | |||||||||
Festa de arromba
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Mensagem N°18964 | |||||||||
De: Ruth Tupinambá | Data: Quinta 7/12/2006 11:23:04 | ||||||||
Cidade: M. Claros | |||||||||
ANTIGO CINE MONTES CLAROS - "Minha filha, vá dormir, para você ir ao cinema. Hoje é quinta-feira, continuação da série "O Cavaleiro das Sombras", com William Desmond...” Era a voz tão querida do papai advertindo-me de que, se quisesse ir, teria que "puxar um ronco", porque as sessões daquele tempo terminavam com a primeira cantada do galo. Papai adorava cinema. Trabalhava medindo fazendas, era agrimensor, e nada o segurava no acampamento nas quintas-feiras. Viajava oito a dez léguas no lombo de um burro para não perder os filmes seriados. Oh, como esperávamos, cheios de ansiedade, o dia de irmos ao cinema! Era só uma vez por semana. E que saudades eu sinto agora do nosso pobre Cine Montes Claros, tão desprovido de beleza e conforto! Funcionava a reboque, graças ao esforço tremendo e incalculável dos seus primeiros donos. Um grande galpão com bancos compridos, assim era ele. Uma campainha começava a tinir logo que anoitecia, avisando a população de que naquela noite haveria sessão. Quase todas as famílias se movimentavam, aos bandos, enquanto as empregadas e as crianças iam à frente, levando as cadeiras numa correria procurando se localizarem o mais perto possível da minúscula tela. O cinema contava com poucos lugares bons e às famílias mais exigentes era permitido levarem suas cadeiras de palhinha. E ainda vejo entrando na praça Dr. Carlos, atravessando o jardim mal gramado e cercado por fios de arame farpado, as famílias de seu Chico Peres, seu Mário Veloso, João Fróes, de Etelvino Teixeira, e mais embaixo seu Antônio dos Anjos, Fróes Netto, Juca Salgado, seu Carlos Sapé, todos moradores da pequenina e singela praça Dr. Carlos... O papai levava-me pela mão, eu era ainda bem pequena e ia pulando alegre, de pedra em pedra, escolhendo as mais altas daquele interminável "pé-de-moleque", enquanto minhas irmãs mais velhas e já mocinhas, iam ao seu lado, muito compenetradas e já de salto alto e "boquinhas de coração". O cinema enchia. O barulho do motor desorientava a gente, mas, mesmo assim, todo mundo conversava em voz alta, animadamente contando anedotas, fazendo "negocinhos", trocando palpites para o jogo-de-bicho completamente à vontade, como se estivesse em casa, enquanto esperávamos pela fita. Nego do Ó, Zé Maniquinista e Manezim Enjambrado iam sempre buscá-la em Bocaiúva, pois, eram os heróis do volante e únicos possuidores do "Fordeco 24". João Cândido (irmão do Juca de Chichico) era uma grande alma, um destes tipos inesquecíveis que toda cidade possui. Prestimoso e inteligente ao extremo, era o operador do Cinema Montes Claros. Entendia de projetores e motores sem nunca ter saído desta terra, arranjava sempre uma folgazinha e vinha conversar com espectadores, atendendo uns e outros no que fosse possível, procurando distraí-los com sua experiência. De vez em quando, o empresário João Paculdino passava afobado e vermelho e, atravessando o cinema, ia lá na frente dar uma satisfação pelo atraso: - "A fita já está nos Paus Pretos, dizia ele, e não demorará muito a chegar, mais um pouco de paciência"... Não existiam estradas, e os "chaufeurs" faziam milagres. Depois deste aviso ainda esperávamos mais de duas horas. A meninada já cochilava, empanturrada com amendoins e pipocas e, nestas alturas, o cinema desabava com a molecada assoviando, batendo nas cadeiras e jogando cascas de amendoins em todas as direções. Dulce e Adail Sarmento, Tonico de Naná, Artur dos Anjos, bem humorados, esmeravam-se nas melodiosas valsas. Era pena que os namorados não tivessem a liberdade dos de hoje. Contentavam-se com os olhares de longe, de um extremo ao outro, localizando sua eleita, chegando quase a destroncarem os pescoços, felizes em mandarem o "baleiro" entregar um pacotinho de balas coloridas, que de longe ela, feliz, agradecia com um olhar cheio de admiração e ternura. Finalmente, a campainha tocava mais forte, a luz se apagava e todos se voltavam atentos para a tela. O piano de Dulce e as clarinetas de Adail, Tonico e Arthur dos Anjos faziam um esforço tremendo, procurando suplantar o barulho do motor. O filme era mudo, mas a orquestra fazia o complemento, tocando as músicas alegres ou tristes de acordo com os acontecimentos da tela. E quando estávamos no maior entusiasmo, vibrando e torcendo para que o "cowboy" matasse o bandido e fugisse com a mocinha, ouvia-se um forte estalo, baralhava-se tudo, apareciam na tela números de cabeça para baixo e o barulho era ensurdecedor... Oh, tristeza! A fita arrebentara-se. De repente acendiam-se as luzes e levava mais de uma hora para o conserto. Enquanto esperávamos, começavam os comentários. Todo mundo gesticulava, tomava partido dos artistas, dava sugestões, discordava de certas passagens do filme e safam até pescoções dos mais exaltados, em quem discordasse de suas opiniões. Não se admitia que o herói morresse ou bancasse o patife. Durante uma sessão acontecia de a fita se arrebentar dez a quinze vezes, e todos, pacientemente, esperavam. Quase de madrugada, os meninos acordavam assustados quando aparecia na tela o letreiro: "Volte na próxima semana..." e o filme ficava no ar, numa parte bem emocionante. A gente ficava triste, saía com as pernas dormentes e o corpo todo doído. Mas, aí é que vinha o melhor. Passávamos oito dias vivendo o filme e comentando o que se passara na tela, querendo adivinhar o que viria na próxima semana. E surgiam muitas apostas. No dia seguinte, eu já acordava com a voz gritada e forte do Augustão conversando, na rua, com Sebastião Peba e Augusto Candeeiro. Estes não perdiam uma sessão e como era divertido ouví-los. Éramos vizinhos na rua Cel. Celestino e Padre Teixeira. Por mais de duas horas eles comentavam os episódios, esquentando-se num sol preguiçoso de mês de junho. Aos poucos, os amigos infalíveis vinham chegando: Joãozinho de Sra. França, Zé Teixeira, o velho Maçarico com seus espertos rapazinhos - Geraldo, Candinho (mais tarde Cabo Santana) e Tião mais velho e mais letrado e que já trabalhava na tipografia da Gazeta do Norte e era sempre solicitado para ensinar-lhes a pronunciar os nomes revezados dos artistas daquele tempo: Laura La Plante, William Desmond, Clara Baw, Mary Pick Ford, Douglas Fairbanks, Emil Janmings, eram os ídolos dos velhos e crianças. Ninguém sabia inglês ou outra língua estrangeira qualquer. Assim eram os simples moradores da "Rua de Baixo", mas tinham gosto, inteligência e eram verdadeiros artistas quando executavam os lindos "dobrados" na Banda Euterpe Montes-clarense. Os meninos fantasiavam-se de "cowboy" com enormes chapéus de palha à moda "Tom-Mix", montados em cabos de vassoura, escarreiravam-se dando tiros, com a boca, durante oito dias, à espera da próxima sessão. Hoje escutando pelo rádio a cerimônia da inauguração do novo Cine Montes Claros, tudo isto me veio à mente, como um filme cômico e movimentado. Que saudades senti dos meus oito anos! Como tudo era simples e bom, e como as crianças contentavam-se com tão pouco! Meu pobre cineminha de ontem, desapareceu. Todos o esqueceram, assim como seus primeiros donos. Mas, ele não poderia morrer para sempre. Havia alguém que o faria renascer e o seu nome surgiria novamente, prestigiando os que tanto lutaram e desejaram, naquele tempo distante, uma distração para a gente simples daquela Montes Claros. Hoje, tudo mudou. A cidade é limpa, ajardinada, cheirosa e asfaltada. As famílias antigas já não vêm aos bandos ao chamado da estridente campainha. Desapareceram quase todas, e as crianças têm sua hora certa. Ao invés disto, os modernos carros deslizam confortáveis, macios e silenciosos, quase como cochichos de namorados, trazendo os casais amorosos ao cinema e em filas enormes num colorido maravilhoso quase interrompem as ruas... Hoje, também, um belo e moderno prédio se erguera no mesmo local do "galpão" de João Paculdino, e um cinema com todas as técnicas e modernos aparelhos proporcionando luxo, conforto aos espectadores exigentes da nossa cidade civilizada. Parabéns, Mário, você foi o mágico que fez essa transformação. Com o coração ainda cheio de saudades, eu lhe envio esta mensagem de agradecimento. Você não deixou meu cineminha desaparecer, você o transformou, para alegria de todos. A lembrança do meu cineminha de outrora ficou guardada para sempre, apenas, no coração de uma saudosista. Todos o esqueceram! E de seu novo "Cine Montes Claros", Mário, você poderá orgulhar-se: todos lembrar-se-ão dele, no futuro. Será um marco de civilização, a prova do seu esforço, inteligência, entusiasmo e amor por esta terra e, mais ainda, um grande e precioso presente à nossa querida Montes Claros. (Do caderno de Reminiscências. Janeiro de 1970)
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Mensagem N°18938 | |||||||||
De: Web Outros | Data: Quarta 6/12/2006 10:53:22 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte | |||||||||
Em Rosa, os mistérios
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Mensagem N°18925 | |||||||||
De: Carmen Netto | Data: Terça 5/12/2006 20:33:53 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte | |||||||||
Para a familia de Virgílio de Paula
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Mensagem N°18906 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Terça 5/12/2006 11:47:45 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte/MG | |||||||||
A POESIA DE VIRGÍLIO
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Mensagem N°18588 | |||||||||
De: Carmen Netto | Data: Quarta 22/11/2006 15:00:54 | ||||||||
Cidade: BHTE | |||||||||
Para matar as saudades dos nossos cinemas.
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Mensagem N°18585 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quarta 22/11/2006 13:04:39 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
PALMEIRA DA MINHA TERRA
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Mensagem N°18210 | |||||||||
De: Carmen Netto | Data: Quarta 8/11/2006 15:15:33 | ||||||||
Cidade: Bhte | |||||||||
Memória olfativa de Montes Claros
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Mensagem N°18097 | |||||||||
De: Wanderlino Arruda | Data: Quinta 2/11/2006 15:10:27 | ||||||||
Cidade: M. Claros | |||||||||
HERMES DE PAULA, DOUTOR HONORIS CAUSA
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Mensagem N°18093 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quinta 2/11/2006 14:47:56 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
PARA UM SAULO
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Mensagem N°18078 | |||||||||
De: Carmen Netto | Data: Quarta 1/11/2006 23:56:04 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte | |||||||||
Reflexão Num Dia de Finados
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Mensagem N°18016 | |||||||||
De: Wanderlino Arruda | Data: Segunda 30/10/2006 10:41:21 | ||||||||
Cidade: Moc | |||||||||
A DEVOÇÃO DO POVÃO
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Mensagem N°17982 | |||||||||
De: Wanderlino Arruda | Data: Sexta 27/10/2006 18:56:44 | ||||||||
Cidade: Montes Claros | |||||||||
A VOZ DO ESTUDANTE
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Mensagem N°17942 | |||||||||
De: Carmen Netto | Data: Quarta 25/10/2006 19:20:27 | ||||||||
Cidade: BHTE | |||||||||
Saí de Montes Claros há mais de 44 anos.Sou filha do Prof. João de Freitas Netto e Maria Aparecida Dias Netto. Minha mãe trabalhou no Correio quando seu pai administrava essa repartição. Lembro-me de D. Laura sua avó,que fazia a mais deliciosa geléia de mocotó da cidade. Mamãe era conhecida de D. Dorzinha e eramos clientes do laboratório de análises clinicas do competente Dr.Geraldo Guimarães,se não me engano,seu tio. Tudo isto é história e faz parte de nossas vidas.Abraços montes-clarenses.
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Mensagem N°17927 | |||||||||
De: Saulo | Data: Quarta 25/10/2006 10:39:25 | ||||||||
Cidade: BH | |||||||||
Perdoai-me a ignorância. Mas, parece que a palmeira da foto é mesmo a Palmeira Antiga, que João Chaves alçou aos céus em letra e música belíssimas...
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Mensagem N°17914 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Terça 24/10/2006 17:02:32 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
SEGREDO ANTIGO
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Mensagem N°17910 | |||||||||
De: Carmen Netto | Data: Terça 24/10/2006 14:58:08 | ||||||||
Cidade: BHTE | |||||||||
Colégio Diocesano
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Mensagem N°17501 | |||||||||
De: Carmen Netto | Data: Quarta 11/10/2006 15:42:14 | ||||||||
Cidade: Bhte | |||||||||
Como a avenida Cel. Prates está na moda em Montes Claros, envio a crônica sobre a Igrejinha do Rosário da minha infância e adolescência.
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Mensagem N°17434 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Segunda 9/10/2006 10:58:21 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
ELEGANTES RACHADAS
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Mensagem N°17391 | |||||||||
De: Saulo | Data: Sábado 7/10/2006 11:37:35 | ||||||||
Cidade: BH | |||||||||
A bela foto é de uma cidade que não quer ser esquecida.
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Mensagem N°17369 | |||||||||
De: Carmen Netto | Data: Sexta 6/10/2006 15:09:55 | ||||||||
Cidade: BHTE | |||||||||
Esta crônica é dedicada ao casal José Lopes de Aguiar e Maria Anita de Aguiar Lopes.
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Mensagem N°16903 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quinta 21/9/2006 10:17:16 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
A NOITE DO MEU BEM
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Mensagem N°16640 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quinta 14/9/2006 12:59:34 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
COISAS QUE FALTAM
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Mensagem N°16203 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quinta 31/8/2006 12:01:11 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
TROMBONE
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Mensagem N°16126 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Terça 29/8/2006 15:14:20 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
FILMES NA GARAGEM DA RUA DE TRÁS – Parte II-final (continuação de 14.8.2006)
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Mensagem N°16041 | |||||||||
De: Saulo | Data: Sábado 26/8/2006 10:33:17 | ||||||||
Cidade: BH | |||||||||
Sobre os que acham que eleição absolve alguém de crimes e deslizes, o que virou moda.
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Mensagem N°15586 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Segunda 14/8/2006 18:35:00 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
FILMES NA GARAGEM DA RUA DE TRÁS ( Parte I )
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Mensagem N°13929 | |||||||||
De: Waldyr Senna | Data: Quarta 14/6/2006 12:56:19 | ||||||||
Cidade: Montes Claros | |||||||||
Roubalheira institucionalizada
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Mensagem N°13909 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Terça 13/6/2006 09:45:33 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
A ERA DO RÁDIO
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Mensagem N°13794 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quarta 7/6/2006 12:23:57 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
DE MULAS E JOVENS
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Mensagem N°13666 | |||||||||
De: Oswaldo Antunes | Data: Sábado 3/6/2006 09:50:01 | ||||||||
Cidade: Montes Claros/MG | |||||||||
SAUDADE E FUTURO
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Mensagem N°13652 | |||||||||
De: Waldyr Senna | Data: Sexta 2/6/2006 16:52:42 | ||||||||
Cidade: Montes Claros | |||||||||
Todos se locupletam
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Mensagem N°13527 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Terça 30/5/2006 07:50:10 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
AVENIDA , DE DONA VIDINHA E DONA DOCHA
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Mensagem N°13393 | |||||||||
De: Web Outros | Data: Quinta 25/5/2006 16:45:24 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte/MG | |||||||||
Ínvios caminhos
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Mensagem N°13232 | |||||||||
De: Waldyr Senna | Data: Sexta 19/5/2006 15:38:37 | ||||||||
Cidade: Montes Claros | |||||||||
O silêncio como resposta
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Mensagem N°13137 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quarta 17/5/2006 11:36:53 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
DAS GERAÇÕES
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Mensagem N°13134 | |||||||||
De: SAulo | Data: Quarta 17/5/2006 10:55:53 | ||||||||
Cidade: BH | |||||||||
Leio que a PM de Montes Claros – o Décimo Batalhão de Infantaria, como era chamado – faz 50 anos, por estes dias.
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Mensagem N°12880 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Terça 9/5/2006 06:01:29 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
RUA DA FÁBRICA, JATOBÁ E ESTRELA...ADEUS, ADEUS !
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Mensagem N°12847 | |||||||||
De: Saulo | Data: Domingo 7/5/2006 22:15:13 | ||||||||
Cidade: BH | |||||||||
Sobre esta avenida coronel Prates, vou contar. Éramos meninos. Os postes passavam pelo meio da rua, onde hoje ficam as árvores, que eu vi plantar. Um dia, o caminhão esbarrou no poste, na esquina da rua padre Augusto, e fogo saiu comendo a fiação, que era toda encapada. Foi bonito de ver. Pela rua, quase toda tarde, passava a boiada que vinha da malhada dos Santos Reis para o frigorífico Otany, perto de onde hoje fica o prédio da Prefeitura. Fechávamos as portas, correndo. Quem atrasava, permitia que uma outra vaca brava entrasse dentro das casas, com os vaqueiros correndo atrás. Era uma festa. A gente subia nos muros e esperava o peão sair de lá puxando a vaca pelo rabo. Era assim a avenida coronel Prates, ou rua da “fábrica”, em 1960. O prefeito Simeão Ribeiro, que morava na avenida, mandou colocar paralelepípedo e fez o canteiro central. Eram lindas touceiras de uma planta, um lírio, que, depois, muito depois, soube chamar-se Caetés. Nós brincávamos no meio delas, dos caetés. Não havia medo de ladrão, e ficávamos nas ruas até tarde. A luz, a luz era uma mixórdiazinha, mas éramos felizes. Muito felizes. (Como os meninos são, menos agora, quando não podem brincar na porta de suas casas.) Do outro lado, Jandira – ah! Jandira – contava história, e nos ensinava a olhar para o céu, fonte de todo encanto. Foi Jandira quem me ensinou a olhar para o céu, e para o céu olho até hoje, embasbacado, vendo as constelações, as 3 Marias, o Cruzeiro do Sul – toda estrela é minha irmã. Apenas as estrelas não mudam. Sim, de tanto olhar, subíamos para as estrelas. Morávamos lá, junto delas, pois Montes Claros permitia isto, queria isto. Eu menino. Neste tempo, a avenida tinha, completa, apenas a pista que passava ao lado do prédio da prefeitura. A outra era interrompida na igrejinha do Rosário, tão linda ali parada, e onde fazíamos fogueiras. Hoje, triste, leio e penso: o prédio do seminário acabou, vai virar supermercado, hipermercado; o canteiro central, meu Deus!, o que farão com o canteiro central e com as tipuanas ? As vacas que entravam pelas casas, as vacas bravas desapareceram, se foram, e não serão mais arrastadas pelo rabo; o matadouro se foi, as crianças se foram, as meninas internas do Colégio Imaculada também resolveram partir, uma e depois as outras. Por que so eu fiquei ? Acho que está na hora de partir também. As velhas árvores que vi plantar e crescer, minhas amigas, amiguíssimas, confidentes, algumas agora estão sendo levadas pela garra de aço do trator, dependuras na lâmina, e não posso despedir-me delas, como é do meu feitio, de menino antigo, tímido. O que faço? Tenho vontade de pedir para ir junto, de encarapitar-me junto delas e com elas seguir, para onde ?, não sei. Talvez não aceitem. Penso em resistir. Como resistir, se a trincheira que disponho são lírios, touceiras rubras inexistentes de um certo Caetés que viceja agora apenas na rua chamada saudade, que talvez desemboque numa outra, onde a Esperança fez sua morada. Vicejam estes meus caetés apenas no miradouro da memória, e em nenhum outro lugar. Esta noite, que é a última da avenida que vi erguer-se, que me empurrou para ser homem, esta noite verei o que posso fazer por ela, e quem sabe também por mim, nesta circunstância mais indefeso do que ela. Visitarei e consultarei o menino que eu fui. Talvez ele, com os outros, me ensine o que fazer na noite de despedidas. Boa noite, minha avenida. Seguiremos juntos. Iremos no meio de Caetés que por certo rebrotarão; teremos a companhia das estrelas vindas de um de nossas noites de maior esplendor, e Jandira afastará suas doenças, e suas dores (seu pão de dores), e lentamente virá, para contar as histórias que só Jandira sabe contar. Esta avenida não morrerá.
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Mensagem N°12822 | |||||||||
De: Waldyr Senna | Data: Sexta 5/5/2006 16:45:29 | ||||||||
Cidade: Montes Claros | |||||||||
Limite para a gastança
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Mensagem N°12801 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quinta 4/5/2006 17:20:23 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte País: Brasil | |||||||||
LALAU, LILI E O LOBO
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Mensagem N°12716 | |||||||||
De: Waldyr Senna | Data: Sexta 28/4/2006 13:52:22 | ||||||||
Cidade: MontesClaros | |||||||||
O prefeito preso e os 40 ladrões
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Mensagem N°12695 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quinta 27/4/2006 12:26:10 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
UMA FESTA ATUALÍSSIMA
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Mensagem N°12488 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quinta 20/4/2006 10:25:36 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
FRIO, PAIXÃO E BACALHAU
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Mensagem N°12369 | |||||||||
De: Saulo | Data: Sexta 14/4/2006 18:40:01 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte | |||||||||
Oh, vós que buscais a Montes Claros de tempos não tão
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Mensagem N°12232 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Domingo 9/4/2006 13:35:30 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
DE SEMANA SANTA , CARNAVAL, GENTE E DONA FINA
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Mensagem N°12114 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Quarta 5/4/2006 09:02:08 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
DE BUARQUE A SHAKESPEARE, SEM MEDO DE SER FELIZ
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Mensagem N°11989 | |||||||||
De: Oswaldo Antunes | Data: Sexta 31/3/2006 09:35:34 | ||||||||
Cidade: Montes Claros | |||||||||
INQUISIÇÃO NO SENADO
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Mensagem N°11909 | |||||||||
De: Flavio Pinto | Data: Terça 28/3/2006 12:39:37 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte-MG | |||||||||
UM CARRO DE BOI E UMA AVENTURA
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Mensagem N°11819 | |||||||||
De: Saulo | Data: Quinta 23/3/2006 22:35:58 | ||||||||
Cidade: Belo Horizonte | |||||||||
A notícia de que o Seminário Menor de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, isto é, o prédio do Seminário Menor de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, está vindo abaixo tocou as minhas mais cavas recordações de criança.
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